៚ Alice Trindade
Encarei a chuva do lado de fora pela janela do quarto. Eu e o Gv voltamos com pressa para não sermos atingidos pela água pesada. Depois disso, nos despedimos rápido com um aceno de cabeça quando cada um foi para o seu próprio quarto.
Já tinha me arrumado para dormir e perdi a noção do tempo lendo um livro em PDF pelo celular. Quando os trovões e raios me despertaram, me dei conta que já eram pouco mais de meia-noite.
O clima do Rio de Janeiro é totalmente imprevisível e exagerado. Ou temos calor e sol demais, ou temos frio e chuva demais. A chuva é impiedosa e agressiva, acompanhada de relâmpagos, trovoadas e...
Queda de energia. Droga.
Me assustei quando a luz do abajur se apagou e a completa escuridão caiu no meu quarto. Do lado de fora, vendo pela janela, todo o morro estava escuro também. Foi um apagão.Corri de encontro ao meu celular e liguei a lanterna para servir de luz. Destranquei a porta do quarto e, mesmo com um pouco de medo, segui até o final do corredor.
Nenhum deles havia levantado. Me amaldiçoei mentalmente por ter saído do meu quarto e dei meia-volta. Talvez seja melhor permanecer embaixo das cobertas até o dia clarear ou a energia voltar.
— Que foi? — aquela voz grave me surpreendeu no momento que passei pela frente da sua porta. Levei a mão até a boca com pressa na tentativa de impedir um grito histérico de sair pelos meus lábios.
Gv havia aberto a porta e estava agora na minha frente. Com a lanterna do celular, apontei em sua direção, o iluminando. Sem camisa? Check. Usando apenas uma cueca? Check. Será que ele já estava dormindo?
— Me assustei com a queda, só quis conferir se estavam dormindo.
— Vi a luz passando por baixo da minha porta — ele apontou para a minha lanterna — Tem medo do escuro, ruiva?
Sim.
— Não — menti. Eu estava morrendo de medo.
Gv me encarou por alguns segundos como se estudasse a minha mentira.
— Quer alguma coisa? — perguntou.
— Não — nem levei milésimos para pensar.
— Então volta pro teu quarto — deu de ombros — Boa noite.
Entrei em desespero interior quando vi a porta fechando cada vez mais. Uma guerra iniciou dentro de mim para implorar que me fizesse companhia e para deixar ele ir.
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No Morro do Alemão
RomanceQuando o quente e o frio se misturam, ocasiona um choque térmico. Então, o que mais poderia acontecer no encontro de duas almas tão diferentes? De um lado há Alice, uma menina doce e ingênua, tem seus princípios e segue o caminho de Deus no evangelh...