Capítulo 8

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POV - Lauren Jauregui

Boston pela manhã

Antes mesmo que eu abra os olhos, uma sensação desconhecida se espalha dentro de mim. Não é a satisfação física, o relaxamento comum de um corpo saciado após um sexo es- petacular, mas uma espécie de paz.

Depois que eu me separei, nunca mais passei a noite inteira com uma mulher.

Eu, que já não podia ser considerada nascida para um relacionamento, antes do meu casamento fracassado, piorei muito com a traição de Alexa.

Ainda que se viva uma relação sem amor, há entrega em algum nível. Ninguém consegue ter um companheiro por mais de um ano sem que ele aprenda um pouco sobre nós. Defeitos e qualidades, forças e fraquezas.

Algumas das minhas barreiras foram baixadas para ela, que passou a me conhecer mais intimamente do que qualquer outra pessoa já havia conseguido até então. Para uma mulher fechada como eu, foi uma sensação de merda que, após dividir meu mundo com alguém, ela me apunhalasse pelas costas.

Com nossa separação, eu me tornei ainda mais arredia e avessa a relacionamentos. Saídas discretas com mulheres durante o período do processo do divórcio e só.

Mas ontem, tudo isso foi por terra desde o primeiro momento em que coloquei os olhos em Camila, dentro do piano-bar.

E agora? Como seguir com o que tivemos? Porque eu não quero parar. Não ainda.

Ela não se mostrou disposta a ceder, como as mulheres com quem me relacionei até hoje certamente fariam.

Conseguirei nos ajustar para tentar conhecê-la melhor ao mesmo tempo que trabalho em minha campanha?

O que quer que aconteça daqui por diante, terei que ser discreta.

Sim, é dessa forma que a minha cabeça funciona. Sou obcecada com organização e isso me leva a planejar até mesmo relacionamentos.

Talvez haja um jeito. Estou me candidatando ao governo, mas isso não faz de mim uma monja. Ambas somos livres, então não vejo problema se eventualmente nos virem juntas.

Acho que o único contratempo será o fato de vivermos em estados diferentes, mas nada que um voo curto no meu jatinho não possa resolver. Além do mais, não precisamos nos encontrar toda semana.

A relação com ela deverá seguir o mesmo rumo com que levei as mulheres até aqui, com exceção da minha ex-esposa.

Não, talvez eu precise de mais tempo ao seu lado. Não sou hipócrita a ponto de não admitir que há algo diferente nela que me atrai além da medida.

Eu não quero nomear essa relação e nem mesmo chamar de relação. Não me sinto pronta para um compromisso formal. A lem- brança da traição de Alexa e do meu primo ainda estão muito frescas em minha memória.

Podemos fazer funcionar. Encontros leves, sem cobranças ou amarras.

Fico satisfeita comigo mesma por finalmente chegar a uma solução, mas isso dura um milésimo de segundo, porque assim que abro os olhos, percebo que estou sozinha no quarto.

Inicialmente, não acredito.

Isso nunca aconteceu. Sou eu quem não passa a noite toda.

Levanto-me sem me preocupar em vestir a cueca boxer e ando até o banheiro com a pul- sação acelerada, restando uma fagulha de esperança de encontrá-la ali.

A porta está fechada.

Camila? — chamo e bato ao mesmo tempo.

Nada.

CAMREN: Alma de Cowgirl (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora