Capítulo 26 - Achei que fossemos coisa de alma

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Sunisa Lee

Assim que Carol e Anne deixaram o apartamento, o sorriso mais falso que já havia colocado no rosto sumiu. Saber que aquelas flores, que eu cuidei e coloquei no vaso, ao lado da cama era uma lembrança pertinente de Rebeca, que parece ter tanto interesse em Gabriela.

Eu estava tão decepcionada.

— Só vamos... Conversar, tudo bem? — Gabriela disse e antes que ela conseguisse tocar em mim, me afastei da mesma.

— Por que não me contou? — Perguntei, sem fazer contato visual com ela. Enquanto meu peito parecia estar prestes a explodir e o nó em minha garganta apenas crescia.

— Suni... — Ela suspirou pesado. — Eu só quis evitar que...

— Evitar isso? — Perguntei, a interrompendo. — O que você tem com ela? É um jogo? Quer ver com quem se diverte mais?

— Claro que não, Suni. — Ela respondeu e tentou se aproximar mais uma vez.

— Não! — Disse um pouco mais alto, me afastando de seu corpo. — Não toque em mim, por favor. — Pedi. — O que eu falei para você? Quando recebeu essas malditas flores, Gabriela?

— Eu sei...

— Eu pedi para ser sincera comigo e... Eu não entendo. — Neguei com a cabeça. — Por que? Porque não consegue ser sincera comigo, caralho. — Encarei seu rosto.

— Eu não queria estragar nosso momento, eu estava pensando nisso, estava pensando na gente. — Gabriela falava como se fosse óbvio, como se fizesse sentido. — Suni, eu gosto de você. Eu quero você.

— Desculpa mas, se não for sincera comigo... Não vai me ter. — Respondi. — O que essa garota quer com você?

— Eu não sei, eu juro. — Cruzei os braços, encarando-a. — Talvez ela tenha interesse em mim mas, eu nunca fiz nada... Eu não a vejo dessa forma.

— O que ela escreveu no cartão? — Perguntei e aquilo pareceu desarmar Gabriela. — Fala.

— Suni. — Gabriela estava receosa.

— Oh Deus, você ainda quer esconder algo de mim? — Soltei uma risada irônica. — Achei que fossemos coisa de alma, Gabi. — Uma lágrima desceu pelo meu rosto. — Eu achei que... Eu achei que ao voltar para casa, estaria decidida em viver essa vida com você.

— Ei, é isso que eu quero. — Gabriela sussurrou. — Suni, por favor.

— Por favor? Gabriela, não seja ingênua. — Pedi. — Se coloque no meu lugar, não é a primeira vez que ela se coloca em nosso meio.

— Por isso mesmo, Sunisa! Eu não quero ninguém entre nós, quero proteger isso que nós temos. — Ela pousou as mãos na cintura. — Eu jamais esperava sentir isso de novo, isso que você me proporciona.

— Então me mostra. — Pedi. — Me mostra o que ela escreveu na porra do cartão.

Gabriela hesitou, seu olhar estava baixando enquanto a tensão crescia entre nós. Eu esperava, meu coração batendo forte no peito. A cada segundo que ela permanecia em silêncio, mais me afastava emocionalmente, como se algo entre nós estivesse desmoronando.

— Gabi... — Minha voz estava suave, quase quebrada, cheia de frustração e dor. — Eu estou te pedindo uma única coisa: sinceridade. Você me deve isso.

Ela suspirou profundamente, parecendo se preparar para o que vinha a seguir. Caminhou até a mesa da sala onde estava seu celular e retirou um cartão de trás de sua capinha e arqueei as sobrancelhas surpresa, enxugou a lágrima rapidamente antes de pegar o cartão de sua mão.

Através de saques e saltosOnde histórias criam vida. Descubra agora