Capítulo 18

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Priscila Barcella

Pedi para a Ana trazer a Nina para mamar antes de voltar para o trabalho. Queria evitar olhar para o babá. Não sei, mas algo naquele olhar me trouxe uma sensação que eu nunca senti, e não sei porquê isso me deixou aterrorizada.

Sai para o trabalho sem nem me despedir das crianças. Só coloquei a Nina adormecida na cama. Eu até queria ficar lá com ela e dormir um pouquinho, mas tinha que trabalhar, e sinceramente, esta é a primeira vez que vou sem querer muito. Sai de casa e fui para a empresa.
Foquei única e exclusivamente no trabalho. Pelo menos por duas horas tentei esquecer das crianças e do babá, e as horas se passaram tão rápido que eu nem senti. 

— Senhora, tem um senhor querendo te ver, disse ser sobre um bebê. — a nova secretária falou.

— Certo, você pode trazer a minha bebê e a bolsa dela. — pedi, e ela assentiu, se retirando. Mas, quando ouvi o choro da Nina, me levantei e sai da minha sala o mais rápido possível.

Assim que sai da sala, vi a nova secretária tentando pegar a Nina no colo. A pequena não queria ir para ela de jeito nenhum. Eu sempre me impressiono com o quanto uma menina de três meses tem vontade própria. Me aproximei e peguei ela.

— Oi meu amorzinho! — falei, balançando-a com carinho, e a mesma parou de chorar. — Eu vou ficar com ela. Pode ir para casa. Se puder colocar as crianças na cama, eu agradeço. Não tenho hora de volta para casa.

— Certo, tchau Nina, se comporta como uma bonequinha. — ele falou, e a Nina começou a rir. — A senhora não gostaria de saber como estão as outras crianças? — ele perguntou ainda brincando com a Nina.

— Eu estou ocupada. Que tal você me ajudar, amorzinho? — falei para a bebê, que sorriu. Fui para minha sala.

Depois que ela dormiu, continuei a trabalhar com ela no colo. Ela é uma boa menina, mas a verdade é que eu não estou encontrando a campanha perfeita para esta empresa. Eu nunca tive dificuldade para fazer o meu trabalho.

— O que eu faço agora? — perguntei para o bebê adormecido.

Nesse momento, bateram na porta da minha sala, e a Joyce apareceu. Notei que ela estava tentando esconder um sorrisinho. Não perguntei nada para ela. Do mesmo jeito que gosto de ter privacidade, respeito a dos outros.

— Senhora Priscila, gostaria de saber se já posso ir? — a Joyce perguntou.

— Pode, e pode dispensar a nova secretária por hoje. Posso te pedir um favor? — perguntei a ela. — Claro, senhora, pode falar.

— Amanhã eu pretendo trabalhar em casa. Eu não vou conseguir fazer nada com a cabeça lá.

— A senhora quer que eu trabalhe lá com a senhora?

— Não, vou precisar que você vá em uma reunião com o Max para fazer umas anotações sobre a nova campanha da cafeteria. Já fiz todos os esboços para esse cliente, mas o Max vai assumir essa campanha...

— A senhora vai passar uma campanha inteira para o Max finalizar. — ela falou surpresa.

— Sim, já passei tudo para ele, porém ele irá precisar de você amanhã. E passe as atividades para a nova secretária para resolver esses assuntos aqui.

— Tudo bem, irei fazer isso. — ela falou e ficou esperando.

— Eu vou resolver as coisas e só volto na segunda, vou tirar o final de semana para mim — falei para Joyce, e ela sorriu. 

— Vai tirar um dia de folga com as crianças? É novidade, você trabalha até dia de domingo.

— Eu vou trabalhar em casa. É que a Nina precisa de mim, e eu preciso, nem que seja de uma manhã de paz. Quero até pedir que a próxima semana você diminua a minha agenda, e de preferência, só compromissos no turno da tarde, assim eu fico mais tranquila com a Nina.

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