Capítulo 2

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{1444}palavras

Priscila Barcella

— O que eu faço com o bebê? — perguntei a mim mesma, sem saber o que fazer.

Assim que entrei no quarto, coloquei-a na cama e a cercou de travesseiros, pois precisava tomar um banho. Fui para o banheiro e deixei a água tirar o suor e, junto com ele, as lágrimas. Eu precisava manter uma postura firme, mas minha irmã era toda a família que eu tinha. Enquanto começava a me ensaboar, ouvi um chorinho que se intensificava a cada minuto. Sem saber o que fazer, parei o banho, coloquei uma toalha rapidamente e peguei o bebê no colo, mesmo ainda estando molhada.

— Eu não sou a mamãe — falei quando ela tentou pegar meus seios desesperadamente. Ela estava com fome e eu não tinha o que ela queria.

Mesmo sendo uma e meia da manhã, decidi ligar para Natália, minha única amiga que sempre me ajudava. Embora não nos víssemos muito desde que ela se casou, teve filhos e se mudou para o litoral, ela sempre arranjava tempo para se envolver na minha vida, principalmente na parte amorosa. Como ela tinha filhos, eu imaginei que saberia o que fazer.

Ela atendeu prontamente no primeiro toque, o que me surpreendeu.

— Se não for uma emergência, eu te mato — ela falou assim que atendeu, e o choro de Nina aumentou ainda mais. — Você está com um bebê, não é? — ela perguntou, histérica.

— Eu não sei o que fazer, me ajuda por favor — implorei, sentindo a emoção transbordar.

— Você sabe que eu não sou boa com crianças, quem foi o louco que deixou um bebê com você? — ela falou, claramente chocada. Ela me conhecia muito bem. E pelo som da sua voz, eu podia dizer que ela estava se levantando.

— Minha irmã faleceu em um acidente com o marido e agora sou a única responsável pelos quatro filhos dela. Ela era louca por ter tantos filhos e eu estou perdida. Este bebê não para de chorar e se recusa a comer...

— Calma, amiga, estou a caminho. Para sua sorte, estou em São Paulo. Tive uma reunião que se estendeu até tarde, até te liguei, mas você não atendeu. Chegarei em quinze minutos — ela disse antes de desligar o telefone. Realmente, havia duas chamadas perdidas dela.

Quase dez minutos depois, consegui vestir um vestido que nem sabia que tinha e fui para a sala com o bebê ainda chorando no colo.

— Por favor, pare de chorar, pequena. Eu não sei o que fazer. Acho que o melhor seria deixá-los em um abrigo. Não tenho jeito com essas coisas. Eu não nasci para ser mãe — desabafei para o bebê que não cessava o choro.

A campainha tocou e fui atender. Natália estava de pijama com um sobretudo por cima.

— Que bom que você chegou. Olha, acho que ela está com defeito — brinquei, entregando o bebê para ela.

— Ah, que menininha linda. Deixe a Dinda ver essa fralda — ela falou, entrando.

— Dinda? — perguntei, confusa, enquanto ela examinava a fralda.

— Como a sua nova mãe não viu isso? — ela falou, e eu revirei os olhos. — Sério, amiga, ela deve estar toda assada por causa do tanto de xixi aqui.

— Eu sou a tia dela — corrigi, percebendo que o choro da bebê aumentava desde que ela a pegara no colo.

— Vou te ensinar a trocar. Onde estão as coisas dela? — mostrei a bolsa em cima do sofá e ela me ensinou a trocar, mas a pequena continuou chorando. — Ela está assada. Vou dizer o que você tem que comprar para tratar. Ela é muito pequenininha e tão linda. Você sabia que eu sempre quis uma menina.

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