Capítulo 8

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{ 1464}  palavras

William Rodrigues

Mais um dia de luta como sempre. Acordo às três da manhã, me arrumo e tomo um copo de café. Moro em uma pensão e divido o quarto com Manuel, meu amigo do orfanato. Viemos juntos do Ceará para cá há seis meses e até agora não encontrei emprego. Manuel trabalha em um mercadinho e paga o aluguel do quarto, mas não posso depender dele. Coloco meu currículo em vários locais todos os dias, às vezes arrumo bicos temporários, mas nada dura mais do que dois dias. Às vezes me arrependo de ter vindo para cá, mas meu maior sonho é trabalhar na FOS, a maior empresa de publicidade do país. Entrar lá é um desafio, mas no momento, só quero um emprego, qualquer um.

Hoje tenho duas entrevistas e estou torcendo para desta vez conseguir um emprego.

— Bom dia, Liam  — a dona Marta me cumprimenta quando me vê. Sempre a ajudo com o carrinho de salgados em uma escola de ricos.

— Bom dia, vovó Marta, vamos?

— O que seria de mim sem um anjo como você — ela diz, empurrando o carrinho, e conversamos durante todo o caminho.

— Espero conseguir alguma coisa hoje na agência de empregos...

— Não entendo como você não arranja um emprego. Você é formado, muito inteligente, e desde que fez a logo marca e me ajudou com a divulgação, minhas vendas aumentaram — vovó Marta elogia.

— Gosto muito de trabalhar com isso, vovó, mas aqui é muito difícil. Tento, tento, mas não consigo — respondo, já desanimado.

— Estou com um bom pressentimento. Acredito que hoje será um ótimo dia para você — ela diz com um sorriso amigável.

— Deus te ouça, vovó Marta. Espero que hoje consiga um emprego. Manuel não pode sustentar nós dois desse jeito, e eu não tenho para onde voltar... não tenho uma família...

— Não fique assim. Todos na pensão te querem muito, você é um rapaz especial, e para mim, você é como um filho - ela me consola, e sorrio.

Após deixá-la na porta da escola, sigo para a primeira entrevista, para uma vaga de vendedor.

Após mais um dia de entrevistas frustrantes, onde não fui chamado para as vagas, segui para a segunda entrevista com esperanças renovadas. Esta seria na minha área e estava bastante empolgado. Porém, ao ver a expressão do senhor responsável, percebi que não seria contratado novamente. Sentindo-me frustrado, acabei ouvindo uma conversa ao celular sem querer.

— Certo, eu vou pegar um aplicativo... é a FOS —  quando ouvi o nome da empresa, minha atenção foi capturada. — Sim, eles estão contratando uma secretária para C.M.O da empresa, seria uma boa porta de entrada trabalhar diretamente com a chefe de marketing.

Decidi sair correndo do local, sem dinheiro para a passagem, então caminhei o mais rápido possível, determinado a não perder esta oportunidade.

Cheguei ao escritório completamente desarrumado, suado, com a roupa amassada e o cabelo pingando de suor. Decidi ir ao banheiro para tentar me arrumar antes de me dirigir ao departamento de marketing. Por sorte sempre ando com uma muda de roupa na mochila para emergência.

Quando avisei que tinha vindo para a entrevista me pediram meus documentos e deixaram eu ir até o andar onde encontraria a Priscila Barcella.

— Boa tarde, meu nome é William Rodrigues, estou aqui para a entrevista — me apresentei à secretária, sem encontrar mais ninguém no local, indicando que havia chegado tarde demais.

— A agência mandou você? — ela perguntou, e decidi contar uma pequena mentira.

— Sim, a agência me enviou — respondi, e notei que ela me olhou atentamente.

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