Capítulo 6 - Sinais

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Sunisa Lee

— Você estava tão linda, querida. — Disse Blake, meu padrasto, enquanto eles assistiam novamente minhas apresentações.

— Obrigada pai, foi por vocês. — Respondi, me aproximei de sua cadeira de rodas e beijei sua testa. — Está confortável?

— Sim, querida. — Ele sorriu. — Quando voltar do treino pode passar no mercado?

— Claro, onde está a lista? — Perguntei.

— Sua mãe deixou em cima da mesa.

— Suni, eu posso ir te ver no treino? — Minha irmã mais nova, Sophia, perguntou. Ela mostrou um sorriso banguela.

— Eu venho te buscar. — Ela pulou no sofá, sendo controlada pelo pai. — Até mais tarde.

Passando pela cozinha, aproveito para pegar uma fruta e a lista do mercado. Era bom voltar na casa que havia crescido, mesmo que por apenas uma semana antes de voltar para meu apartamento e a vida louca de morar sozinha.

Uma foto pendurada na geladeira me atraiu, peguei meu celular e fotografei, enviando para Gabriela.

Era uma foto do meu primeiro dia no treino, eu tinha em torno de 6 anos e mal sabia o que o futuro aguardava.

Suni: Seus filhos poderiam ter essa carinha.

Eu digitei isso mesmo? É sério mesmo? O que essa mulher está fazendo na minha cabeça, não é possível explicar...

Estar de volta ao campus de Nova York era um alívio, uma espécie de normalidade que me permitia esquecer, por algumas horas, a pressão constante da ginástica. O  campus estava agitado como sempre, e me senti uma entre milhares, o que era um alívio. Em meio a tantos rostos, eu podia me perder e, por alguns momentos, deixar de ser "Sunisa Lee, a ginasta olímpica". Mas, claro, não por muito tempo.

Ao entrar no prédio do departamento de Ciências Sociais, fui recebida por um grupo de colegas que rapidamente se transformou em uma pequena comemoração improvisada. Balões, placas com "Bem-vinda de volta, campeã!" e até uma faixa estendida no corredor. Era reconfortante, e ao mesmo tempo, um lembrete constante de que eu nunca poderia escapar completamente da minha identidade pública.

— Suni! — Megan acenou para mim do outro lado do corredor assim que entrei no prédio do departamento de Ciências Sociais. Ela estava com um café em uma mão e um caderno em outra, equilibrando tudo com a graça de uma pessoa que já dominava a arte da vida universitária.

— Ei, Meg! — Respondi, abrindo um sorriso cansado, mas sincero.

Megan sempre foi uma das minhas amigas mais próximas aqui. Ela não era uma atleta, mas isso nunca importou para nós. Nos conectamos em um nível mais profundo, compartilhando não só as trivialidades do dia a dia, mas também os dilemas mais complexos da vida.

— Como foi em Paris? Eu devo admitir que você estava incrível. — Ela sorriu antes de me puxar para um abraço.

— Foi inesquecível, mais medalhas para minha coleção. — Respondi. — Tenho tanta coisa para te contar...

— Vou passar na sua casa após seu treino, pode ser? — Ela perguntou.

— Claro.

— Como está a sua família? — Meg perguntou.

— Estão bem. Blake tem seus dias difíceis, mas ele está se mantendo firme. Sophia, por outro lado, está crescendo rápido demais para meu gosto. Ela quer ir para todos os meus treinos agora. — Dei risada. — Estou ficando com eles enquanto minha mãe e Sammy estão na China.

Através de saques e saltosOnde histórias criam vida. Descubra agora