Capítulo 21 - Grupo

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Eu gostava de provocar a Pilar, porque havia percebido que ela não se incomodava, muito pelo ao contrário, ela também me provocava de volta

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Eu gostava de provocar a Pilar, porque havia percebido que ela não se incomodava, muito pelo ao contrário, ela também me provocava de volta.

É estranho, mas mesmo tendo a visto novamente apenas há dois dias, é como se nós dois já fôssemos melhores amigos de anos — éramos conhecidos, mas não próximos ao ponto de nos chamarmos de amigos.

Era uma dinâmica engraçada, como se estivéssemos testando os limites um do outro, sem que ninguém se ofendesse. Aquela troca de farpas leves, misturada com sorrisos sutis, fazia com que o tempo passasse mais rápido e, de algum modo, tornava a tensão dos últimos dias mais suportável.

É como se nós dois já fôssemos melhores amigos de anos. A sensação de familiaridade entre nós me confundia, quase como se todo esse tempo separados tivesse sido uma pausa e agora estávamos retomando de onde parou — mas o engraçado é que nem havia tanto para retomar. Éramos conhecidos, mas nunca próximos ao ponto de nos chamarmos de amigos. Ainda assim, havia uma leveza na maneira como conversávamos, como se já soubéssemos exatamente o que o outro ia dizer antes mesmo de as palavras serem ditas.

— Estranho, né? — Perguntei, quebrando o silêncio, mas sem perder o tom provocativo.

Ela levantou uma sobrancelha, intrigada.

— O quê?

Nós dois estávamos encostados no meu carro esperando que o pessoal voltasse. Pela demora do Gavi e da Manu, provavelmente, eles deviam estar fazendo algo que não deveriam fazer no vestiário.

— A gente. Dois dias e já estamos agindo como se nos conhecêssemos desde sempre. — Dei de ombros, esperando a provocação que viria em seguida.

Ela sorriu de lado, aquela expressão desafiadora que eu começava a reconhecer.

— Talvez eu seja só muito fácil de gostar. Ou talvez você tenha sorte de eu ser paciente o suficiente para aguentar suas provocações. — Pilar balançou a cabeça levemente, mas o brilho em seus olhos mostrava que ela estava se divertindo tanto quanto eu.

— Ah, é isso, então? Sou eu que tenho sorte? — Retruquei, rindo.

— Com certeza. — Ela me olhou de cima a baixo. — E eu? Qual é a minha sorte nessa história?

Pensei por um segundo antes de responder.

— Você tem sorte de que eu gosto de um bom desafio.

Ela revirou os olhos, mas não conseguiu conter um sorriso.

— Grande coisa. Vamos ver se você aguenta esse "desafio" por mais de dois dias. — Fez aspas no ar e completou com um sorriso provocador. — Não seja emocionado, jogador...

A forma como ela disse "jogador" me pegou de surpresa. Ouvi aquela palavra tantas vezes na minha vida, de tantas bocas diferentes, mas algo no tom de voz da Pilar me deixou hipnotizado. Era como se, naquele momento, ela não estivesse falando só de futebol ou das provocações que trocávamos. Tinha algo a mais na maneira como as palavras saíram, algo que mexeu comigo de um jeito inesperado. Era quase uma brincadeira, mas ao mesmo tempo, tinha uma certa profundidade ali que me fez travar por alguns segundos.

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