Capítulo 17

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{1630} palavras

Wiliam Rodrigues

Limpamos tudo calmamente, em meio a brincadeiras e risadas e foi até bom para conhecer o Italo e a Isabela.

— Acabamos! — a Belinha anunciou, jogando-se em meus braços. Eu realmente tinha conquistado a menina, e ela, com seu jeito meigo, me conquistou também. Era diferente das outras crianças que já conheci. Eu sempre me dedicava a cuidar dos menores no orfanato, e com certeza faria o mesmo por eles.

— Sim, acabamos — Ítalo concordou, se jogando no chão. — Mas temos que arrumar lá em cima ainda.  A Cida está sempre com raiva da gente por causa da bagunça.

— Viu que dá trabalho? — comentei, e nesse momento, a senhora Priscila surgiu descendo as escadas com a pequena Nina no colo. A bebê estava impecável em um macacão vermelho com um laço charmoso.  Priscila, por sua vez, usava um vestido tubinho formal e chinelos.  Era evidente que o salto alto estava a incomodando. 
Iris, logo atrás dela, revirou os olhos.

— Pelo visto vocês conseguiram. Então vão já para o banho e depois do almoço vocês vão cumprir o resto do castigo — Priscila anunciou, com a voz firme.

— Podemos ir brincar no parquinho um pouquinho? — Italo perguntou, com um olhar esperançoso.

— Não, nem pensar! Vocês estão de castigo por causa do comportamento de vocês. Depois do almoço, vocês vão estudar para amanhã, quando forem para a escola não estarem tão atrasados. E, claro, quero as suas 500 frases e a redação, Iris.

— Nós não vamos reprovar por causa de um dia — Iris rebateu, com a voz cheia de convicção.

— Reprovar não é uma opção — a tia deles respondeu, com um olhar severo. — Não foi fácil colocar vocês três nessa escola. Vocês não entendem que com uma boa educação, vocês podem ter o futuro que quiserem. Quem dera eu tivesse tido essa oportunidade na idade de vocês.

— Vem Belinha, vem Italo, vamos tomar banho — Iris ordenou, e os três subiram as escadas.

— Quero falar com você. Vamos até o meu escritório — Priscila me convidou, e eu a acompanhei, sentindo um misto de apreensão e curiosidade.

Assim que entramos no escritório, ela caminhou com passos firmes até a sua cadeira. Sua postura era impecável, como se o mundo estivesse a seus pés. Ela se sentou e eu fiquei parado perto da porta, ainda aberta. Estava hipnotizado por seu porte e a forma como ela emanava força.

— Por favor, entre e feche a porta — ela pediu, e eu obedeci. — Vamos conversar.

— Eu sei que falhei com a ordem que a senhora me deu, mas não sabia que seria tão difícil fazer três crianças irem para a escola…

— Eu sei que eles são difíceis, e é por isso que eu vou te pagar pela semana inteira, mesmo você só tendo trabalhado hoje…

— Desculpa, mas a senhora está me demitindo? — perguntei, sentindo um aperto no peito.

— Você não vai desistir? — ela perguntou, com um olhar de surpresa.

— Não. Eles são difíceis mas não vou desistir deles, e a Belinha é uma doce menina. Não posso abandoná-los, eles já sofreram muito— respondi,  e ela me encarou, ainda mais surpresa que antes.

— Então você vai ficar? — ela perguntou incrédula como se não estiver preparada para este passo.

— Se a senhora me quiser, eu vou ficar…

— Então, já que vai continuar aqui, preciso que eles não faltem mais à escola. Preciso provar à justiça que sou capaz de cuidar dos quatro, mas eles ainda não entenderam que eu sou a única que pode mantê-los juntos. Ah, esqueci de falar, eu não sou a mãe deles. — Ela disse, ninando a Nina em seu colo. Ela tinha uma habilidade natural com a bebê, mas como a Nina falou com a filha dela ela sabe ser carinhosa.

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