POV - Camila Cabello
Seis meses depois
Eu não consigo enjoar do cheirinho do meu filho.
Acaricio a cabecinha coberta de fios escuros e abundantes como os da Lauren, pensando que apesar de tê-lo carregado por nove meses, Dante não deixa qualquer dúvida de que é um Jauregui.
A pele é mais clara que a minha, os olhos são verdes como os de Lauren, mas a característica principal mesmo é que ele parece estar sempre com o semblante fechado.
Não é um bebê que chora muito. Dorme a noite toda, mas quando está acordado, exige total atenção.
É muito engraçado quando o tenho em meu colo e estou conversando com alguém. Ele resmunga e se agarra ao meu cabelo, e quando o olho, faz uma expressão muito parecida com a da outra mãe quando quer ficar sozinha comigo. Como se me dissesse: "Hey, mamãe! Esqueceu que eu estou aqui?".
Depois que ele termina a mamada, coloco-o no berço para que durma mais um pouquinho.
O dia ainda não clareou.
Sento-me na cadeira de balanço e penso como, em um espaço tão curto, a minha vida mudou.
O pavor que vivenciei quando me descobri grávida, sem sequer conhecer bem a mãe do meu bebê.
A ansiedade daquelas primeiras semanas.
A incerteza do que fazer para me reorganizar e me preparar para a mudança que representaria uma criança não planejada.
E depois, como se o destino estivesse montando o quebra-cabeça da minha vida sem precisar da minha ajuda, cada peça foi se encaixando em seu devido lugar.
Finalmente começarei meus estudos no próximo semestre, mas já logo após Dante nascer, continuei meu trabalho de fortalecimento de imagem da minha esposa nas mídias sociais. Deu tão certo que outros políticos do partido republicano vieram me procurar.
Para o meu primeiro emprego na área, foi uma senhora experiência trabalhar na campanha de Lauren, uma vez que pude testar o que funciona e o que não.
A outra parte da minha vida — a familiar, que para mim é a mais importante — também está se alinhando.
Minha irmã está feliz e até aqui, graças a Deus, saudável. Dentro de pouco tempo viajará para a Itália e sua empolgação é tanta que às vezes tenho a sensação de que ela é a irmã caçula.
E então, há os Jauregui.
Depois de vivermos anos somente nós duas, é maravilhoso ter tantos parentes. Temos passado os finais de semana em JaureLand sempre que possível. A agenda de Lauren é bem corrida, mas eu percebo o quanto ela relaxa quando chegamos lá.
Minha esposa é um camaleão, se adaptando a diversos cenários, mas não há dúvidas para mim de que ela pertence à zona rural.
Aos poucos, ela e Justin estão se entendendo. Ninguém que os olhe pode ainda chamá-los de amigos.
É mais como observar dois animais selvagens, ariscos. Dois reis da selva se estudando, conferindo se é seguro estar ao redor um do outro. Apesar disso, eu sei no meu coração o quanto aqueles dois teimosos se amam.
Confiro a babá eletrônica mais uma vez, mas antes que eu possa sair do quarto, a porta se abre e a mulher que o mundo conhece, tanto por dona quanto por governadora do Texas, mas cujo título que prefiro dar é minha outra metade, abre a porta.
Ela não vem logo até mim.
Ao invés disso, fica parada, ambos os braços apoiados na moldura de madeira, me observando.
Como da primeira vez que isso aconteceu, naquele dia, no piano-bar em Boston, meu corpo inteiro desperta, arrepiado.
Lauren tem o poder de, com um olhar, transformar minha mente pragmática em mingau.
Observo mais uma vez o meu Dante para conferir se ele ainda está dormindo e somente então, dou alguns passos para perto da minha esposa. Mas ao invés de sair comigo do quarto, ela fecha a porta atrás de si, me pega no colo e se senta na cadeira de balanço, me segurando em seus braços sem falar nada.
Eu achei que só seria capaz de ter esse tipo de comunicação silenciosa com Sofia, mas quanto mais convivo com ela, mais conseguimos saber o que a outra está pensando, sem emitir qualquer som.
Ela acaricia meu cabelo, me segurando apertado, porque é assim que minha esposa é.
No mundo da minha cowgirl, não há espaço para o morno. Para um toque sem vontade ou um amar de forma suave. Tudo nela é calor, intensidade.
Levanto a cabeça de seu peito, já sonolenta, mas me sentindo protegida e amada.
Ela segura meu queixo e me beija.
— Minha — diz baixinho em meu ouvido, mas, segundos depois, se corrige: — Meus.
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CAMREN: Alma de Cowgirl (G!P)
FanfictionLauren Jauregui, conhecida como a Dona do Texas, chegou à conclusão de que ter muito dinheiro não bastava. A bilionária arrogante não quer ser apenas uma das mulheres mais ricas dos Estados Unidos. Ela quer o poder! Para isso, ordena à sua assessora...