Capítulo 23 - Uma pequena surpresa

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Gabriela Guimarães

O tempo parecia ter parado para nossos dias na casa do lago, eu não tinha palavras para descrever o quanto aquele lugar se tornou nosso refúgio e, ao mesmo tempo, nosso paraíso. Acordar ao lado de Sunisa, observando-a serena e tão linda, mesmo descabelada, era um privilégio que eu saboreava em silêncio. Ter seu corpo real, tão perto do meu, não era apenas uma fantasia distante — era a realidade que eu vivi nesses dias.

Todas as manhãs, sem exceção, eu a admirava por alguns longos minutos antes dela acordar, aproveitando a quietude. Às vezes, um pequeno beijo no rosto se tornava algo mais... uma forma de nos lembrarmos de como éramos intensas uma com a outra. Nossa química era inegável, como se fôssemos desenhadas para nos conectar, sem esforço. Durante aqueles momentos, palavras nem sempre eram necessárias; nossos corpos se entendiam, como se tivéssemos uma ligação telepática.

Depois dessas manhãs mais intensas, passávamos o dia relaxando. Um dos meus momentos preferidos foi o dia em que decidimos sair para pescar no lago. Nenhuma de nós tinha ideia de como fazer aquilo direito, mas foi divertido demais. Acabamos sem pegar nada, mas a risada de Sunisa, quando a isca escapou do anzol pela terceira vez, foi contagiante.

— Acho que pescar não é o nosso forte. — Disse Sunisa, secando as lágrimas de tanto rir.

— Com certeza não. Mas posso te compensar com o jantar. Prometo que será melhor do que o peixe que não conseguimos pegar. — Brinquei, puxando-a para um beijo rápido. Eu estava viciada nessa garota, estar perto dela acendia coisas inimagináveis em mim e em momentos completamente inesperados.

Às vezes, bastava um olhar ou um sorriso dela para meu corpo responder de maneiras que eu nem sabia que era capaz. Não era só o desejo físico — era a forma como ela preenchia o ambiente, como seu jeito suave e, ao mesmo tempo, determinado fazia meu coração acelerar.

Em uma das manhãs, decidi tentar algo novo. Enquanto Sunisa ainda estava se espreguiçando na cama, com o rosto sonolento e amassado pelo travesseiro, joguei a ideia de fazermos yoga juntas. Sabia que ela não era muito fã de exercícios tão tranquilos, mas, para minha surpresa, Suni aceitou o convite.

— Isso vai ser engraçado, Gabi. Eu não sou muito boa em ficar parada... — Ela confessou.

Montamos nossos tapetes na varanda, com a vista incrível do lago à nossa frente. A brisa fresca da manhã parecia perfeita para uma sessão de yoga, e, apesar de Sunisa rir das poses complicadas e se enrolar toda em alguns momentos, foi uma experiência inesquecível. Eu estava tão acostumada a essa prática, que vê-la tentando se concentrar — e ao mesmo tempo fazendo graça de si mesma — me fazia sorrir o tempo todo.

— Acho que minha flexibilidade é mais para as barras, Gabi. — Ela zombou, deitada no tapete, sem conseguir fazer uma das poses.

— Tudo bem, amor. Vou pegar leve com você na próxima! — Respondi, rindo enquanto a ajudava a se levantar.

Esse tipo de momento leve e descontraído também definia o que éramos. Não era apenas a intensidade física que compartilhávamos; eram esses detalhes diários, essas risadas e desafios bobos que tornavam nossos dias juntas tão completos. A viagem também teve seus momentos de pura diversão. Em uma tarde, decidimos cozinhar juntas, o que acabou virando uma bagunça completa na cozinha, com farinha por todo lado e uma competição de quem fazia a melhor panqueca.

E na última noite na casa, decidi me aventurar com algumas das receitas que pedi para minha mãe me enviar. A ideia era fazer algo especial, uma espécie de despedida simbólica daquele lugar que se tornou tão nosso em tão pouco tempo. Enquanto eu tentava seguir as instruções no celular, Suni estava bebendo vinho no outro lado da bancada.

Através de saques e saltosOnde histórias criam vida. Descubra agora