Capítulo 13 - Verdades reveladas:

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P.O.V – Narradora:

A Isa não conseguia parar de pensar nas palavras do Leo. Depois do confronto, ela passou a noite em claro, revivendo a discussão e o momento em que ele a acusou de estar cega. O que a deixava mais angustiada era o quão convencido o Leo parecia estar. Será que o Gabriel poderia ser, de fato, um homem envolvido com o crime? A dúvida corroía-a por dentro, e, no fundo, uma pequena parte de si sabia que precisava confrontar o Gabriel, seja qual fosse a maneira. Ela tinha de o fazer.

No dia seguinte, a Isa entrou na empresa com um peso no peito. Tinha marcado uma reunião com o Gabriel, sob o pretexto de discutir novos detalhes da iniciativa, mas a verdadeira razão da visita era outra. Ela não poderia continuar sem ouvir a verdade diretamente dele.

Ao entrar no escritório do Gabriel, foi recebida pelo habitual sorriso cordial, mas a Isa percebeu que algo estava diferente. Ele parecia mais atento, como se sentisse a tensão que ela tinha e que ficou a pairar no ar.

- Isa, por favor, senta-te. - disse o Gabriel, gesticulando para a cadeira à frente dele. - Estás com um semblante mais sério hoje. O que se passa?

A Isa respirou fundo, tentando organizar os seus pensamentos. Sentou-se, sentindo o peso das palavras que viria a dizer.

- Precisamos falar, Gabriel. E não é sobre o trabalho. É... algo mais sério! - começou ela, olhando diretamente nos olhos dele.

O Gabriel inclinou-se para frente, preocupado.

- Estou a ouvir. O que se passa?

A Isa hesitou por um momento, mas decidiu ir direto ao ponto.

- O Leo descobriu algo sobre ti. Algo que eu não sei se é verdade... - A voz dela falhou um pouco. - Ele disse que tu estás envolvido com a máfia. Que és o chefe de uma organização criminosa.

O silêncio que se seguiu foi denso, quase sufocante. O Gabriel manteve os olhos fixos na Isa, a expressão dele tornando-se mais tensa, mas ainda controlada. Finalmente, ele suspirou, levantando-se lentamente e caminhando até a janela, de costas para ela.

- Eu sabia que este momento chegaria... - murmurou ele, quase para si mesmo, antes de virar-se de volta para a Isa. - Não vou mentir para ti, Isa. Mereces saber a verdade. Mas talvez não seja exatamente o que imaginas.

A Isa sentiu o coração acelerar. Ela estava à beira de descobrir algo que poderia mudar completamente a maneira como via o Gabriel. E, apesar do medo, estava determinada a ouvir.

- Então é verdade? - perguntou ela, tentando manter a voz firme. - Tu estás realmente envolvido com algo... ilegal?

O Gabriel permaneceu em silêncio por um momento, enquanto olhava para o chão, como se estivesse a escolher as palavras cuidadosamente.

- Sim, Isa. É verdade! - admitiu ele, a sua voz saiu baixa e pesada. - Mas a história não é tão simples como parece. Eu não sou apenas um homem que decidiu, de repente, entrar no crime. A minha vida foi moldada por escolhas que, na maioria das vezes, eu nem tive a oportunidade de as fazer.

A Isa ficou em silêncio, esperando que ele continuasse. Sentiu um misto de raiva e curiosidade, mas também algo mais — uma necessidade de entender como o Gabriel, o homem que parecia tão controlado e atencioso, poderia ter se envolvido em algo tão sombrio.

O Gabriel voltou a sentar-se, a expressão dele agora cheia de uma tristeza contida.

- Eu cresci num bairro pobre, Isa. Sem oportunidades, sem escolhas. O meu pai... – o Gabriel hesitou, como se o nome do pai fosse um peso. - Ele estava envolvido com pessoas perigosas desde que me lembro. E eu, ainda jovem, fui puxado para esse mundo. Não porque eu quisesse, mas porque, para sobreviver, às vezes temos de nos adaptar ao ambiente em que estamos.

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