22: 3 dias!

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Elias

Suas pernas me apertam mais enroscadas nas minhas, enquanto ela dorme em cima de mim. Acaricio sua bochecha. Foi tudo que fiz durante a noite, fechei os olhos quando sua respiração estava profunda.

Acordo abraçando um travesseiro. Procuro ela em todo canto. Olho em volta. Me arrasto pela cama e levanto quando chego na beirada. Vou em direção a porta do quarto, quando ela sai do banheiro enrolada em uma toalha.

— Onde você vai? — Vem até mim nervosa, preocupação gritando na sua expressão.

Tiro a mão da maçaneta:
— Ia te procurar.

Concorda parando de vir na minha direção. Ela muda o caminho indo até o guarda-roupa. Sigo com os olhos. Deixa a toalha cair, me dando a visão da sua bunda empinada e seus peitos de lado. Seu cabelo molhado é quase tao tentador quanto solto. Me aproximo enquanto ela se veste.

Coço os olhos, ainda sonolento, com vontade de voltar para a cama e ficar com ela agarrada em mim como um urso de pelúcia.

— Vou fazer o café da manhã. — Aviso.

Veste o sutiã pegando qualquer vestido. Suas mãos tremem e Serena balança a cabeça sem olhar pra mim. Fico parado no mesmo canto. Encarando calmamente.

— O que está errado?

Se vira para mim perdida, ri sem humor:
— O que está errado! Bem, eu tentei não me importar. Mas você pode me dizer o que realmente sente por mim?

— Por que isso agora? — Se afasta quando tento tocá-la. Serena engole o choro. — Eu não entendo...

Me desculpe, se eu te amo, droga! — Está completamente magoada. — Só, só me dê um tempo, ok?

— Tempo pra quê? — Estreito as pálpebras. Mordo o lábio e contendo o nervosismo.

— Pra ficar sozinha. Preciso pensar, e com você perto… Não ajuda muito! — Faz um gesto com a mão me dispensado.

Ando na sua direção confuso. Ela anda para trás se afastando com as mãos na frente do corpo.

— O que isso quer dizer? — Levo a mão ao seu cabelo e Serena me bate.

— TEMPO! — Repete a palavra agoniada comigo indo cada vez mais para perto dela. — Sabe o que significa espaço pessoal? — Vejo ela completamente frustrada.

Fixo meus pés no chão:
— Não, e não quero saber!

Agora sou eu que está bravo. Faço tudo por ela e é assim que sou tratado no fim. Como o vilão da história? Passo a mão no cabelo. Lhe lanço um último olhar antes de sair. Não quero brigar, e não quero ser o motivo dela ficar longe. Ainda não me perdoei por ter feito aquilo na frente dela. Sabia que se ela visse com seus próprios olhos como realmente sou, alguma coisa ia mudar. Eu desmebrei um cara, e eu faria de novo. Aquele dia no aniversário dela, aquele ombro machucado, a voz de choro, nada daquilo me desceu. Lá no fundo eu sabia.

( … )

Levo seu café e deixo a bandeja na porta. Com um pouco de ração e água. Fico na sala jogado no sofá esperando ser lembrado. Prefiro quando ela fica grudada em mim, do que quando não quer nem olhar na minha cara.

À tarde vou tentar abrir a porta. Cansado de ficar nesse clima pesado como se tivesse morrido alguém. Giro a maçaneta e ponho a cabeça para dentro. Serena está falando com alguém no telefone. Parece importante, mas não tanto assim.

— Sim, tudo bem. Eu posso ir… — Se cala quando me vê. Entrou no quarto. Ela se vira, se despede e desliga.

Começa a falar antes que eu pergunte qualquer coisa:
— Era a minha irmã, o papai quer falar com nós duas sobre a herança da minha mãe.

Concordo com a cabeça. Cruzo os braços para não lhe abraçar. Ela passa por mim, seu perfume quase me faz esquecer porque tenho que ficar parado no mesmo lugar como uma estátua.

Serena pega sua bolsa e coloca algumas roupas, divagando, murmurando para ninguém em especial:
— Sabe se aquele policial não tivesse matado ela…

— Como ele era? — Pergunto baixo tentando não pensar muito.

— Ruivo, com uma queimadura na mão! — Cita como se tivesse visto pessoalmente.

Franzi a testa.

— Não, se me lembro bem da ficha da sua mãe, ele não era ruivo, tão pouco com cicatrizes! — Volta a atenção para mim confusa.

— Claro, mas meu pai não mentiria para mim. Tenho certeza que você leu errado! — Pega um monte de roupas e empurra na bolsa. — E por favor pare de saber de tudo sobre a minha família como um stalker!

Me aproximo, reviro os olhos com a menção àquele degenerado. Seguro sua mão porque duas mudas de roupa são suficientes.

— Acho que já tem roupas demais!

— Talvez não tenha, talvez eu fique lá uma semana ou duas! — Retruca.

— E talvez eu vá buscá-la hoje mesmo. — Me inclino ficando mais perto.

— Talvez eu não queira que você vá! — Cutuca meu peito.

Olho para baixo. Antes que eu perceba estou agarrando seu pescoço por trás e esmagando seus lábios nos meus, Serena se pendura no meu pescoço retribuindo. Seguro seu quadril deslizando a mão para sua bunda. Puxo ela para mim. Lhe beijando como um viciado.

Deixo que respire e ela tenta me empurrar, tirando minha mãos da sua pele macia.

— Porque você não pode apenas dizer também… — Resmunga algo que não consigo entender direito. Ela se afasta rapidamente.

3 dias! — É o meu limite, estourando.

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