Capítulo 16 - Estreia em campo

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Gabriela Guimarães

Hoje é o dia. A estreia na Liga Italiana com a camisa do Conegliano. Meus nervos estão à flor da pele, mas ao mesmo tempo, há uma adrenalina gostosa correndo por todo o meu corpo. Ao pisar na quadra, sinto o impacto do ginásio lotado, o barulho ensurdecedor dos torcedores e aquele cheiro inconfundível.

Isabela, minha amiga e parceira de time, se aproxima com aquele sorriso confiante que sempre me tranquiliza.

— Preparada para arrasar, Gabi? — Ela pergunta, com um brilho nos olhos, como se a vitória já estivesse garantida.

— Pronta para jogar com a minha dupla. — Sorrimos. — É muito bom estar do mesmo lado da quadra que você, outra vez. — Caminhei até a mesma, a puxando para um abraço.

— É mesmo, nosso time está completo com sua chegada. — Ela respondeu. — Vem, vamos treinar antes da partida.

— Acredite, ninguém vai segurar a gente. Estamos prontas para esse momento. — Disse. Olho em volta e vejo o time todo se preparando, cada uma com seu ritual, com seu jeito de encontrar concentração.

Segui para o vestiário para colocar a roupa do jogo e encarei o espelho, checando se meu cabelo estava bom. Carol havia arrumado antes que eu saísse do prédio, ela me ajudava muito com esse toques femininos que não eram minha especialidade. Meu celular vibrou e sorri ao ver o nome de Sunisa aparecer na tela.

Suni: Acabei de chegar do treino, babe. Eu e Sammy vamos torcer pela melhor do mundo.

Era incrível como essa garota era capaz de melhorar meu dia com uma simples mensagem, não via a hora de poder tê-la aqui, torcendo por mim.

O ginásio estava lotado, a torcida do Conegliano cantando e batendo os pés no chão, transformando o ambiente em um caldeirão. Do outro lado, o time adversário, o Novara, estava determinado a dificultar cada movimento meu. Eu senti o peso das expectativas – de minha equipe, dos torcedores, de mim mesma.

Desde o início do jogo, eu sabia que seria uma batalha. Toda vez que eu me posicionava na rede, a levantadora do Novara lançava bolas rápidas para as pontas, tentando me forçar a correr de um lado para o outro, testando meu posicionamento defensivo. E quando finalmente era minha vez de atacar, sentia três bloqueadoras esperando, como predadoras prontas para o abate.

O primeiro set foi um choque. Eles estavam marcando todos os meus movimentos. Cada ataque que eu tentava era imediatamente respondido com um bloqueio forte, e meus golpes pareciam menos eficazes do que jamais haviam sido. Era como se cada vez que eu subia para atacar, a quadra inteira diminuía, e as chances de marcar um ponto se tornavam escassas. Perdemos o set por uma margem apertada, 25-23.

Respirei fundo, tentando manter a calma. Olhei para Isa ao meu lado, suando, mas com aquele olhar determinado de sempre.

— Vamos pegar o ritmo, Gabi. — Isa murmurou, tocando meu ombro. — Eles não conseguem manter isso por muito tempo. Confia!

Eu balancei a cabeça, tentando me reerguer mentalmente. O segundo set começou, e decidimos mudar nossa estratégia. Começamos a jogar mais pelas extremidades da quadra, tentando abrir espaço para os ataques no meio. Funcionou por um tempo. Isa estava incrível, acertando bolas rápidas que passavam como relâmpagos entre as bloqueadoras. Eu comecei a sentir o fluxo, comecei a encontrar meu ritmo.

Mas o Novara era incansável. Empatamos em 1 a 1, mas no terceiro set eles voltaram ainda mais fortes. Me marcaram de novo, me dobrando em bloqueios que pareciam intransponíveis. Eu sentia a frustração crescer dentro de mim a cada ponto perdido, mas eu sabia que não podia deixar isso me dominar.

— Relaxa, Gabi! — Isa gritou durante um tempo técnico. — Usa a cabeça! Eles estão esperando a sua força. Muda o ritmo, joga mais bolas colocadas.

Através de saques e saltosOnde histórias criam vida. Descubra agora