Capítulo 6

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{1676} palavras

Priscila Barcella

Quando Nina terminou de mamar, ajeitei as coisas com ela no colo e me sentei novamente, sentindo as lágrimas escorrerem. Ultimamente, minhas emoções estão descontroladas, devido aos hormônios que tomo para amamentar Nina.

- Me desculpa, pequenininha. Eu não sou como ela. Você é meu amorzinho. Me promete que não vai me odiar, como seus irmãos, porque você é a única criança que gosta de mim - falei, beijando Nina e logo sentindo um cheiro forte. - Ai, meu amor, você fez o número dois. Isso eu nunca vou entender. Como uma coisinha dessas pode fazer um estrago tão grande?

Ela ia começar a choramingar, mas comecei a beijar sua barriguinha depois de limpá-la.

- Você quer ouvir uma música? Sua vovó cantava para mim, sabia? - falei, arrumando a roupinha dela. - Meu anjinho, meu anjinho - comecei a cantar calmamente.

E não sei por que Nina é a única pessoa que consegue me trazer paz. Estava cantando com um sorriso no rosto, pois ela sorria para mim, quando alguém bateu na porta. Deixei entrar, pensando que era Joyce. Porém, senti uma respiração próxima demais à minha nuca.

- Eu me surpreendi ainda mais com você- disse Max, me assustando. - Se assustou, Priscila? - perguntou, sorrindo.

- Sim, não esperava que fosse você. E me desculpe novamente - falei de costas, terminando de vestir minha pequenina.

- Está pedindo desculpas por hoje? - ele perguntou, ainda muito próximo a mim.

- Sim, Max - falei, evitando me mexer, não era para ele perceber, mas estava quase como uma estátua.

Ele se afastou um pouco, tentando olhar para a minha pequenina.

- Você é uma caixinha de surpresa. Eu nunca ia pensar que a rainha de gelo tinha um coração. E o mundo parece que ama fazer uma piada mesmo, né? Quem diria que a pessoa que não queria âncora nenhuma ia ter quatro - ele falou, como se fosse uma enorme piada.

Claro, ele não sente na pele todo o meu desespero. Para quem está de fora, é muito fácil.

- Por que você não me procurou? Eu podia ajudar, rainha de gelo...

- Então eu sou a rainha de gelo, agora? - falei, ajeitando Nina no meu colo, virando para ele, que sorriu olhando diretamente para Nina.

- Todo mundo te chama assim. Oi, bonequinha, você é tão linda - ele disse, tentando pegar Nina, o que a fez chorar.

- Calma, meu amorzinho, não precisa chorar - falei para a bebê que me olhava atentamente. - Ele não morde - falei, ninando-a para acalmá-la.

- Nossa, você sabe ser carinhosa. Estou impressionado - ele falou, fazendo graça.

- E desde quando você fala comigo? - perguntei, e ele sorriu ainda mais.

- Desde sempre, só que você nos últimos tempos estava mais fria, como se o inverno tivesse chegado e se instaurado para sempre no seu coração. E eu tenho os meus motivos, né? É, bonequinha, a sua mãe é muito fria. Deixa eu pegar ela - ele pediu, quase implorando com o olhar. E sinceramente não entendi está necessidade que ele parecia ter em pegar ela no colo, ou até mesmo tocar nela.

A princípio pensei em não deixar, mas aquele olhar dele implorando me fez ceder.
Tentei entregar ela para ele, mas a mesma começou a chorar.

- Ela vai chorar, é melhor não - falei, tentando passar segurança. - Agora, fale por que veio aqui. Primeiro, me ignorou por quase um ano, depois veio dizer que sou a rainha de gelo. Ou só queria conferir que sou péssima com crianças? Que não sei o que estou fazendo.

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