POV - Camila Cabello
Geralmente tenho um sono leve, mas depois de tudo o que aconteceu essa madrugada, eu simplesmente apaguei.
Entretanto, alguma coisa me despertou e eu ainda estou tão sonolenta que não consegui identificar o que foi.
O braço de Lauren está sobre o meu corpo.
Tivemos mais duas rodadas de sexo e agora, um ardor se concentra no meio das minhas coxas.
Acho que, para uma virgem, eu talvez tenha exagerado em minha primeira experiência sexual, mas não me arrependo de nada.
Apoio a cabeça em um dos braços para observá-la.
Deus, a mulher é bonita mesmo dormindo, com o cabelo despenteado e a cara amassada.
Parabéns, Camila. Você passou de zero a mil em um espaço de horas.
De uma virgem com um único namorado, para a mulher que dorme com alguém no primeiro encontro — e nem era com ela, para início de conversa.
Em um dos cochilos que ela tirou, eu mandei uma mensagem à minha irmã avisando onde estava e que também provavelmente passaria a noite. E sua resposta foi: uau!
Ela sabe que o encontro com Austin deu errado, porque quando Lauren me convidou para jantar, eu expliquei rapidamente a confusão e mais ou menos quem era meu novo encontro, através de mensagem.
Outro zumbido ressoa no quarto e agora que estou desperta, percebo que vem do meu celular.
Tento me soltar o mais suavemente possível para não acordá-la e, pegando minha bolsa, entro no banheiro para conferir se é meu telefone mesmo.
Releio a mensagem duas vezes. Minhas pernas ficam com a consistência de gelatina.
Sofia: "Camila, você precisa voltar. Eu não me sinto bem. Depressa"
Boston Medical Center
Horas mais tarde
Não sei como consegui juntar minhas coisas e sair do hotel. Eu me vesti em segundos e estava tão nervosa enquanto pedia para que um dos manobristas chamasse um taxi, que nem me preocupei por estar fazendo a caminhada da vergonha, já que claramente usava roupa de noite.
Ninguém precisaria ser um gênio para adivinhar que eu dormira no hotel.
Eu não dei a mínima!
Naquele momento, a minha única preocupação era chegar até a minha irmã.
Toda vez que a saúde de Sofia piora, me bate a certeza de que estamos sozinhas no mundo.
Seco uma lágrima enquanto aguardo no corredor do hospital. O médico disse que já a havia estabilizado, mas que eu não poderia vê- la ainda.
Olho, sem enxergar, o movimento dos enfermeiros e médicos, pensando em como será quando eu estiver na faculdade. Todo o dinheiro que temos terá que ser usado para contratar uma cuidadora para ela, já que não há maneira de deixá-la sozinha o dia inteiro depois de hoje.
Também precisarei arrumar outro emprego de meio período, que pague melhor, para quitar minhas despesas referentes a material de estudo. Nossa herança mal chega para fechar as contas normais, fora os remédios e exames dela.
A única parente viva que temos, uma irmã de papai, que também é a pessoa que ficou com a nossa guarda quando nossos pais faleceram, deixou claro que estávamos por nossa conta assim que Sofia fez dezoito anos. Na verdade, ela praticamente nos expulsou de sua casa, mesmo que não fizéssemos ideia de como sobreviver em um mundo de adultos.
Voltamos a morar no apartamento que papai e mamãe nos deixaram de herança. Tivemos que aprender a cuidar uma da outra, muito antes de estarmos prontas para isso.
Minha irmã tomou as responsabilidades para si, deixando minha vida relativamente tranquila, preocupada somente com os estudos. Nosso arranjo estava funcionando bem quando, há cerca de um ano, ela adoeceu.
Os médicos falaram em um tipo de anemia rara que, se não tratada adequadamente, pode se transformar em leucemia. Nossa vida, que era economicamente confortável, apesar de não sermos nem perto de ricas, de repente virou um caos.
Passamos a precisar analisar cada tostão que gastávamos porque alguns exames que ela tem que fazer, ocasionalmente, não estão cobertos pelo seguro-saúde.
Deus, estou exausta!
A noite de ontem parece cada vez mais ter feito parte de um sonho bom.
Geralmente eu me sinto pronta para enfrentar o mundo. Tenho arquivos mentais completamente organizados do que fazer para atingirmos os nossos objetivos, mas quando a minha irmã sofre uma piora, a única coisa que eu gostaria é dos braços da mamãe à minha volta, me dizendo que tudo ficará bem.
Todas as perdas em nossas vidas foram muito bruscas.
Fomos crianças felizes, criadas em um lar cheio de amor. Meus pais eram apaixonados um pelo outro e não escondiam isso de ninguém. Tivemos o que filhos poderiam precisar para se sentirem amados.
E então, de repente, tudo mudou.
Papai e mamãe haviam saído para verificar uma propriedade perto de um lago que pensavam em comprar no futuro. Era um sonho antigo e quando o terreno foi posto à venda, mamãe, que era muito impulsiva, quis ir no mesmo dia.
Na volta, um pneu furou e eles pararam na estrada para trocar. Não era uma estrada muito movimentada, mas tinha um fluxo intenso de caminhões.
Um motorista perdeu o controle da carreta e os acertou em cheio. Eles não tiveram qualquer chance.
Assim, mal entradas na adolescência, passamos de duas garotinhas felizes para hós- pedes indesejadas na casa de parentes que só ficaram conosco por obrigação.
Tentamos, na medida do possível e mesmo ainda sendo tão novas, encarar tudo com positividade. No fim, ainda tínhamos uma à outra, mas não foi fácil. Nossa tia nos deixava saber o tempo todo que estávamos sobrando em sua casa.
Eu e Sofia herdamos o temperamento da minha mãe. Sangue cubano, um tanto esquentadas, falantes e entusiasmadas diante da vida.
Mesmo que com interesses distintos, somos muito parecidas na maneira otimista com a qual enfrentamos os problemas. Mas em plena adolescência, com a perda de nossos pais e a rejeição da família postiça, em pouco tempo a convivência se tornou insustentável.
Quando enfim nos mudamos, eu e minha irmã criamos um elo forte ao ponto de nos bastarmos e esse vínculo se tornou ainda mais sólido com a doença dela.
Nós duas formamos uma pequena família feliz.
Eu nunca admito que estou assustada, porque apesar de ser a caçula, para assuntos práticos, sou aquela que toma a frente, mas se eu pudesse fazer um único pedido agora, além do óbvio de que essa crise da minha irmã não seja prenúncio de algo realmente ruim, seria sentir os braços de Lauren à minha volta. Poder descansar a cabeça no ombro de alguém por um dia que seja e simplesmente me permitir sentir medo.
Afasto a necessidade tão rápido quanto ela surgiu.
Vai dar tudo certo. Eu sei que vai.
Não posso admitir pensar o contrário.
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CAMREN: Alma de Cowgirl (G!P)
FanfictionLauren Jauregui, conhecida como a Dona do Texas, chegou à conclusão de que ter muito dinheiro não bastava. A bilionária arrogante não quer ser apenas uma das mulheres mais ricas dos Estados Unidos. Ela quer o poder! Para isso, ordena à sua assessora...