Feitiço do Amor | Taekook

22: Sob a Chuva

Boa leitura

Jungkook e Taehyung corriam pela chuva, as risadas deles ecoando na noite enquanto as gotas caíam ao redor. Jungkook segurava firmemente a mão de Taehyung, guiando-o até um ponto de ônibus coberto onde puderam se abrigar. A respiração deles estava ligeiramente ofegante, mas seus sorrisos eram amplos e cheios de felicidade.

— Vou te levar pra casa - disse Jungkook, ainda recuperando o fôlego.

— Na verdade, vou dormir na casa do Jimin hoje - respondeu Taehyung, sorrindo suavemente

— Na casa dele você dorme, né? - disse Jungkook, fingindo estar ofendido. - Mas quando se trata de dormir comigo, você nem considera.

— Claro que não, sou um anjo puro e inocente - provocou Taehyung, piscando de forma adorável. - Não vou deixar você me tocar tão fácil.

— Isso é pura crueldade, sabia? - disse Jungkook com um tom teatral, mas um sorriso logo suavizou suas palavras. - E, para constar, eu só queria dormir ao seu lado, sem segundas ou terceiras intenções.

— Sei... - Taehyung riu suavemente, inclinando-se para depositar um beijo carinhoso na bochecha de Jungkook, sentindo o calor que irradiava da pele do moreno, mesmo sob a chuva fria.

— Posso te levar até a casa do Jimin, então - ofereceu Jungkook, seus olhos cheios de afeto. - Só não vou te dar meu casaco porque está todo encharcado.

— Não precisa, Goo, já estou bem com você aqui - respondeu Taehyung, seu tom sincero e gentil, enquanto apertava a mão de Jungkook, transmitindo todo o carinho que sentia.

Eles permaneceram sob o abrigo por alguns minutos, desfrutando da proximidade um do outro, sem pressa de partir. A chuva continuava a cair ao redor deles, mas naquele instante, parecia que o mundo estava em pausa, permitindo que cada segundo juntos fosse intensamente apreciado.

— O que você sente por mim, Tae? - perguntou Jungkook, sua voz suave, mas carregada de expectativa.

Taehyung sentiu seu coração apertar, o nervosismo tomando conta ao encarar a pergunta. Ele mordeu o lábio inferior, lutando para encontrar as palavras certas. Aquela simples pergunta parecia ter o poder de fazê-lo esquecer até mesmo seu próprio nome, lançando-o de volta a um mar de dúvidas e incertezas.

— Ah... você é muito legal, gosto de você, sabe... - começou Taehyung, a voz trêmula. - Você é divertido.

Jungkook balançou a cabeça, desapontado, mas mantendo o olhar firme no loiro.

— Não quero ouvir isso, Taehyung - disse Jungkook, com uma seriedade que fez Taehyung tremer. - Quero saber se você me ama. Quero saber se seu coração acelera quando me vê, se quando eu te beijei, você sentiu o mesmo que eu. Quero saber o que você realmente sente por mim.

Taehyung abaixou a cabeça, incapaz de sustentar o olhar intenso de Jungkook. Ele sentiu o peso da verdade que estava evitando, o medo de confrontar seus próprios sentimentos.

— Eu... Eu não posso te responder isso - sussurrou Taehyung, a dor evidente em sua voz.

Jungkook fechou os olhos por um momento, como se estivesse processando a resposta que mais temia. Ele se levantou lentamente, a chuva ainda caindo ao seu redor.

— Tudo bem... Vem, vou te levar até a casa do Jimin - disse Jungkook, a voz baixa, mas firme.

— Jungkook... - murmurou Taehyung, quase como um pedido de desculpas, mas as palavras ficaram presas na garganta.

— Vamos, Tae - respondeu Jungkook, sem olhar para ele, tentando esconder a mágoa que sentia.

Taehyung hesitou por um segundo, o coração em conflito, antes de se levantar para seguir Jungkook. O caminho até a casa de Jimin parecia mais longo e silencioso do que nunca, cada passo ecoando com o peso das palavras não ditas.

A chuva ainda caía, mas agora mais suave, quase como se estivesse em sintonia com a tristeza que pesava no ar. Para Jungkook, o frio das gotas não era nada comparado ao gelo que sentia no coração.

As palavras de Taehyung haviam perfurado sua alma de uma forma que nenhuma tempestade poderia. Talvez ele pegasse um resfriado, mas isso era o menor de seus problemas; a dor de saber que Taehyung não o amava era insuportável.

Depois de longos minutos de silêncio e passos pesados, eles finalmente chegaram à casa de Jimin. O brilho usual nos olhos de Jungkook estava apagado, substituído por um vazio que Taehyung não conseguia ignorar.

— Goo... - sussurrou Taehyung, a voz fraca, quase implorando por uma resposta. - Eu...

Jungkook parou por um breve instante, o coração dividido entre a vontade de ficar e a necessidade de se afastar. Mas a dor era grande demais.

— Nos vemos amanhã... ou talvez segunda - disse Jungkook, a voz vazia, sem emoção. - Tchau, Taehyung.

— Jungkook... por favor... - Taehyung tentou chamá-lo, a voz carregada de desespero e arrependimento.

Mas Jungkook não o ouviu. Ou talvez ele não quisesse ouvir. O moreno continuou a caminhar pela chuva, sem olhar para trás, as lágrimas misturando-se com as gotas que caíam do céu. Ele chorava em silêncio, cada passo se tornando mais pesado, cada suspiro mais doloroso. A chuva não o fazia sentir frio; era a ausência do amor que ele desejava que o congelava por dentro.

Enquanto Taehyung observava Jungkook se afastar, uma sensação de perda o envolvia, como se algo precioso estivesse escorrendo por entre seus dedos, e ele era incapaz de segurá-lo. O vazio deixado por Jungkook parecia crescer a cada segundo, preenchendo o espaço onde antes duvidas e incertezas.
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