17: De cama.

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Serena

Não importa o que eu diga, não importa o que eu faça, onde alguém pode ver dois caminhos eu só vejo um. Um que me leva até onde eu realmente quero estar. Meu orgulho não me deixa ceder completamente, e mesmo que eu feche meus olhos e aceite tudo, em algum momento vou me arrepender. Aquilo foi um erro, não vai acontecer de novo, as palavras se repetem na minha cabeça. Ando de um lado a outro no quarto com impaciência. Acho que preciso de espaço para pensar, vou ignorá-lo por alguns dias enquanto penso no que fazer. Isso, parece uma boa ideia.

Como rápido e vou deitar mais cedo. Não consigo fechar os olhos no começo, só fico deitada com as luzes apagadas. Está frio, minha cabeça doi, esqueço de pegar um cobertor enquanto fico adiando para levantar. O que eu deveria fazer? Fugir? Chamar a polícia? Parece com algo que uma pessoa em sã juízo faria. Quero rir dessas ideias, parecem uma piada mal contada. Elias aparece na porta com o travesseiro e o coperto, viro para o outro lado fingindo não ver. Não vou me deixar levar só porque ele parece um cachorrinho abandonado, não posso cometer esse tipo de erro bobo.

— Posso dormir com você?

Silêncio é a única resposta que ele merece. Fecho os olhos com força, minha respiração está quente e meu nariz começa a escorrer, tosso quando sinto uma coceira na garganta. Me encolho no lugar incapaz de falar porque estou ocupada tossindo. Toco meu nariz e levo um susto quando noto que é sangue.

Me arrasto pela cama e corro para o banheiro esquecendo de trancar a porta, ligo a luz, me inclino na pia e tento jogar água, limpo as mãos. Continuo tossindo, minha garganta me incomoda bastante.

Elias fica na porta me encarando:
— O que você tem?

— Eu estou bem! — Consigo falar sem tossir, para o sangue depois de um tempo juntando água na mão e lavando.

Minha dor de cabeça só piora e junto com ela sinto meu corpo febril. Me seguro na pia sem forças para me sustentar em pé. Estava bem, ficar no frio por um tempo, digo, não parecia muito tempo. Deixo meu joelhos cederem, tosso sem parar.

— Serena…

— Eu estou bem. — Repito, tento levantar para fechar a porta. — Quero cof-ficar sozinha!

— Não, não está. Acha que pode discutir isso comigo, assim? — Se aproxima me pegando no colo. Puxo o ar recuperando o fôlego. Deito minha cabeça no seu ombro percebendo o quanto estou cansada. Senta na cama comigo junto. Tira o celular do bolso e tenta ligar para alguém.

Seu travesseiro está no chão, tremo de frio. Abraço seu corpo porque parece ser a única coisa que pode me aquecer. Tampo a boca tentando não tossir, meus olhos pezão. Acabo cochilando enquanto ele conversa no telefone e ponhe a mão na minha testa.

Acordo enrolada em uma pilha de cobertores depois de só tirar um cochilo. Minha boca está seca, levanto sentindo calor, sufocada. O frio atinge minha coluna. Elias está no chão do lado cama encarando o nada, acordado. Deixo escapar um som ruidoso da minha garganta.

Ponho a mão na cabeça, doi. Puxo um cobertor para me proteger:
— Vai passar, não precisa cuidar de mim…

— Foi na farmácia, comprei todo tipo de remédio. Um amigo que é médico disse que você precisa ficar aquecida e descansar. — Se levanta sentando na ponta da cama, tem uma sacola com remédios suficientes para ter uma overdose. Tira alguns da sacola me mostrando. — Esse é pra dor de cabeça, e esse pra febre, tem para enjoo e dor de garganta, qual você quer primeiro?

Pego o para dor de cabeça, e tem um copo com água me esperando. Franzi a testa, isso é tão estranho. Não lembro da ultima vez que alguém que não fosse a minha irmã tenha feito algo assim por mim. Ok, ela não é a pessoa mais agradável do mundo, mas deve uma época que ela não era assim.

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