Capítulo 1 - Sonhos e desesperos:

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P.O.V – Narradora:

A Isabela deslizou os dedos sobre as teclas do velho piano, arrancando uma melodia suave e melancólica. A música preenchia o pequeno apartamento da Clara, a sua mãe adotiva, criando um contraste com a vida dura e realista do lado de fora. Tocando aquelas notas, a Isa sentia-se livre, transportada para um mundo onde os seus sonhos podiam tornar-se realidade. Ela sonhava em ser uma pianista de sucesso, enchendo as salas de concerto com a sua música e a sua alma.

Mas a realidade era cruel. Após terminar a sua prática diária, a Isa sentiu uma leve tontura. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas ela sempre atribuiu ao cansaço e à falta de alimentação adequada. A Clara, sempre atenta, observava a Isa com uma preocupação crescente no seu rosto.

- Isa, precisas de ir ao médico. - a Clara disse, com um tom de preocupação mas firme.

- Não é nada, Clara. Só estou cansada. - respondeu a Isa, tentando minimizar a situação.

Mas a Clara não deixava-se enganar facilmente. Ela insistiu até que a Isa finalmente concordou em consultar um médico.

Dias depois, sentada na fria sala de espera do hospital, a Isa sentia um nó no estômago. Quando finalmente foi chamada, o médico a recebeu com um olhar sério.

- Isabela, os seus exames mostram que você tem uma doença rara e grave. - disse o médico, com voz suave, mas firme. - Há um tratamento disponível, mas ele é extremamente caro.

A Isa sentiu o chão sumir sob os seus pés. Os sonhos de ela tornar-se numa pianista de sucesso pareceram se distanciar ainda mais. O tratamento era inatingível com a sua condição financeira atual. Desesperada e sem opções, ela voltou para casa, onde o Leo a aguardava.

O Leo a abraçou fortemente ao vê-la entrar, os seus olhos refletindo a angústia que Isa sentia.

- Temos que fazer algo, Isa. - o Leo disse, com determinação. - Não podemos deixar que isso destrua-te.

- Mas o que podemos fazer, Leo? O tratamento custa uma fortuna. – a Isa respondeu, a voz embargada pela frustração e pelo medo.

O Leo ficou pensativo por alguns momentos, antes de um brilho malicioso cruzar os seus olhos.

- E se roubássemos alguém que tem dinheiro de sobra?

A Isa olhou para ele, surpresa.

- Roubássemos? Quem?

- Gabriel Santiago. - disse o Leo, com firmeza. - O CEO daquela grande empresa. Ele tem mais dinheiro do que poderia gastar em várias vidas. E eu ouvi dizer que ele guarda grandes somas na sua mansão.

A Isa hesitou. A ideia era louca, perigosa. Mas a necessidade de sobreviver e de lutar pelos seus sonhos e pela sua saúde era mais forte.

- Mas como faríamos isso? - a Isa perguntou, já se sentindo presa na possibilidade.

O Leo sorriu, puxando um mapa da cidade e algumas plantas da mansão do Gabriel que ele havia conseguido em algum lugar por aí.

- Eu tenho um plano. Um plano infalível.

E assim, os dois começaram a traçar os detalhes do que seria a maior e mais arriscada empreitada das suas vidas. A Isa, com a sua inteligência e a sua determinação, e o Leo, com a sua coragem e a sua criatividade, elaboraram cada passo meticulosamente. Sabiam que não haveria margem para erros. A Isa não tinha escolha. Era tudo ou nada.

Naquela noite, enquanto a Isa revisava o plano com o Leo, tocou uma última melodia no piano, mais determinada do que nunca. Cada nota era uma promessa silenciosa de que ela lutaria com todas as suas forças para alcançar o seu sonho e vencer a sua doença, mesmo que tivesse que desafiar todas as regras para isso.

E assim, no meio de uma cidade onde o brilho das luzes escondia segredos sombrios, a primeira peça de um jogo perigoso estava prestes a ser movida.

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