Capítulo 9

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William Rodrigues

Acordei cedo e me arrumei, não podia chegar atrasado no meu novo emprego. Saí de casa às três e meia da manhã, a casa dela fica longe, então tive que ir a pé por alguns quilômetros, depois peguei o metrô e, em seguida, o ônibus. Andei cerca de mais dois quilômetros e finalmente cheguei no condomínio chique onde a senhorita Priscila mora.

— Bom dia — falei para o porteiro.

E ele me respondeu até com um bom ânimo para as seis da manhã.

— Sou William Rodrigues... — ele olhou um papel e sorriu.

— O novo babá da cobertura?

— Sim — falei e ele sorriu.

— O elevador de serviço fica à esquerda — ele falou e fui para lá. Eram exatamente 6:20h da manhã. Peguei o elevador de serviço, estava um pouco nervoso para conhecer essa criança, só espero que ela seja calma.

Assim que toquei a campainha, uma senhora com o braço quebrado abriu a porta, me dando espaço para entrar.

— Como vai? Meu nome é Josefa — ela me cumprimentou estendendo a mão.

— Tudo bem, eu sou o William, mas pode me chamar de Liam, muito prazer — falei apertando a mão dela.

— Eu trabalho com a dona Priscila há oito anos, mas não cuido de criança, sou a governanta. Bem, o senhor vai ficar em experiência essa semana, está bem? — fiz que sim com a cabeça e ela me levou até próximo da escada.

Já estava encantado com aquela sala, tudo é tão chique, a decoração em tons neutros, nem parecia que tinha criança naquele lugar.

Parei de admirar a casa quando a Josefa soprou um apito e fez isso várias vezes até as três crianças descerem às escadas todas arrumadas de uniforme. Eram duas meninas e um menino, os três cruzaram os braços e me olharam com cara feia.

— Crianças, chegou a nova babá — a Josefa falou empolgada — Senhor William, essas são as crianças que ficaram sobre a sua responsabilidade, Iris — ela falou e a mais velha deu um passo para frente. Ela deve ter entre doze ou quatorze anos, tem cabelo castanho quase pretos e lisos passando um pouco do ombro. Ela me lembra um pouco a mãe, ela me olhou com um olhar de ameaça — Ítalo — ela falou e um menino de uns oito anos deu um passo à frente e fechou a cara mais ainda — Isabela — ela falou e uma pequenina de três ou quatro anos deu um passo à frente abraçando uma boneca de pano. — Falta só a Nina, ela está com a senhora Priscila.

— Eu não entendi o seu nome. é Wil... — a Iris falou com um sotaque que reconhece logo ser do Piauí.

— William, mas pode me chamar de Liam...

— E antes de ser babá você era babão? — o Ítalo falou e eles riram

— Não... eu sou formado em publicidade...

— Você era blogueiro? — a Isabela perguntou toda fofinha com aquele sotaque e acabei sorrindo.

— Não, ele era desempregado — a Iris falou

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, uma pasta caiu e me abaixei para pega-la. E quando fui levantando vi um par de pernas femininas com uma saia social e assim que subi o olhar, vi um bebê. Como assim eu iria ter que tomar conta de um bebê?

— Obrigada — ela falou pegando a pasta das minhas mãos — Gostei da pontualidade, crianças vão tomar café para não se atrasarem — ela falou e a mais velha me olhou com um olhar assassino.

— Vamos transformar a sua vida em um inferno — a Iris falou entre dentes para mim com um olhar assassino em um tom baixo e tenho certeza que a mãe não ouviu.

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