Capítulo 13 - Minha campeã

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Gabriela Guimarães

Fiquei acordada até tarde, a voz suave de Sunisa enchendo meu quarto enquanto conversávamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Falamos de nossas rotinas, nossos sonhos, nossos medos. Ela parecia tão real, tão próxima, mesmo a milhares de quilômetros de distância. E então, em algum ponto, ela começou a ficar em silêncio, os olhos piscando lentamente até se fecharem. Quando percebi, ela já estava adormecida, seu rosto sereno iluminado pela luz da tela. Fiquei ali, olhando para ela, sentindo uma ternura que há muito tempo não sentia por ninguém.

Era como se, de alguma forma, aquele momento simples, de vê-la dormir, tivesse me mostrado o quanto eu não queria que Sunisa fosse apenas mais uma passagem em minha vida. Eu não podia deixar que fosse só mais um romance breve, perdido na distância e no tempo. Eu a queria por perto, em cada momento, cada riso, cada conversa profunda que pudéssemos ter. Eu queria que ela estivesse comigo, de alguma forma, apesar de todos os obstáculos. Quando finalmente desliguei a chamada, já era madrugada. Senti o peso da exaustão, mas, ao mesmo tempo, meu coração estava leve, flutuando. Fui dormir com um sorriso no rosto, pensando em como seria o dia seguinte.

[...]

Acordei cedo, ainda sentindo o efeito da noite anterior. Meu coração batia acelerado, mas de um jeito bom, de um jeito que fazia meu corpo todo parecer mais leve.

Coloquei meus tênis de corrida e saí para um trote matinal com minha amiga de longa data, Isabela. Jogamos juntas por muito tempo e após alguns anos separadas, voltamos para o mesmo time.

Isabela é como uma irmã, de outra mãe sueca, nossa conexão é como se fosse de outras vidas e ninguém é capaz de me entender como ela.

Enquanto corríamos pela trilha cercada por árvores, o sol já começava a brilhar forte no céu, e Isabela não demorou a notar meu sorriso radiante.

— Alguém está com cara de apaixonada... — Ela comentou, arqueando uma sobrancelha.

— E estou. — Admiti, rindo. Não fazia sentido esconder, não dela.

— Conta tudo. Quem é a sortuda? — Ela perguntou, curiosa.

— Sunisa. — Disse seu nome com um suspiro feliz, e vi a surpresa nos olhos de Isa.

— Sunisa? A ginasta? Aquela que todo mundo comentou depois das Olimpíadas? — Ela parou e me encarou com um misto de espanto e animação. — Como vocês se conheceram?

— Em Paris. — Contei, sorrindo com a lembrança. — Fui assistir uma das finais da Rebeca e ela conseguiu tomar minha atenção.

— Ela está muito famosa na internet. — Isabela comentou. — E como ela é? — Isabela perguntou enquanto retomamos o ritmo da corrida.

— Incrível. — Sorri, ainda sentindo a leveza de falar sobre Sunisa. — Ela é intensa, determinada, mas também é doce, engraçada. E há algo nela... uma luz, uma paixão. Eu simplesmente me sinto atraída por ela de um jeito que não consigo explicar. E ela vai competir hoje em um campeonato importante.

— Uau, isso parece sério. — Isabela sorriu. — Espero que ela saiba o quanto ela é sortuda de ter você na vida dela.

— Ela sabe. — Respondi com confiança. E não demorou para que o meu telefone vibrasse no bolso, uma notificação de mensagem de Suni. Parei de correr por um momento para abrir a mensagem, meu sorriso ampliando ao ler o que ela havia mandado.

Suni: Bom dia babe, dormiu bem? Me desculpa ter apagado, eu estava tão cansada!

Eu não pude evitar sorrir ainda mais largo.

Através de saques e saltosOnde histórias criam vida. Descubra agora