Capítulo 12 - Santa Gabriela

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Sunisa Lee

Algumas semanas se passaram desde a última mensagem trocada com Gabriela. A partir dali, nos tornamos espectadoras silenciosos uma da outra. Ela via todas as minhas atualizações nas redes sociais e deixava sua curtida; inevitavelmente, eu fazia o mesmo. O American Gold Cup, o maior campeonato de ginástica, estava se aproximando, e os treinos tornaram-se cada vez mais longos e difíceis. Isso manteve minha mente ocupada o suficiente para não pensar nela o tempo todo. Depois dos treinos, eu só conseguia me jogar na banheira com gelo, me entupir de analgésicos e dormir.

— Oi, Suni! — Sophia gritou assim que me viu na entrada do seu colégio.

— Oi, irmã.

— Adorei que você veio me buscar hoje. — Ela sorriu, agarrando meu braço. Tirei algumas fotos com as crianças que pediram enquanto esperávamos. — Suni, tem algo de errado com você? — Perguntou ela.

— Por quê?

— A mamãe comentou que percebeu algo diferente em você.

— E o que mais ela disse? — Perguntei, tentando manter a voz neutra.

— Ela disse que você está pegando pesado no treino, não está comendo direito no almoço e está saindo muito tarde. — Soltei um suspiro.

— Eu só quero manter meu título, só isso. — Respondi, acariciando o rosto dela. — Está tudo bem com a mana.

— Então tá.

Minha mãe, Yeev, havia pedido para deixar Sophia na loja antes de irmos para o treino. Estacionei em frente ao estabelecimento e ajudei Sophia a descer do carro com segurança.

Meu padrasto, Blake, estava finalizando um atendimento e sorriu quando nos viu. Sophia correu para os fundos do local para guardar suas coisas, enquanto eu me encostava no balcão e pegava meu celular.

A primeira imagem que apareceu foi a de Gabriela em um ensaio fotográfico para a Nike.

"Essa mulher é tão linda, como isso é possível?", pensei.

— Quem é essa? — A voz de Sophia me assustou, fazendo com que eu bloqueasse a tela rapidamente.

— Uma amiga, só uma amiga.

— Suni, você está babando por uma amiga? — Sophia provocou.

— Sophia, pare de encher sua irmã! — Meu padrasto nos interrompeu com uma risada, e eu soltei um suspiro. Fui até ele e o abracei lateralmente.

— Como você está? — perguntei.
— Hoje, até que a dor está suportável — ele respondeu.

— A mamãe está vindo?

— Sim, ela saiu do hospital agora há pouco. — Concordei com a cabeça em resposta.

— Sophia, vá buscar uma boneca para levarmos ao treino, o que acha?

— Ótima ideia! — Ela saiu correndo novamente.

— Ela me disse que a mamãe está preocupada comigo. Você sabe que estou bem, certo?

— Está mesmo bem? — Ele me encarou, com as sobrancelhas franzidas. — Essa amiga que a Sophia mencionou... é mesmo só uma amiga?

— Vai ter que ser. — Sorri sem humor.

— Ah, entendi. Dor de amor então? — Ele riu.

— Não é isso... é mais complicado.

— O que é complicado? — A voz firme da minha mãe soou atrás de nós. — Está tudo bem, campeã? — Concordei com a cabeça, sentindo seu toque pesado em meu ombro. Blake me olhou e fiz um sinal de negativa com a cabeça.

Através de saques e saltosOnde histórias criam vida. Descubra agora