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៚ Alice Trindade

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Alice Trindade

— Você tá muito bonita — Allan falou assim que entrei no carro.

Me senti feliz e acolhida pelo elogio. Eu estava nervosa, mas era uma ansiedade bem-vinda.

— Obrigada — sorri.

O silêncio caiu por alguns minutos enquanto Allan dirigia.

— De onde você é? — perguntei, na intenção de quebrar o gelo.

— Eu moro no Leblon — contou.

— Nossa, e o que estava fazendo tão distante de casa no morro naquele dia? — questionei, curiosa.

— Ah, eu estava resolvendo algumas coisas de trabalho — ele respondeu, de forma vaga, sem entrar em detalhes. Seus olhos continuaram focados na estrada, mas seu sorriso parecia um pouco forçado. Minha curiosidade foi atiçada, mas tentei não pensar muito nisso. Talvez fosse apenas coisa da minha cabeça.

— Que tipo de trabalho? — insisti, tentando manter a conversa leve.

Allan riu baixo, sem tirar os olhos do caminho.

— Coisa chata, nada que valha a pena estragar nossa noite falando sobre isso. Prefiro focar em você hoje.

Havia algo no tom dele que me incomodou. Não parecia natural, como se estivesse tentando desviar o assunto. Por um momento, Gv passou pela minha cabeça, como se ele estivesse me alertando silenciosamente de alguma coisa. Mas eu balancei a cabeça, afastando o pensamento.

— Tá bom — respondi, rindo nervosamente. — Então, pra onde vamos?

Allan lançou um olhar rápido para mim, com um sorriso que deveria ser tranquilizador, mas não consegui sentir isso completamente.

— Surpresa. Aposto que você vai gostar.

O silêncio voltou a cair entre nós, e, dessa vez, eu não soube como quebrá-lo novamente. Havia uma leve tensão no ar, uma sensação estranha que eu não conseguia ignorar, embora não conseguisse colocar o dedo no que exatamente estava me incomodando.

Allan estacionou em frente a um restaurante charmoso, com luzes suaves e um ambiente acolhedor. Era um lugar elegante, mas não extravagante, o tipo de lugar perfeito para um primeiro encontro. Ele saiu do carro, deu a volta e abriu a porta para mim, com um sorriso que era quase um manual de boas maneiras.

— Senhorita — ele disse, estendendo a mão.

Eu sorri, sentindo um calor subir pelo meu rosto. Ele era tão atencioso, tão perfeito. Quase como se tivesse lido todos os guias de como agir em um encontro. Segurei sua mão e desci do carro, tentando me convencer de que aquela sensação esquisita no fundo da minha mente era só nervosismo.

No Morro do Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora