15. Ficha Suja

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louquinha já pra soltar o capítulo dezesseis pra vocês hahahah no entanto, só semana que vêm :)

boa leitura!
Xx.


boa leitura!Xx

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No fim das contas, todo o meu desespero foi momentaneamente contido. Quando, por fim, tomei ciência de mim mesma, e, me fiz lembrar que me meti nessa, por vontade própria. Do que adiantaria tamanho desespero, quando, desde o início, eu soube no fundo de mim mesma que, Bieber, nunca foi flor que se cheire — ao menos, é o que parece.

O que eu deveria esperar de um cara que marca presença em El Infierno todos os dias?

Quaisquer sinais que vierem, não deveriam ser surpresa.

No entanto, eu não sei se, inconscientemente, eu quis me apegar de alguma forma, a mínima possibilidade que fosse de que ele poderia ser o mínimo de inocente que seja sobre tudo isso.

Eu realmente não sei o que me fez sequer cogitar tal possibilidade.

É como se, no fundo, eu ainda me negasse a acreditar na clara e dura realidade — tão visível quanto eu ainda pareço ponderar. E, não sei o que me faz agir assim.

É como se, em meu interior, algo ainda me contivesse em meio a lógica e possíveis conclusões. Como se, de forma confusa, eu cogitasse possibilidades inconclusivas dentro de mim, longe de toda a lógica que parece real.

Um paralelo.

Não há exatidão sobre mim. E, isso é uma merda. Quando eu sei que, tudo indica e aponta ao mais óbvio. Um mafioso. Bieber é o tão nominado cafetão. Dono de El Infierno, e, possivelmente, prestes à iniciar algo muito maior por trás disso. Encobrindo seus negócios sujos, com sua enorme rede de lavagem de dinheiro.

O que seria de mim, quando, em meu currículo, obtivesse a experiência de um serviço sujo? Porque, mesmo que Bieber parecesse intocável, um dia — talvez distante —, poderia acontecer de tudo vazar. São as consequências de quem lida com riscos. E, por mais que Bieber seja bem ciente dos mesmos, nada é verdadeiramente tão perfeito assim.

Erros são cometidos o tempo todo.

Quinto dia. E, por mais que eu tente transparecer normalidade quanto a tudo, sinto que apenas tenho falhado miseravelmente enquanto piso em ovos.

Bieber não é idiota. Ele é perspicaz até demais — por isso, sendo bem-sucedido em manter segredos e negócios sujos. Eu pareço patética.

No entanto, se ele realmente parece perceber ou notar algo suspeito em meio a minha falha tentativa de agir normalmente, ele parece ser; duplamente, um excelente ator.

— Bom dia, América. Está fugindo de mim por alguma razão?

Sobressalto, ao som de sua voz rouca que irrompe atrás de mim. Do batente da porta do quarto de hóspedes.

Que merda? Como ele age assim, tão sorrateiramente?

Dãaa! Não está óbvio?

Tentando não transparecer todo meu espanto e, agora, todas as minhas claras desconfianças que parecem se concretizar pouco a pouco, procuro camuflar tudo o que vêm me atormentando silenciosamente.

— Ah... er... Bom dia! — Sorrio, tendo a certeza de que notoriamente, minha voz sai trêmula. Merda. — Eu? Fugindo de você? Acho que não.

Nego, buscando transparecer um pouco de certeza e confiança que sejam.

No entanto, visivelmente não parece colar.

Ok, América. Você já foi uma melhor atriz. Com certeza você é uma ótima atriz. Apenas, finja. Atue. Você se colocou nessa, e, embora pareça minimamente abalada, você sairá dessa com a mesma marra em que entrou.

Esta era a lógica de Ignácio. Se você entrou, tem que sair. Independente se na marra, ou com as consequências que sejam.

— Eu... o que você quer, Bieber? — Tomo postura, ao passo que, viro-me novamente em meu próprio eixo rumo ao enorme espelho acoplado a parede em minha frente, que me dá visão de minha própria imagem refletida, após um caloroso e revigorante banho matinal.

Finja. Apenas finja. Tudo é tão normal quanto antes. E, o que você não sabe, não pode te abalar. Ou, ao menos, o que você finge não saber...

Sorrio satisfeita à minha própria imagem refletida no espelho; em um jeans grafite, composto por uma camisa social branca com os três primeiros botões abertos, que refletem parte de meu sutiã de renda preto, com mangas três quartos dobradas no cotovelo. Complementados por um cinto de couro preto com fivela dourada, e joias também douradas. Meus cabelos caem soltos ondulados sobre minhas costas. A maquiagem, como sempre; algo simples. Complementado por um batom com contorno marrom.

Eu pareço tão gostosa quanto sempre. E, se eu pareço como sempre, tudo tem que estar tão normal quanto antes.

Ouço o risinho rouco de Bieber ecoar pelo quarto. E, olhando sua imagem refletida ao fundo, através do enorme espelho enquanto atrevidamente adentra o quarto em passos lentos e medidos, noto algo além em seu olhar vago.

— Temos algo hoje.

Olhando-o, arqueio as sobrancelhas em sua direção. — Que seria? — Indago, realmente curiosa.

— Uma reunião. — Dá de ombros, há menos de três passos atrás de mim, enquanto tem firmemente seu olhar focado ao meu.

— E, com qual propósito?

Não poupo minha ironia, ao passo que, desde que chegamos aqui, nunca tivemos algo realmente importante que fosse. Ao menos, não em minha presença, ou que fosse tomado de meu conhecimento alguma destas reuniões.

— Os negócios vão se expandir ainda mais, América. Agora, a Diablo Destilados estará também na Espanha. — Sorri, pérfido, parecendo prestes a revelar o meu pior pesadelo. — E, coincidentemente, em Barcelona. Não seria incrível voltar ao seu país e terra Natal, após anos?

Que merda ele está falando?

Estupefata, e em claro sinal de alerta, viro-me de rompante em direção ao loiro, ficando cara a cara com o mesmo. Altivo. Centímetros maior que eu. Sem quaisquer sinais de emoção; é como ele me olha. Enquanto, deliberadamente deixo um breve instinto raivoso se esgueirar por meu sistema nervoso, que me faz tremular levemente.

— Você... que merda significa isso, Bieber?

— Huh? Pensei que eu tivesse dito ser sobre negócios, ou você realmente não entendeu? — Sarcasmo. O mais claro e puro sarcasmo, é o que ressoa de sua voz.

— Isso não parece fazer sentido. — Nego, ainda o olhando, em busca de quaisquer sinais que sejam vindos do mesmo.

Mas, ele nada transparece além de um semblante impassível.

— Não seja tão paranoica, querida.

E pela primeira vez no dia de hoje, ele sorri. Um sorriso fechado, mas, um sorriso que parece refletir algo além de sua envernidez.

Tocando levemente minha bochecha, ele se aproxima um pouco mais, quebrando a pequena distância entre nós enquanto seus dedos param firmemente na ponta de meu queixo. Ele o segura entre o indicador e o polegar, erguendo meu rosto em direção ao seu de forma precisa, enquanto me olha direta e duramente nos olhos.

— Têm algo que queira me contar, América? — Sonda, em um tom neutro.

E, apesar de querer vacilar sob seu olhar, apenas me mantenho firme sobre isto. Retribuindo tão firme e duramente seu olhar repleto por uma rigidez silenciosa, mas, concisa.

— Não tenho nada. E você? — Refuto em um mesmo tom.

Ele amplia levemente seus lábios em linha reta, que logo se redobra aos cantos em um repuxar presunçoso, encoberto por contidas certezas, que parecem permear no mais fundo de sua mente.

Eu também as tenho para mim, querido.

— Não. Não tenho.

Então, nós dois mentimos.

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