Prólogo

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{ 1894} palavras

Priscila Barcella

Era mais um dia normal. Como sempre, acordo às 6:23 da manhã, levo aproximadamente 20 minutos para me arrumar e escolho roupas que transmitam o quanto sou poderosa.

Saio do meu quarto preparada para enfrentar o mundo machista das torres de metal.

Assim que chego no andar inferior, vejo a minha governanta terminando de organizar o meu café da manhã na mesa da sala de jantar, junto com duas funcionárias. Gosto das coisas sempre perfeitamente alinhadas, e ela me conhece muito bem.

Antes de chegar à mesa, olho pela grande janela de vidro da minha cobertura, de onde posso ver a enorme cidade cinza. Assim como lá fora, dentro do meu apartamento a decoração é toda em tons frios, pois tenho um amor pelo tom cinza e não queria nada convidativo.

Quem gosta e tem peso morto é a minha irmã. Eu nunca a entendi, a Barcella sempre se contentou com pouco. Diferente de mim, ela não foi para a faculdade e muito menos quis sair daquele lugar no meio do nada. Na primeira oportunidade que tive, vim para São Paulo sozinha e com muita garra para lutar. Ela se contentou em ser dona de casa, engravidou quando estava ainda no ensino médio de outra pessoa. Eu quase não falo com ela, não entendo como somos tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais.

— De novo olhando para a foto da sua irmã? — a senhora Josefa fala, me assustando. Volto a alinhar o porta-retrato com a única foto que tenho com ela quando éramos crianças, e só a mantenho porque no fundo tem um pedaço da minha mãe, no dia que nunca consegui esquecer.

— Já avisei que não gosto que se metam na minha vida — falei, ajeitando a minha bolsa. — Josefa, tenho que ir...

— Mas a senhora nem tocou no café da manhã.

— Perdi a fome... — falei com certa frieza.

— Hoje é o aniversário da sua sobrinha, a Joyce comentou — diz Josefa.

— Tá! Parece que ela faz vários aniversários no ano. Mas compra qualquer coisa e manda para ela.

— Sua irmã te convidou para o aniversário — diz Joyce ao entrar na sala, ela além de minha secretária e minha assistente pessoal, adora se meter na minha vida, e ela, como sempre, agoniada, pegando uma fatia de bolo de rolo — Você deveria ao menos ligar, ela sabe que você não vai por ser longe. — ela falou e voltou a comer.

— Faça como faço todo ano, mande uma boneca para a Isis, essas coisas que crianças gostam e está de bom tamanho. Vamos, o dia será longo e hoje está lindo para ser conquistado.

— O nome da sua sobrinha é Íris, e ela fará 14 anos, suponho que ela não gosta mais de bonecas, a juventude de hoje não é mais como antigamente — ela falou e olhei para ela incrédula, ela fala como se tivesse a idade da Josefa, sendo que ela tem só 25 anos.

— Tanto faz, se vira. Quero saber sobre a reunião com os franceses, não sobre uma menina da qual não faço questão de saber quem seja. Vocês deveriam saber que para essas coisas eu não quero ser incomodada. Mas me fala Joyce, está tudo certo com os produtos? — pergunto, pegando a minha bolsa. Começo a andar e percebo que Joyce não está me seguindo. — Joyce — a chamo, logo a vejo correr, com um sanduíche, bebeu um copo com suco de maracujá e veio correndo com uma maçã na mão e pego o elevador comigo.

Ela passou toda a minha agenda no carro para agilizarmos, pois hoje eu teria uma reunião no Rio de Janeiro com os franceses e sorri ao chegar no prédio da empresa FOS, a maior marca da publicidade do continente americano. Assim que entro, vejo todos olharem para mim. Sou a C.M.O., chefe de marketing office, mas meu objetivo é chegar ao último andar e ser a primeira CEO da empresa. Vou lutar muito por isso.

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