Capítulo 19

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Priscila Barcella

Nunca ninguém foi tão espontâneo perto de mim, não sei quando foi a última vez que alguém me abraçou assim como a Belinha, muito menos um beijo. A princípio não sabia o que fazer, mas logo a abracei de volta e dei um beijo na bochecha. A peguei no colo e coloquei ela sentada na cama, fui até o banheiro, peguei a Nina que estava na sua cadeirinha e as deixei na cama.

— Fiquem aí às duas quietinhas que eu vou tomar banho — falei, e a Belinha sorriu para mim. Tomei banho rapidinho e me arrumei. Quando sai do banheiro, a Nina começou a reclamar.

— Eu não fiz nada. — a Belinha falou levantando os braços como quem se rende.

— Eu sei, né meu amor? Fala para a sua irmãzinha que você fica enjoadinha quando está longe dessa mamãe postiça — falei pegando a bebê no colo, que logo se calou. — Vamos, você tem que ir para a escola, meu amor.

— Eu gostei disso — a Belinha falou me dando a mão.

— Do que?

— Meu amor, o babá estava certo, você não é uma bruxa malvada.

— Você achava que eu era uma bruxa malvada? — perguntei, e ela parecia estar com medo. 

— Sim, mas você não é. Se a gente se comportar, você vai ficar assim para sempre, né...?

— Assim como?

— Assim como uma princesa.

— Mas nem toda bruxa é malvada e nem toda princesa é boazinha. Depois a tia te conto a história que a vovó contava quando eu tinha a sua idade — falei, e ela me deu outro beijo.

Descemos as escadas para a Belinha ir tomar café da manhã. Assim que chegamos, o babá já estava com as crianças, e eles estavam tomando café.

— Bom dia! — falei assim que cheguei, e a Belinha correu até o babá. Os outros me ignoraram.

— Bom dia, oi princesinha! — ele falou pegando ela no colo e a beijando. — Como você está linda.

— Crianças, terminem o café da manhã e não demorem para ir para a escola.

— Bom dia, senhora Priscila! — a Josefa falou sorrindo entrando na sala de jantar. 

— Bom dia! Hoje eu vou trabalhar em casa. Por favor, pesa a Ana para levar meu café e o leite da Nina no escritório. — falei para a Josefa e fui para o escritório.

Estou bem animada, hoje a campanha que tenho que fazer é de uma loja de móveis infantis, e isso me fez pensar que posso ir lá comprar os móveis do quarto das crianças. Eu estava pensando em como ia fazer o quarto da Isabela.
Enquanto a Nina mamava, comecei a olhar o catálogo da loja. Estava encantada com aqueles móveis, e olha que eu nem gosto de rosa, mas tá tudo tão lindo que me deu vontade de comprar a loja inteira! Essa campanha ia ser fácil de trabalhar, eu estava amando todos aqueles móveis e já estava doida para comprar. É isso que eu vou fazer, um quarto de princesa. Estava tão concentrada que bateram na porta, e logo o babá entrou. Eu preciso aprender o nome dele, não posso ficar chamando ele de o babá.

— Desculpa, senhora, as crianças já foram para a escola com o Sebastião. A senhora quer que eu entregue a Nina? — ele perguntou, e só aí olhei para ele. Nossa, ele é realmente bonito.

— Pode deixar ela comigo, vou ficar em casa hoje...

— Certo, a senhora disse que eu ia dormir aqui a partir de hoje. — ele começou a falar.

— Sim, ontem não falei com a Josefa, mas vou providenciar um quarto. Acho que o em frente ao das crianças está ótimo, assim fica mais fácil para você auxiliar elas.

— Falando nisso, eu sei que é contra as regras me meter nas suas decisões, mas não deixei de reparar ontem que a senhora tem vários quartos disponíveis e as crianças dormem todas juntas. A pobre Belinha está dormindo no chão...

— Você tem razão. — falei me ajeitando, e pude ver um sorriso no seu rosto. — Isso é contra as minhas regras, e eu sei muito bem da situação delas — falei tentando cortar ele.

— Então você não faz nada porque não quer. Eles não tem roupa de frio, eles não tem um canto para eles.

— Oi!? Você está querendo insinuar o que? Que eu sou uma péssima mãe ou uma péssima tia? Essas crianças entraram na minha vida do nada, eu tinha uma vida boa, sem tintas, sem pegadinhas, sem choros, sem fraldas, sem os meus seios doerem toda hora, sem dor na coluna. Eu nunca quis nada disso, eu nunca quis ser mãe, eu não faço ideia de como uma mãe tem que ser, mas eu estou me esforçando ao máximo para deixar eles juntos, porque irmão é a coisa mais preciosa do mundo, e você não é ninguém para vim aqui falar que não estou fazendo nada. — falei com raiva. Quem ele pensa que é para falar assim comigo?

— Tudo bem você não querer ser mãe, mas eles precisam de uma, eles estão sofrendo. A Belinha é tão pequena, ela disse que gostou de mim porque a abracei. Se quiser me demitir, eu vou entender, mas eu sei o que é viver sem amor, não quero que eles passem por isso...

— Você não sabe nada da minha vida e não sabe o quanto eu luto para dar a eles o que eu posso. E acho bom você parar de se intrometer na minha vida, se não realmente eu vou te demitir.

— Sim senhora. 

— Meu amorzinho, você já terminou? - perguntei para a bebê, tirando ela do meu seio e entreguei para ele. —;Eu não te devo nada, mas para o seu governo, eu estava pesquisando camas, a Belinha me pediu um quarto cor de rosa, e eu sei muito bem que agora sou responsável por eles. Você está entrando agora eu estou com ela sete semanas e fazendo de tudo que eu posso.

— Em vez de você ficar só olhando as coisas pelos computadores, seria melhor ir pessoalmente e já olhava as roupas de frio também...

— Eu estava me planejando. — falei me ajeitando. — Vamos então.

— Vamos? — ele perguntou confuso.

— Sim, você, a Nina e eu. — falei, e ele pareceu surpreso.

— Preciso arrumar o leite da Nina...

— Não, eu tenho. Não está é forte, por isso uso a fórmula para complementar, mas dá para o gasto por algumas horas, só as fraldas mesmo — falei, e ele saiu. Peguei minha bolsa e saí do escritório.

Ele não demorou muito para voltar com a bolsa da Nina. A minha princesa começou a se jogar para mim.

— Eu vou colocar o uniforme. — ele falou me entregando ela.

— Não precisa, pode ser assim mesmo. Vamos? — perguntei pegando a bebê.

— Vamos — ele falou abrindo a porta pra mim.

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Continua..... 

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