Capítulo 17

5.3K 589 45
                                    

Mais um e, provavelmente, o último de hoje.
Amanhã teremos mais.

Vamos!

POV - Lauren Jauregui

No dia seguinte

Depois de pedir ao motorista para vir me pegar em meia hora, dou um beijo na minha Bela Adormecida e saio sem fazer barulho.

Parece que essa é a história da nossa vida: uma deixando a outra pela manhã. Só que dessa vez, eu sei onde encontrá-la. Não há uma maldita chance de que vá perdê-la de vista novamente.

Assim que chego à sala, Sofia aparece com uma caneca de café na mão.

— Você vai voltar? — diz, sem ao menos me dar bom dia e com a voz destilando animosidade. — Ou já está indo embora para sua cidade?

Costumo reagir mal pra cacete quando confrontada, mas se quero ficar em paz com a mãe do meu filho, preciso aprender a lidar com a irmã mais velha, infelizmente.

— Vou voltar dentro de algumas horas. Só preciso resolver umas questões relativas à campanha. Gostando ou não, terá que se acostumar comigo na vida de Camila.

— Eu não disse que você não poderia ficar perto dela.

— Que bom! Porque nem por um segundo passou pela minha cabeça lhe pedir autorização — solto, irritada com ela e comigo mesma por perder o controle. — Olha, nós começamos com o pé esquerdo e sei que dadas as circunstâncias, você não pensa muito bem de mim. Eu não a culpo. Nós não precisamos nos amar, mas podemos tentar ao menos sermos civilizadas uma com a outra, pelo bem de sua irmã e de seu sobrinho?

Ela parece envergonhada e me sinto culpada por usar o amor pela irmā para manipulá-la, mas a menina precisa entender de uma vez por todas, que eu não sou a inimiga.

Determinada a fazer dela uma aliada, continuo:

— Posso beber uma xícara de café?

Seu rosto, que até então estava pálido, se tinge de um tom intenso de vermelho.

— Desculpe-me. Estou sendo rude. Tem café fresco na cafeteira. Eu vou servi-la.

Sento-me à mesa de apenas quatro lugares enquanto a observo se movimentar. Sofia é tão frágil fisicamente, que parece que partirá ao meio com um sopro de vento.

— Sua irmã me contou sobre sua doença — começo sem qualquer sutileza porque ela não parece ser o tipo de garota que aprecia enrolação. Assim como Camila, é inteligente demais para ser subestimada com rodeios. — Eu quero ajudar.

— Não — ela solta exatamente a resposta que eu esperava.

— Deixe-me colocar de outro modo. Eu a ajudarei, mas não será uma esmola. Camila me pagará no futuro, da mesma forma que faria com a tal amiga que a auxiliaria.

— Por que você se dará a esse trabalho?

— Porque quero que sua irmā passe uma gravidez tranquila, Sofia. Eu tenho irmãos e sei como é se preocupar com alguém que se ama. A saúde dela pode inspirar cuidados se essa alteração da pressão arterial persistir. Seria bom que você estivesse completamente curada para que pudesse tomar conta de sua irmã, não é?

— Eles não têm certeza quanto à cura — diz, entregando uma ponta de vulnerabilidade. — É um tratamento alternativo.

— E se eu der minha palavra a você que testaremos todos os métodos até que fique boa?

— Eu tenho medo de sentir esperança — fala com sinceridade e nesse momento, eu simpatizo um pouco mais com ela.

Quando meus pais sofreram o acidente de barco, mamãe faleceu imediatamente, mas meu pai passou um tempo em coma no hospital. Enquanto minha avó rezava para que ele despertasse, minha mente pré-adolescente se refugiou, se conformando de que nunca mais os teria ao meu lado.

Assim, meses depois, quando os médicos nos disseram que não havia mais nada a ser feito, eu meio que já estava esperando por aquilo. No entanto, ao contrário do que eu pensava, quando chegou o momento de enterrá-lo, foi como perdê-lo duas vezes. A suposta preparação que eu achei que havia feito dentro de mim, não serviu para nada porque, no fundo, eu sempre tive a esperança de que teria ao menos um dos meus pais de volta.

— Não sou boa em dar conselhos para se manter a mente positiva, porque para mim só há um caminho: vencer em qualquer área. Eu não aceito nada menos do que isso e não sei se você quer ouvir esse tipo de coisa.

Surpreendendo-me, ela sorri.

— Vou guardar isso comigo. — Ela se serve de um pouco mais do que quer que esteja bebendo, que não é café, já que vem de uma jarra separada. — Então na sua cabeça essa sua candidatura já está ganha?

— Política é um território novo para mim, mas basicamente é isso. Do meu ponto de vista, só existe a vitória.

Ela suspira e puxa uma cadeira para se sentar.

— Eu vou aceitar sua ajuda, mas por Camila — diz, ainda combativa. — Você disse para eu me acostumar com sua presença em nossas vidas. O que você quer com a minha irmã? Fale a verdade. Não sou frágil como aparento.

— Eu pedi que ela namorasse comigo para nos conhecermos melhor.

— Tudo bem, mas como faria isso em meio a uma campanha eleitoral?

— Quero levar vocês duas comigo para o Texas. Temos excelentes hospitais em Dallas, mas se o tratamento com essas drogas novas que seu médico falou não estiver disponível lá, levaremos o médico conosco também. Eu pagarei o que ele pedir.

— Você acha que tudo pode ser comprado?

— Eu acho que tudo tem um preço, não necessariamente em dinheiro, mas tudo e todos têm um preço.

— E qual é o seu? — ela pergunta, mas antes que eu possa responder, me interrompe: — Não, nem precisa dizer. Sua vitória para governadora.

— Nem perto disso. Meu preço é esse filho que ainda vai nascer. Eu moverei céu e terra por ele.

*******

CAMREN: Alma de Cowgirl (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora