{2489} palavrasPriscila Barcella
Semanas depois
Já tem cinco semanas que os meus sobrinhos estão aqui, a minha vida está um caos, literalmente um inferno.
Comecei a seguir o tratamento recomendado pela médica, mas a primeira vez foi assustadora e a sensação de medo persiste. A Nina rejeita a mamadeira e a chupeta, fazendo um escândalo quando não é o seio. Com a responsabilidade de cuidar dos meus outros três, especialmente Iris e Italo, juntamente com o trabalho, acabo cedendo e amamentando a Nina para acalmá-la, já que não tenho ajuda durante a noite. Após mamar, a Nina se acalma e se torna um bebê tranquilo. Às vezes, fico com ela no escritório de madrugada, onde ela dorme no meu colo ou me observa trabalhar. Mesmo quando chora, emite apenas um chorinho suave.
Inicialmente, a Nina sofria com cólicas, mas graças aos conselhos da Natália, aprendi a lidar melhor com a situação. Preocupada em evitar o retorno do choro, iniciei um tratamento para aumentar a produção de leite, mas até o momento não obtive sucesso. Reconheço que o processo não é fácil, rápido ou necessariamente eficaz. Tenho enfrentado febres frequentes, dores na coluna e desconforto no peito.
Apesar de tentar evitar ao máximo o contato com as outras crianças, tem sido desafiador, pois já contratei várias babás que não permaneceram, eu parei de contar na quadragésima. Estou correndo contra o tempo para finalizar um projeto importante com a Master-cacau, vendo o tempo apresentar cada vez mais próximo. A dificuldade em me concentrar no trabalho é evidente, visto que preciso sair da empresa várias vezes ao dia para amamentar a Nina, muitas vezes fazendo isso no carro para evitar estresse no trânsito e em casa.
Recebi a documentação escolar das crianças recentemente, porém ainda não decidi onde matriculá-las. Embora tenha considerado escolas militares, me deparei com a recusa na entrevista devido ao comportamento do Ítalo. Agora, busco uma escola que ofereça um futuro promissor para os três, sem separá-los, considerando opções internas e semi-internas. Enfrento o desafio de encontrar uma escola adequada que atenda a todas as necessidades dos meus sobrinhos e torço para que não sejam expulsos, pois pretendo enviá-los juntos, caso opte por uma escola na Suíça.
Estou exausta de tanto sono, sem um minuto de paz. Estou me esforçando ao máximo para não deixar isso afetar meu trabalho, pois se eu perder meu emprego, as coisas vão piorar ainda mais.
— Você está pensando na morte da bezerra, Priscila — sussurrou Filipe no meu ouvido, trazendo-me de volta à sala de reuniões.
— Desculpa, é que sua voz me dá sono — respondi no mesmo tom, mas a verdade é que estou exausta. Nina tem acordado muito durante a noite desde que tomou a vacina e teve febre. Não tenho ajuda à noite e desde a chegada das crianças, mal sei o que é dormir. Sempre dormi no máximo quatro horas, mas agora, se consigo dormir um hora, é muito.
— Priscila, você fechou quatro grandes contratos, mas e o projeto da campanha da Master-cacau? É crucial para a empresa avançar. Espero que não nos decepcione — disse um dos sócios da empresa presente na sala.
— Sim, senhor, estou finalizando essa campanha. Só preciso encontrar o diferencial certo. Além disso, hoje minha equipe conseguiu mais duas campanhas milionárias — respondi, tentando esconder que, desde a chegada das crianças, mal consegui trabalhar na campanha da Master-cacau. Precisei focar nas outras campanhas e, sinceramente, não sei como fazer uma campanha de chocolate com tantas restrições.
— Você trabalha nesta empresa há muitos anos? — perguntou outro sócio.
— 16 anos, senhor. Comecei nos serviços gerais e consegui um estágio — respondi.
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O babá
RomansApós a trágica morte de sua irmã e cunhado em um acidente, Priscila, uma renomada empresária conhecida por sua dedicação implacável à carreira, se vê inesperadamente responsável pelos seus quatro sobrinhos órfãos. Acostumada a lidar com os desafios...