Fazia alguns meses desde que os encontros com Aemond se tornaram mais frequentes, encontros que, por vezes, faziam Alyssane sentir-se uma pecadora, como se estivesse desafiando os deuses e as leis dos homens.
Outras vezes, no entanto, ela se sentia curada, como se os braços de Aemond fossem o único lugar onde encontrava paz e consolo em meio ao caos de sua vida. O que antes era um alívio temporário agora se tornava cada vez mais essencial para sua sanidade.
Naquela manhã, Alyssane despertou mais uma vez com uma leve sensação de náusea, um desconforto que a havia acompanhado com crescente intensidade nas últimas semanas. Ignorando o mal-estar, ela se forçou a levantar, vestindo-se com a calma e elegância que a situação exigia. O dia estava apenas começando, e ela tinha de enfrentar mais uma manhã ao lado de sua família.
Descendo até o salão onde o desjejum era servido, Alyssane encontrou Helaena já sentada à mesa, distraída com seus insetos, como de costume. Alicent, sempre impecável, estava ocupada conversando baixinho com um servo, enquanto Aemond, quieto e reservado, ocupava seu lugar habitual, os olhos fixos em algum ponto invisível à frente.
Alyssane fez um esforço para sorrir e cumprimentar a todos antes de se sentar. Mas assim que se acomodou, o aroma de um prato específico — um porco assado com especiarias — invadiu suas narinas. Imediatamente, uma onda de enjoo a atingiu com força. Ela sentiu seu estômago se revirar, e por um momento, o mundo pareceu girar ao seu redor.
Ela fechou os olhos, tentando se controlar, enquanto a mão discretamente segurava o encosto da cadeira, os dedos cravando-se na madeira como se isso pudesse afastar o mal-estar. Mas o cheiro era inescapável, e o enjoo apenas se intensificava. Alyssane sentiu o suor frio se formando em sua testa, e teve que desviar o olhar da mesa para não trair sua aflição.
Aemond percebeu o desconforto dela antes que qualquer outra pessoa pudesse notar. Ele inclinou levemente a cabeça em sua direção, o olhar preocupado.
— Está tudo bem, Alyssane? — A voz de Alicent cortou o silêncio, carregada de uma preocupação que parecia genuína, mas que Alyssane sabia estar sempre acompanhada de segundas intenções. Ela não podia fraquejar, não diante de Alicent.
— Sim, só... algo me incomodou. Talvez o cheiro — respondeu Alyssane, tentando sorrir, mas sua voz soou mais fraca do que esperava.
Ela se esforçou para manter a compostura, mas sabia que sua palidez não escapava aos olhares atentos ao seu redor. Não podia deixar de se perguntar se alguém já suspeitava da verdade que ela começava a temer. Algo estava mudando dentro dela, algo que não poderia mais ser ignorado.
Os outros três na mesa não disseram nada, mas a suspeita pareceu pairar no ar, visível nos olhares que trocaram entre si. Aemond manteve seu rosto inexpressivo, mas Alyssane percebeu o leve tensionar de sua mandíbula. Helaena, distraída, parecia absorta em seus pensamentos, mas até mesmo ela desviou o olhar para a irmã, os olhos grandes e curiosos, como se algo a incomodasse. Alicent, porém, não perdeu tempo em expressar sua preocupação de forma mais direta.
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TEARS AND FIRE ─── Aemond Targaryen
Fiksi PenggemarO que começou como uma inocente afeição entre os gêmeos Targaryen, Aemond e Alyssane, logo se transformou em um amor proibido. O que antes era um segredo sussurrado em corredores sombrios, tornou-se um pecado ardente. No futuro, não restariam mais q...