P.O.V – Narradora:
A tensão no ar estava mais densa do que o normal no escritório do Gabriel naquela manhã. As semanas desde o sequestro da Isa haviam sido uma montanha-russa de emoções, e embora ele tivesse tentado focar-se em apoiá-la durante o tratamento, a raiva silenciosa que queimava dentro dele não havia desaparecido. Pelo contrário, só aumentava a cada dia que passava sem respostas sobre quem estava por trás do rapto.
Mas naquele dia, tudo mudou.
Enquanto estava sentado no seu escritório, a analisar algumas informações dos seus contatos, um dos seus homens entrou rapidamente, sem pedir permissão. O Gabriel, já à beira da paciência, lançou-lhe um olhar gélido, mas o homem não se intimidou.
- Tenho informações. Sabemos quem raptou a Isa! - disse ele, sem rodeios.
O Gabriel sentiu o coração acelerar, o corpo a ficar mais tenso. Levantou-se de imediato, as mãos cerrando-se em punhos.
- Fala. Agora.
O homem respirou fundo antes de continuar.
- Foi um grupo pequeno, dissidentes de uma máfia rival. Queriam uma forma de te destabilizar, atingir-te onde doía mais. Sabiam que não te poderiam vencer com dinheiro ou força, então foram atrás dela. Sabiam que mexer com a Isa te faria perder o controlo.
A raiva que o Gabriel tentara controlar durante semanas começou a subir à superfície. Os músculos do seu maxilar contraíram-se, e ele sentiu o sangue ferver. Não era só uma questão de negócios; era algo pessoal. A Isa, a única pessoa que tinha conseguido ultrapassar as suas defesas, tinha sido usada como peão para atingir os seus inimigos.
- Onde eles estão? – perguntou o Gabriel, com a voz baixa, mas carregada de uma ameaça mortal.
- Temos a localização. Um armazém nas docas, perto da zona industrial. Estão a esconder-se, mas não sabem que já sabemos onde estão.
O Gabriel acenou com a cabeça, os pensamentos já a trabalhar rapidamente em como iria proceder. Ele sabia que não poderia permitir que aquele insulto passasse impune. Não era apenas sobre vingança; era uma questão de honra. Eles tinham tocado no que havia de mais sagrado para ele.
- Reúne os homens. Vamos acabar com isto! – ordenou o Gabriel, a voz firme.
O homem saiu imediatamente para cumprir as ordens, e o Gabriel ficou sozinho por alguns segundos. Os pensamentos giravam na sua mente, mas havia uma certeza: aqueles homens não viveriam para contar a história. Eles pagariam pelo que fizeram à Isa.
Quando chegaram ao armazém nas docas, já estava tudo planeado. O Gabriel era meticuloso, sempre tinha sido. Mesmo com a raiva a consumir cada parte do seu ser, ele não deixaria que isso o fizesse cometer erros. Estava ali para dar uma lição que seria lembrada por todos.
Os seus homens cercaram o local, silenciosos como sombras. O Gabriel, no entanto, foi direto. Sem hesitação, entrou no armazém com passos firmes, a pistola pronta nas suas mãos. Sabia que aqueles que estavam ali não eram apenas criminosos; eram responsáveis por cada momento de terror que a Isa tinha vivido. E por isso, não haveria misericórdia.
Os primeiros dois guardas que encontrou nem tiveram tempo de reagir. Com tiros certeiros, o Gabriel os eliminou sem piscar. O som dos corpos a caírem ecoou pelo armazém, mas ele não parou. Avançava, calculado, os olhos escuros de vingança.
Dentro de uma sala maior, os líderes do grupo estavam reunidos, surpreendidos pela súbita invasão. Um deles, mais velho, levantou-se rapidamente, enquanto puxava uma arma, mas o Gabriel foi mais rápido. Disparou dois tiros no peito do homem antes que ele pudesse sequer apontar.
- Sabes quem eu sou? – perguntou o Gabriel, com a voz baixa, a caminhar até o próximo homem, que tremia de medo.
- G-Gabriel... Não era nada pessoal... só negócios! - gaguejou o homem, tentando justificar o que haviam feito.
O Gabriel soltou uma risada fria, sem humor. Aproximou-se mais, a arma ainda levantada.
- Negócios? Vocês tocaram na única coisa que não deviam ter tocado. Isso não é negócio. Isso é um erro fatal.
Sem dar tempo para mais palavras, o Gabriel disparou de novo, a bala atingiu o homem diretamente na cabeça. O restante grupo tentou correr, mas os homens de Gabriel já tinham cercado o local. Um a um, foram abatidos com precisão letal.
Quando o último homem caiu, o armazém ficou em silêncio. O cheiro de pólvora ainda pairava no ar, mas o Gabriel estava estranhamente calmo. Sentia-se frio, quase indiferente à carnificina à sua volta. A vingança havia sido consumada, e ele sabia que aqueles homens pagaram o preço merecido.
De volta ao apartamento da Isa, o Gabriel entrou silenciosamente. Ela estava na sala, a ler um livro, parecendo ligeiramente mais saudável após as últimas semanas de recuperação. Quando ela o viu, sorriu suavemente, mas algo no olhar dele a fez parar.
- Estás bem? - perguntou Isa, com preocupação.
O Gabriel olhou para ela por um momento, os olhos cansados, mas sem arrependimento.
- Eles pagaram pelo que te fizeram! - disse ele, sem rodeios. Não havia razão para esconder a verdade de Isa. Ela merecia saber.
A Isa ficou em silêncio, as palavras dele a pairar no ar. Parte dela estava aliviada por aqueles que a tinham magoado estarem mortos, mas outra parte, a parte que ainda agarrava-se à esperança de que o Gabriel pudesse ser mais do que o homem frio que ele se tornara, sentiu uma pontada de tristeza.
- E agora? - perguntou ela, com suavidade.
O Gabriel aproximou-se, sentando-se ao lado dela no sofá. Pegou na mão dela com cuidado, os olhos fixos nos dela.
- Agora, protegemos o que é nosso. E ninguém mais vai tocar em ti, nunca mais.
A Isa olhou para ele, sentindo o peso das suas palavras. Sabia que o Gabriel tinha feito o que achava certo, e embora o seu mundo fosse violento, ele sempre faria de tudo para a proteger.
Ela apertou a mão dele, enquanto tentava encontrar as palavras certas.
- Obrigada! - sussurrou, sabendo que, apesar de tudo, havia uma parte do Gabriel que estava a mudar. Talvez fosse essa a batalha mais difícil de todas.
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Segredos e paixões.
RomanceSegredos e Paixões: No silêncio da noite, onde os segredos são sussurrados pelo vento e paixões inflamam-se como estrelas cadentes, reside um mundo de mistérios e desejos. Cada segredo guarda em si uma história, e cada paixão, um fogo que arde no co...