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O zumbido nos ouvidos de Harry ficou mais alto, um gemido agudo que abafou todas as outras sensações. Sua visão ficou turva, depois escureceu, e ele sentiu-se caindo, caindo em um abismo de inconsciência. Quando finalmente se mexeu, Harry se viu deitado em uma cama macia, o vestido do hospital substituído por um pijama confortável. Um pano úmido estava em sua testa, esfriando seu suor. Ao lado da cama, uma nova muda de roupa o aguardava, como se ele precisasse se levantar e se movimentar em breve. A mulher goblin havia saído do quarto, deixando Harry sozinho com seus pensamentos. Mas a mente do garoto estava em branco, sua alma desconectada de seu corpo como se por alguma força invisível. Ele não conseguia se mover, não conseguia falar, só conseguia ficar ali deitado e se perguntar o que estava acontecendo com ele, o que os "tratamentos" de Griphia poderiam finalmente conseguir. Horas passaram em uma névoa de desconforto e desorientação, o corpo de Harry doendo pelos procedimentos desconhecidos que ele havia sofrido. Então, lentamente, ele sentiu-se voltando à consciência. Seus olhos se abriram, o quarto de hospital mal iluminado entrando em foco. A mulher goblin estava ao lado de sua cama, seu rosto marcado pela preocupação.

— Sr. Potter, não se mova muito —, ele advertiu gentilmente, sua voz suave como um bálsamo quente. A cabeça de Harry latejava, cada músculo gritando por descanso. Ele tentou falar, mas sua voz surgiu como um mero coaxar. O goblin ergueu um pequeno frasco cheio de um líquido brilhante. — Beba isso, é uma poção para dor —, ele pediu.

A garganta seca de Harry ansiava por umidade, e ele assentiu fracamente, aceitando o frasco com uma mão trêmula. A poção deslizou por sua garganta como fogo líquido, queimando os últimos vestígios de seu desconforto. Conforme a dor diminuía, Harry sentiu uma onda de tontura tomar conta dele. Ele fechou os olhos, sua respiração saindo em suspiros superficiais enquanto ele lutava para recuperar o equilíbrio. Os olhos de Harry se arregalaram quando o goblin levantou um pequeno espelho ornamentado.

— Você gostaria de ver sua nova aparência? —, ele perguntou, sua voz uma mistura de curiosidade e excitação.

A curiosidade venceu, e Harry estendeu a mão para o espelho, seu reflexo o encarando como o de um estranho. Seus olhos esmeralda brilhavam como a maldição da morte, um lembrete constante do amor que lhe fora concedido. O rosto infantil que ele conhecera antes dera lugar a expressões mais masculinas, mas as bochechas rechonchudas e o queixo duplo de sua juventude ainda permaneciam, um contraste que o fazia parecer jovem e sem idade ao mesmo tempo. Ao se levantar, Harry percebeu que seu corpo também havia passado por mudanças. Ele estava mais alto agora, seus membros mais longos e ágeis. Músculos em desenvolvimento se estendiam por seus braços e peito, um testamento da força que sempre estivera adormecida dentro dele. Ele flexionou as mãos, observando com admiração enquanto seus dedos se fechavam em punhos, os tendões em seus pulsos se destacando como aço com cordas. O coração de Harry disparou de excitação e trepidação enquanto ele olhava para sua nova forma, imaginando que outras mudanças os tratamentos de Griphia poderiam ter causado em seu corpo e alma.

As palavras do goblin cortaram a admiração de Harry por sua nova forma, seu tom grave e sério.

— Bem, eu recomendo que você comece a tratar seu lobo, porque ele foi selado por um longo tempo, seus instintos estão fora de controle e não queremos que você ataque ninguém, ok? —O sorriso da criatura era pequeno, mas continha uma riqueza de significado. A risada de Harry era leve e hesitante, seus olhos ainda fixos no espelho como se procurassem por alguma verdade oculta.

— Sim —, ele conseguiu dizer, sua voz tingida de desconforto.

O pensamento de seu lobisomem se transformando sem controle era assustador, e Harry sabia que precisaria encontrar uma maneira de domar a fera dentro dele em breve. Mas por enquanto, ele simplesmente se maravilhava com sua nova aparência, os tratamentos do goblin o alterando de maneiras que ele ainda estava descobrindo. Com um salto em seu passo, Harry se despediu dos goblins, agradecendo-lhes por seus cuidados e tratamentos misteriosos. Ele então saiu apressado de Gringotes, o ar bruxo fresco enchendo seus pulmões enquanto ele caminhava pelas ruas de paralelepípedos lotadas do Beco Diagonal. Em sua mão, ele segurava uma grande bolsa de couro cheia de um suprimento infinito de ouro, cortesia do generoso presente de Griphia. Sua missão agora era obter os materiais necessários para sua nova vida como Tom Riddle, o Lorde das Trevas que ele jurou derrotar. Enquanto ele navegava pelo mercado movimentado, a mente de Harry corria com as inúmeras possibilidades que estavam diante dele. Ele precisaria de novas vestes, uma varinha, talvez alguns itens encantados para ajudá-lo em sua busca por poder e vingança. Cada galeão que ele gastava o levava um passo mais perto de realizar seu destino sombrio, e Harry sentiu uma emoção de excitação correndo por suas veias. O mundo era seu brinquedo agora, e ele o moldaria de acordo com seus próprios desejos distorcidos. Com um sorriso malicioso, Harry mergulhou no coração do Beco Diagonal, pronto para reivindicar sua herança e começar sua descida rumo à escuridão. Alguns minutos se passaram em confortável solidão, a mente de Harry ainda cambaleando com o turbilhão de emoções e mudanças pelas quais ele havia passado. A porta da carruagem se abriu com um suave chiado, admitindo Draco Malfoy e seus companheiros da Sonserina, Pansy Parkinson e Blaise Zabini. Os três olharam para Harry com uma mistura de desprezo e curiosidade, seus olhos traçando sua nova aparência com uma mistura de desdém e fascinação.

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