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23 DE JULHO DE 2008. 15:34 Da tarde. TÓQUIO,Japão.
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Geto havia aparecido no centro de Tóquio há algumas semanas.
Eu sabia que Satoru não iria se curar tão rápido assim da ferida repentina. Eu tinha em mente que demoraria dias, ou até anos para que ele se curasse. Geto foi seu melhor amigo e, julgo que ainda é. Gojo sabe que o que ele fez e está fazendo é errado. Mas quando temos um carinho por aquela pessoa, nada mais é doloroso do que nos decepcionarmos com ela. Gojo fez o que pôde para ignorar o "problema" e eu fazia de tudo para que ele pudesse se recuperar bem. Mas eu estava enganada, Geto resolveu dar as caras e sobrou para Satoru ter que resolver essa questão. Shoko foi com ele, pelo menos para tentar amenizar a situação, mas nada adiantou.
Geto quer seguir seu caminho, e não quer que entremos nele.
Shoko parece estar "conformada". Ela tira sarro da situação como se tivesse superado, mas eu sei que não é bem assim. Eu sei que ela não superou coisa alguma, e está lidando com o sofrimento de alguma forma. Com a aparição de Geto, não saí de perto de Satoru. Eu sempre o via com a cabeça baixa e olhar triste. Megumi já havia notado que algo errado estava acontecendo e me perguntou se isso tinha a ver com nosso relacionamento. Dizer a uma criança que seu melhor amigo massacrou inocentes e os próprios pais é muito pesado. Então, resolvi mentir para ele e dizer que o amigo de Satoru viajou para outro país e não poderá retornar nunca mais a Tóquio. Megumi pareceu engolir a minha mentira, mas eu sei muito bem que não. Ele é uma criança muito observadora e extremamente inteligente.
É óbvio que Megumi sabe que era uma mentira.
A mensagem que recebi de Suguru por SMS me deixou completamente indecisa. Segundo ele, deveríamos conversar e resolver essa "questão". Mesmo que vir até Suguru fosse considerado arriscado, eu não podia deixar essa oportunidade passar em branco e dizer a ele para deixar Satoru e Shoko em paz. Ele estava os machucando, e mesmo que estivesse se machucando sozinho, eu tenho certeza que Geto teria o bom senso e seguiria sua vida sem ter que deixar Satoru e Shoko com mentes perturbadas.
Bom, eu estava enganada.
— Você tem uma maldição, Keira. — Geto vestia roupas pretas e largas, era completamente uma versão diferente da que minha mente imaginava. Ele estava sentado no palco velho de um antigo galpão abandonado. — E não é só uma maldição qualquer, é a Rainha delas. — Seu sorriso, esse que era visto por meus olhos como um sorriso doce e amigável, agora era um sorriso doentio e cheio de perversidade.
— Me chamou até aqui para falarmos sobre Yamneth. — Cruzei meus braços. — Não acredito nisso, Suguru...
— Você deve ser considerada uma deusa, minha Keira. — Ele me encarou dos pés à cabeça e depois estalou sua língua no céu da boca. — Juntos, seremos unha e carne. Uma coisa indestrutível, uma coisa que nem mesmo se tentassem... Destruiriam.
