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Bom diaaa!

Enquanto a mente de Harry vagava durante a aula de feitiços, um gemido repentino ecoou pelas câmaras de seus pensamentos, a voz ofegante um sussurro sibilante em seu ouvido.

Oh, merda... — o apelo começou, as palavras do ômega pontuadas com suspiros desesperados. — Oh, o que você fez comigo, Harry?

E então, tão abruptamente quanto começou, a voz ficou em silêncio, deixando o alfa atordoado e vermelho de surpresa. Os olhos de Harry se arregalaram, seu olhar ficando distante enquanto ele juntava a verdade. Com o retorno de Tom à sanidade, veio um fortalecimento do vínculo entre eles, a conexão mental que eles compartilhavam evoluindo para algo novo e imprevisível. O alfa agora podia ouvir os pensamentos do ômega, cada memória e desejo compartilhados transmitidos diretamente de uma mente para a outra. Era um poder que era ao mesmo tempo estimulante e aterrorizante, cujas implicações Harry mal começou a compreender. Enquanto a luz da manhã filtrava pelas janelas da Sala Precisa, Harry se acomodou em sua cadeira favorita, com um olhar de introspecção no rosto. Ele fechou os olhos, concentrando sua mente no elo mental que agora o unia a Tom. Os primeiros pensamentos que surgiram em sua consciência foram uma confusão emaranhada de imaginações obscuras, a mente de Tom evocando cenários gráficos de tortura e tormento que fizeram o estômago do alfa revirar. Harry estremeceu, seus ouvidos zumbindo com os ecos dos desejos depravados do ômega. Em sua mente, ele viu as visões distorcidas que atormentavam os pensamentos de Tom - visões de servos não servindo bem o suficiente para satisfazer os caprichos cruéis de seu mestre. Cenas de arrombamentos brutais, o Ministério da Magia reduzido a escombros fumegantes enquanto a ira de Tom era liberada. E o pior de tudo, a imagem de Dumbledore, o sábio e venerável Diretor, gritando em agonia enquanto as fantasias mais sombrias de Tom ganhavam vida. Cada pensamento era um lembrete gritante do mal que espreitava na psique de Tom, uma ameaça constante ao frágil vínculo de confiança que agora existia entre eles. Apesar da natureza perturbadora do que estava testemunhando, Harry permaneceu resoluto em sua decisão.

— Tom? — O chamado mental de Harry ecoou pelo elo mental, a surpresa do ômega era palpável em sua resposta.

— Oh? Harry, é você? — A voz de Tom era um mero sussurro na mente do alfa, seus pensamentos lentos e desorientados.

Mas quando a presença de Harry se estabeleceu em sua consciência, o comportamento de Tom mudou, um vislumbre de cálculo acendendo em seu olhar safira.

— Sim, eu queria saber sobre a taça de Helga Hufflepuff... você sabe onde ela está? — o alfa perguntou, seu tom mental uma mistura de curiosidade e antecipação. A resposta de Tom foi um bocejo preguiçoso, seu foco vagando enquanto ele considerava a questão.

— No cofre de Bellatrix, em Gringotes —, ele respondeu após um momento de contemplação. — Ela vai conseguir para nós realizarmos o ritual de absorção.

A menção do envolvimento de Bellatrix enviou um arrepio pela espinha de Harry, o nome da bruxa das Trevas evocando imagens de beleza cruel e ambição implacável. Mas o alfa deixou esses pensamentos de lado, sua mente já a mil com as implicações da descoberta e os próximos passos em sua busca. Com sua conversa mental com Tom completa, Harry se levantou e se espreguiçou, sua mente se sentindo estranhamente leve apesar do assunto obscuro que eles tinham discutido. Ele se despediu da Sala Precisa vazia, aparatando de volta para Hogwarts enquanto o sol começava a se pôr sobre as ameias do castelo. O resto do dia passou em um borrão, Harry assistindo às aulas e fazendo os movimentos com um ar distraído. Seus pensamentos continuavam vagando de volta para Tom, o vínculo mental entre eles um zumbido constante no fundo de sua consciência. Conforme o dia chegava ao fim, Harry se viu ansioso pela solidão da sala comunal da Grifinória, onde ele poderia se perder em seus estudos e tentar afastar os pensamentos cada vez mais depravados do ômega de sua mente. Mas no fundo, ele sabia que a escuridão de Tom estava inextricavelmente ligada ao seu próprio destino, uma verdade que o emocionava e o aterrorizava em igual medida.

Conforme as semanas passavam, Hermione e Ron não conseguiam se livrar da sensação de que algo estava errado com Harry. O alfa parecia distante, seu foco vacilante e seu brilho habitual diminuído. Eles suspeitavam que ele estava sendo influenciado negativamente por alguém ou algo, mas os detalhes permaneceram elusivos. Sem que eles soubessem, o culpado por trás da distração de Harry era ninguém menos que Tom Riddle, os pensamentos e desejos cada vez mais sombrios do ômega eram um segredo aberto em seu vínculo mental. A amizade de longa data do trio estava prestes a ser posta à prova final quando Hermione e Ron decidiram resolver o problema por conta própria, determinados a "trazer Harry de volta" para o lado deles. O plano deles, tramado em segredo, centrava-se em reacender o antigo relacionamento de Harry com Ginny Weasley, um fato que Harry estava prestes a descobrir da maneira mais difícil. Tudo começou com uma reunião aparentemente inócua - uma celebração de algum tipo ou uma reunião casual de amigos. Hermione, sempre a intrigante, criou o cenário perfeito para sua armadilha se desenrolar. E como se fosse uma deixa, Ginny se viu "tropeçando" ou sendo "acidentalmente" empurrada para os braços de Harry. O beijo que se seguiu não foi surpresa para ninguém, exceto talvez para a própria Ginny, que ainda nutria sentimentos secretos pelo alfa.

— Desculpe! — Harry disse, sentindo uma onda de culpa e confusão imediatamente tomar conta de sua mente.

Ginny, completamente corada, balançou a cabeça tentando disfarçar o desconforto.

— Tudo bem — respondeu ela, claramente tentando minimizar o impacto do "acidente". Mas o constrangimento pairava no ar, deixando o ambiente estranhamente tenso.

O coração de Harry começou a acelerar, não por Ginny, mas pela ideia de que Tom poderia ter visto, ou pior, sentido o que acontecera. Ele estendeu sua mente, buscando a presença reconfortante de seu ômega, mas encontrou apenas silêncio. Sua mente, normalmente conectada a de Tom, estava vazia, como se uma barreira tivesse sido erguida entre eles.

— Tom? — Harry chamou mentalmente, com urgência. O silêncio que retornou o encheu de uma crescente inquietação.

Minutos se passaram, mas Tom não respondeu. Harry mordeu o lábio, preocupado. Normalmente, Tom respondia instantaneamente a qualquer chamado, especialmente agora que os dois estavam tentando solidificar a conexão alfa/ômega após tantas complicações. Decidido a descobrir o que estava errado, ele escreveu uma breve carta, suas palavras expressando preocupação e pedindo uma explicação. Ele amarrou o pergaminho à perna de uma coruja e a enviou, esperando que, ao menos, uma resposta pudesse aliviar seu coração.

Ele esperou impacientemente. Sentado perto da janela do Salão Principal, seus olhos observavam o céu, ansioso pela volta da coruja com notícias de Tom. O tempo parecia se arrastar. Mais tarde, quando a coruja retornou, Harry apressou-se em recebê-la. Ao remover o pergaminho de sua perna, seu coração afundou. Estava exatamente como ele o havia enviado—sem nenhuma resposta.

— O que diabos está acontecendo? — murmurou para si mesmo, frustrado e agora com uma pontada de desespero. Tom nunca ignoraria algo assim sem motivo.

Seu instinto alfa o alertava de que algo estava profundamente errado, e uma onda de preocupação o tomou. Será que Tom havia visto o beijo? Será que ele estava se sentindo traído? E se fosse algo mais? Harry precisava descobrir o que estava acontecendo.

Ele olhou de soslaio para Hermione e Ron. Algo em seus comportamentos parecia... calculado. Suas palavras, seus olhares, tudo parecia se alinhar de maneira estranha com o que acabara de acontecer. Será que eles sabiam o que estavam fazendo?

Com a mente repleta de dúvidas e uma crescente desconfiança em relação àqueles que antes considerava amigos, Harry sentiu que estava apenas começando a arranhar a superfície de algo maior. A traição de Hermione e Ron poderia ir mais fundo do que ele jamais havia imaginado.

Determinou-se, então, a confrontar Tom pessoalmente. Ele não podia deixar que mal-entendidos como aquele prejudicassem o laço entre eles. Tom era seu ômega, e Harry faria qualquer coisa para proteger sua relação, especialmente de manipulações externas.

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