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Ódio. Esse era o único sentimento que preenchia Dumbledore, enquanto ele se sentava na umidade e escuridão sufocante da cela nas masmorras da mansão de Voldemort. O outrora venerado diretor de Hogwarts, o grande líder da luz, estava agora reduzido a um homem derrotado, sem esperanças, sem planos, esperando apenas pela própria morte.

O silêncio era perturbador. A respiração pesada do velho bruxo ecoava nas paredes de pedra enquanto ele se recostava na parede fria, sentindo o gosto amargo da humilhação. Sua barba branca, agora manchada de sujeira, pendia desleixada sobre o manto rasgado, e seus olhos, outrora cheios de sabedoria, brilhavam com uma mistura de desespero e rancor.

Na pequena cela, a única companhia que ele tinha era Fawkes, sua fiel fênix. Ela se empoleirava silenciosamente em uma viga acima, as plumas vermelhas brilhando suavemente no meio da penumbra.

— Fawkes, minha amiga, — Dumbledore murmurou, sua voz rouca e enfraquecida. Ele se arrastou dolorosamente até a ave, estendendo a mão trêmula. — Me dê uma lágrima, por favor, para que eu possa me curar... para que eu possa fugir.

Havia súplica em sua voz, algo que Dumbledore raramente demonstrava. Ele sabia que as lágrimas da fênix poderiam curar suas feridas e lhe dar a chance de escapar desse pesadelo. Se ao menos Fawkes o ajudasse, ele ainda poderia tentar virar o jogo.

Os olhos da fênix pousaram nos dele, fixos e enigmáticos. Por um longo momento, ela não se mexeu. O silêncio entre os dois parecia eterno, até que, com um bater forte de asas, Fawkes levantou voo. As plumas rubras brilharam brevemente na penumbra, desaparecendo no corredor escuro.

Dumbledore ficou ali, ajoelhado e impotente, observando o espaço vazio onde sua fiel companheira estivera. O frio da realidade se instalou ainda mais profundamente em seu peito.

Ele estava sozinho. Verdadeiramente sozinho.

E não haveria redenção para ele.

As horas passavam lentamente na masmorra escura. Dumbledore, com o corpo cansado e a mente atormentada, assistia pela pequena janela com grades encantadas o ciclo ininterrupto do sol nascer e se pôr. O horizonte parecia distante, inalcançável, e cada movimento da luz do sol apenas servia para lembrar-lhe da liberdade que ele havia perdido. A cela era úmida, e o som de gotas caindo no chão de pedra fria ecoava constantemente, criando um ritmo inquietante que parecia zombar de sua desgraça.

Dumbledore estava fraco, a barba longa e manchada de sangue seco e sujeira, o manto rasgado e sujo de terra e fuligem. Cada movimento era um esforço, o corpo castigado pelas noites sem sono e pela fome que o corroía. Ele não tinha mais esperanças de escapar. Não com Fawkes o abandonando, sua última chance de redenção desaparecida.

De repente, um som suave de passos ecoou pelo corredor, vindo em sua direção. As pesadas portas da masmorra se abriram com um rangido, e a figura de Tom Riddle — ou Voldemort, como o mundo o conhecia — entrou, trazendo consigo um ar de leveza e ironia. Diferente do Voldemort que Dumbledore conhecera durante a guerra, a aparência de Tom havia mudado. Sua pele pálida estava mais saudável, os olhos azuis brilhavam com um brilho de triunfo, e o sorriso travesso em seus lábios finos mostrava que ele estava de excelente humor.

— Bom dia, Alvo, — Tom disse com uma voz melodiosa, quase brincalhona, enquanto se aproximava lentamente, as botas pretas estalando no chão de pedra. — Ou deveria dizer "boa tarde"? Ou talvez "boa noite"? Quem sabe, nas masmorras, o tempo parece não existir, não é? — Sua voz era cheia de sarcasmo, e ele deu uma risada suave enquanto se aproximava ainda mais.

Dumbledore, exausto, ergueu os olhos para o homem que agora dominava seu destino. Seus dedos trêmulos tentaram segurar a própria força, mas ele sabia que o confronto final estava próximo. Tom parou diante dele, olhando-o com a cabeça levemente inclinada, como se estudasse um espécime raro.

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