Capítulo 01 - Mônaco

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Mônaco, Junho de 2033

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Mônaco, Junho de 2033

— Pilar!

Se a pessoa que acabou de invadir meu quarto não fosse meu pai, eu certamente teria xingado. Meu pai me encarou, com os olhos arregalados, abaixando o volume da minha TV.

— Quer que Mônaco inteiro ouça sua música chata nessa altura?!

— Não está alta, pai. — Revirei os olhos.

— Ah não?! — Neguei, o vendo respirar fundo. — Tá, quer saber? Não me importo! Sua mãe está te ligando.

— Minha mãe? — Me sentei na cama. — Por que ela não me ligou?

— Talvez você não ouviu graças a sua música alta.

Meu pai sorriu irônico pra mim, saindo do meu quarto e fechando a porta. Respirei fundo, descendo da minha cama e abrindo a porta abruptamente.

— Não derruba a porta!

Já estava longe quando o ouvi gritar. Desci as escadas correndo e quase derrapei ao chegar na sala por estar de meia. Peguei o telefone em cima da mesinha, o puxando para o sofá.

— Mãe! Oi!

— Oi filha. Como você está, meu bem? Estava te ligando no celular.

— Desculpa, estava ouvindo música alta pra não ouvir o pai. — Disse baixinho, ouvindo sua risada. — Como está aí?

— Mesmo de sempre... Difícil. As coisas vão melhorar. E você?

Minha mãe trabalhava com a UNICEF em países da África onde a população sofria com a desigualdade. Até ano passado, ela era chefe de cirurgia geral no hospital central de Barcelona — ainda é — mas, quando o hospital começou a fazer parceria com a UNICEF e pediam para que alguns médicos viajassem para lá, ela não pensou duas vezes antes de ir.

Não vou mentir dizendo que apoiei logo a ideia de cara... É claro que não. Sempre fui muito apegada e próxima da minha mãe, e saber que ela estaria indo para um país novo sem saber quando voltaria, me deixou um pouco... Ressentida.

Eu sentia muito orgulho da minha mãe. Ela era incrível e uma das pessoas mais batalhadoras que eu já conheci. Ela era definitivamente meu exemplo e eu amava vê-la salvando vidas, mas, eu sentia falta dela todos os dias.

— Tentando não surtar com o meu pai.

— Ele está pegando no seu pé?

— O de sempre, você sabe. — Espiei pra ver se ele estava vindo. — Já sabe quando vai voltar, mãe?

— Ainda não, meu bem. Prometo que assim que eu souber, irei te ligar, okay? Vou tentar te ligar mais também. Me desculpa...

— Mãe... Está tudo bem. — Forcei um sorriso, mesmo sabendo que ela não podia ver. — Você está salvando vidas e é isso que importa pra mim. Não esquenta comigo, okay? Posso lidar com o pai.

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