Capítulo 17 - Perto de você

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Sunisa Lee

Algumas semanas depois.

Eu não conseguia parar de mexer no celular, mesmo sabendo que estava sem sinal de internet. A ansiedade tomava conta de mim enquanto o avião atravessava as nuvens escuras em direção à Itália. Não era apenas a viagem em si, mas o que me esperava do outro lado — Gabriela.

Faz meses desde as Olimpíadas em Paris, quando nos vimos pela última vez. Apesar das incontáveis mensagens, ligações e videochamadas, nada se comparava à expectativa de finalmente estarmos juntas de novo. Sentia o coração pulsar acelerado no peito só de pensar que dessa vez, eu não precisaria me conter diante dela.

Olhava pela pequena janela do avião, vendo o breu do céu noturno contrastar com as luzes de algumas cidades distantes abaixo de nós. Tudo parecia silencioso lá fora, mas dentro de mim, o barulho era ensurdecedor. Uma mistura de ansiedade, medo e empolgação. Eu não sabia ao certo como seria esse encontro. Não sabia se seria desconcertante, emocionante ou simplesmente natural, como se o tempo e a distância não tivessem feito diferença. Mas o que eu sabia é que estava morrendo de saudades.

Gabriela havia sugerido que eu chegasse de madrugada para evitar a atenção da mídia. Por sermos atletas públicas, qualquer movimento em um lugar movimentado como Conegliano poderia virar um circo. Concordei imediatamente. Além disso, havia algo romântico na ideia de um encontro às escuras, longe dos olhos do mundo, só eu e ela.

Respira, você precisa lembrar de respirar

Repetia para mim mesma, enquanto encarava a tela do assento à minha frente, indicando o tempo restante de voo, que era cada vez menor. Decido levantar e ir ao banheiro novamente, checar se a maquiagem estava boa e se a roupa estava legal.

Me encaro no espelho da pequena cabine alguns segundos, passo a mão pelos meus cabelos, jogando as ondas para o lado que gostava. Aproveito para retocar o gloss nos lábios e percebo que estava tremendo um pouco, maldita ansiedade!

Enquanto o avião começava a descer, o friozinho no estômago se intensificou. Peguei meu casaco, tentando não pensar demais no que aconteceria. Eu já havia competido em campeonatos mundiais, enfrentando os maiores desafios no ginásio, mas nada se comparava a esse momento. Porque dessa vez, não era apenas sobre mim, era sobre nós.

Assim que o avião aterrissou e as luzes da cabine acenderam, senti o estômago revirar. Coloquei o casaco e, antes de seguir pelo corredor, respirei fundo mais uma vez. Cada passo parecia ecoar com a ansiedade que me consumia, mas também com a urgência de finalmente vê-la.

Quando as portas se abriram e saí para o saguão de desembarque, meu olhar percorreu o espaço quase vazio. Era madrugada, poucas pessoas circulavam pelo aeroporto de Conegliano, passei pelo desembarque, peguei minhas malas e segui para a saída do aeroporto.

Meu coração disparou quando avistei a silhueta inconfundível à distância, Gabriela estava lá. Imóvel, segurando um buquê de rosas vermelhas, vestindo uma jaqueta que a fazia parecer ainda mais alta e imponente do que eu lembrava. Meu coração parou por um segundo.

Era ela.

E, ao mesmo tempo, parecia diferente. Talvez fosse o brilho no olhar, o jeito como o sorriso tímido surgiu em seus lábios quando nossos olhares se encontraram. Ou talvez fosse apenas o fato de que, mesmo à distância, algo entre nós já tinha mudado.

Caminhei em sua direção, sentindo uma mistura de medo e excitação. A cada passo, minha respiração ficava mais curta. Quando finalmente parei em frente a ela, o mundo pareceu desacelerar por um instante e a única coisa que consigo fazer, é rodear seu pescoço com meus braços em um abraço apertado.

Através de saques e saltosOnde histórias criam vida. Descubra agora