O caminho de volta ao hotel estava tranquilo, mas minha cabeça estava a mil. A sensação de marcar meu primeiro gol pelo Barcelona era... indescritível. Tinha algo de surreal em vestir a camisa de um dos maiores clubes do mundo e, agora, poder dizer que eu tinha um gol marcado por ela. Ainda me lembro da sensação de tocar na bola, do chute preciso, da vibração do estádio mesmo estando longe de casa. Meus companheiros vieram me abraçar, e naquele momento, todas as horas de treino, de dor, de superação passaram como um filme pela minha cabeça.
Sentei no ônibus, com a testa encostada na janela, observando as luzes de Mallorca passando por mim, enquanto minha mente voltava para aquele momento. A cidade estava quieta, mas dentro de mim, era como se ainda houvesse uma torcida gritando meu nome. E então, como sempre acontecia, uma pequena pontada de saudade bateu. Não demorei para pegar o celular e ligar para os meus pais. Eu sabia que eles estavam assistindo ao jogo; minha mãe sempre fazia questão de me ligar logo depois para comentar cada detalhe.
— Fermín, meu filho! — A voz da minha mãe soou emocionada do outro lado. — Você nos fez chorar de novo! Você sabe disso, né?
Dei uma risada curta, sentindo a garganta apertar um pouco.
— Espero que tenha sido de alegria, mãe.
— Alegria e orgulho, menino! — Agora era a voz do meu pai que se juntava à ligação, com aquele tom sério que sempre tentava esconder o quanto ele também era emotivo. — Que golaço, Fermin! Você jogou demais. Estamos muito orgulhosos de você, rapaz.
Fechei os olhos por um instante, deixando aquelas palavras se assentarem em mim. Meus pais sempre foram meu porto seguro, me apoiaram quando decidi sair de casa, seguir esse sonho, mesmo sabendo o quanto seria difícil. Eu sabia o quanto eles haviam se sacrificado para que eu pudesse estar onde estava, e ouvir que eu estava retribuindo isso de alguma forma... Não tinha preço.
— Obrigado, de verdade. — Minha voz saiu meio rouca, e eu pigarreei para não demonstrar tanto quanto estava emocionado. — Sério, eu não conseguiria sem vocês dois.
— Nós sabemos, filho. E estamos aqui pra tudo, como sempre. Agora vai descansar, você merece. Mas antes, diz... Você já contou pra Pilar?
Sorri, me pegando no flagra ao pensar em como a resposta a essa pergunta já estava clara.
— Acho que ela sabe. Mandou várias mensagens.
— Ah, então ela está acompanhando direitinho... — Minha mãe soltou um riso leve, e eu só balancei a cabeça, sabendo que aquela conversa estava tomando um rumo que eu não poderia controlar.
Não era para os meus pais, principalmente a minha mãe, saberem da Pilar tão cedo, até porque, não tinha absolutamente nada acontecendo entre nós dois. Mas, anteontem eu estava em ligação com eles e Pilar me mandou mensagem. Minha mãe me pegou no pulo e ela conseguiu me envergonha lá de El Campillo com seus comentários. Me despedi deles com um "amo vocês" apertado no peito, antes de desligar a ligação e finalmente deixar minha cabeça repousar contra o encosto do banco.
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publicitaria || fermín lópez
Storie d'amore"Livro 4 da Série Barcelona" Velhos conhecidos, desde adolescentes, Fermín e Pilar nunca demonstraram interesse um no outro além da amizade cordial que possuíam por fazerem parte do mesmo ciclo de amizades. Porém, anos depois e mais velhos, ambos se...