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Nagini deslizou silenciosamente pelo chão frio do quarto de Tom, os olhos penetrantes observando Harry, que andava de um lado para o outro como um animal enjaulado, claramente perturbado. Seus movimentos eram tensos, e ele mal notava a presença da serpente até que ela se enrolou suavemente em torno de suas pernas, interrompendo seu ritmo frenético.

— Tom precisa de você. — Nagini sibilou suavemente, sua voz cheia de uma sabedoria silenciosa. Seus olhos observavam o alfa com uma mistura de compaixão e urgência.

Harry parou, finalmente prestando atenção nela, sua expressão ainda cheia de conflito.

— Diga a verdade para ele. — continuou Nagini, ajustando seu corpo ao redor de Harry em um gesto quase reconfortante. — Ele vai entender. — Sua voz suave, mas firme, soava cheia de certeza. — Tom é só um menino com medo de ficar sozinho. Pobre criança...

Aquelas palavras penetraram fundo em Harry. Ele sabia que Nagini estava certa. Tom, apesar de todo o poder e controle, carregava uma profunda insegurança e medo de abandono. Harry suspirou, sentindo o peso da verdade pressionando-o. Era hora de ser honesto. Harry correu pelos corredores da mansão como se o próprio coração estivesse à beira de desmoronar. Cada passo ecoava sua angústia, a culpa pulsando em cada fibra de seu ser. Quando finalmente chegou ao jardim, seus olhos encontraram Tom, o ômega sentado no meio das flores, os ombros curvados em tristeza. Seus olhos estavam inchados e vermelhos, e um beicinho frágil marcava seus lábios, uma imagem que fez o peito de Harry apertar ainda mais.

O jardim, normalmente vibrante, parecia silencioso e frio, refletindo a dor entre eles. Harry hesitou por um momento, observando Tom naquela vulnerabilidade que ele raramente deixava transparecer. Ele respirou fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam transbordar, e se aproximou lentamente.

— Eu tive medo. — Harry começou, sua voz trêmula, o peso das emoções finalmente rompendo a barreira que ele construíra. — Tanto medo... — Seus olhos estavam fixos em Tom, que permanecia em silêncio, mas Harry sabia que ele estava ouvindo. — Eu não suportaria perder você novamente.

Tom levantou o olhar levemente, encarando Harry, mas o brilho em seus olhos era apenas tristeza.

— Eu te vi morrer, — Harry confessou, sua voz quase um sussurro, como se as palavras o sufocassem. — A culpa de eu ter te matado no futuro ainda me corrói. — Ele soltou um soluço trêmulo, incapaz de segurar a dor que sentia. — Eu preciso de você em meus braços, Tom. Preciso da certeza de que você é real, que você é meu...

Harry se sentou ao lado de Tom, seus joelhos tremendo levemente. Ele estendeu a mão, mas não ousou tocar Tom ainda. — Eu tive medo de falhar, medo de que você só me enxergasse como o menino que sobreviveu, como o salvador do mundo bruxo. — Sua voz estava quebrada agora, carregada de emoção. — Medo de que você nunca conhecesse o verdadeiro Harry. O homem que só quer ser amado por você... não pelo que eu sou, mas pelo que nós somos juntos.

Harry finalmente baixou a cabeça, as lágrimas caindo silenciosamente enquanto seu coração se abria completamente. Ele tinha medo, sim, mas o maior medo era perder Tom por causa de seu próprio silêncio.

Tom olhou para ele, os olhos ainda brilhando com lágrimas, mas havia algo mais lá agora, algo que apenas o vínculo entre eles poderia explicar. Tom se agarrou a Harry com uma força inesperada, como se temesse que o alfa pudesse desaparecer a qualquer momento. Seus braços envolveram Harry, e ele sentiu a fragilidade do corpo do ômega, carregado de emoções intensas.

— Eu sou só um garoto perdido, — Tom murmurou, a voz entrecortada, enquanto acariciava os cabelos de Harry com um toque gentil, quase terno. — Com medo de ficar sozinho... A vulnerabilidade nas palavras de Tom cortou Harry profundamente, como uma faca que revelava a dor escondida atrás da façade de poder e controle que o ômega sempre apresentava.

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