"Livro 4 da Série Barcelona"
Velhos conhecidos, desde adolescentes, Fermín e Pilar nunca demonstraram interesse um no outro além da amizade cordial que possuíam por fazerem parte do mesmo ciclo de amizades.
Porém, anos depois e mais velhos, ambos se...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
— Bom dia...
Murmurei ao entrar na cozinha, passando a mão pelo meu rosto. Minha casa estava com um cheiro tremendo de produto de limpeza, e com aquilo eu constatei que provavelmente, Nicholas tinha vomitado mais a noite.
Brad me encarava de braços cruzados e uma cara de cansaço extrema. Gavi não estava muito diferente, porém, não tinha uma cara de cansaço, como o Brad.
Não sabia muito o que dizer... Tinha medo de abrir a boca e eu levar um soco na cara dos dois.
— Você tomou banho? — Gavi perguntou, fazendo cara de nojo.
Eu tinha tomado banho? Sendo sincero, não me lembro.
— Eu não sei. — Sussurrei, sentando na cadeira. — Que horas são?
— É dia. — Brad murmurou, me encarando. — Meus filhos tem seis anos, e eu acho que desde que eles completaram seus um ano e meio, eu nunca passei a madrugada cuidando de alguém, exceto quando eles estão doentes... Mas ontem, curiosamente, eu passei a noite inteira acordado limpando vomito de um idiota que não sabe beber. — Apontou para o Nick, que só aí percebi que estava acordado e deitado no sofá. — E fui acordado de madrugada por um outro idiota, que esquece que é jogador de futebol. — Apontou pra mim. — Eu realmente... Estou sem palavras!
— A Maya sabe?
A voz arrastada do Nick veio da sala. Ele segurava uma bolsa de gelo ou sei lá o que era aquilo na cabeça dele. Gavi cruzou os braços, balançando e rindo baixo em seguida.
— Óbvio que ela não sabe, Nicholas, mas deveria saber! — Brad esbravejou. — Falei pra ela que recebi uma ligação na gravadora, sorte sua que ela acreditou.
Brad respirou fundo, tentando manter a calma, mas sua frustração era evidente. Ele se voltou novamente para mim e Nick.
— Vocês dois precisam entender que essa vida não é um jogo. Estamos falando de suas carreiras, de seus futuros, principalmente você, Fermín. — Ele esfregou o rosto com as mãos. — Nick, nós vamos conversar em casa, mas você, Fermín, tem que colocar a cabeça no lugar agora.
Gavi assentiu, concordando com o que Brad havia dito. Ele juntou as mãos em cima da mesa, se aproximando de mim com um olhar sério.
— Fermín, você está se enfiando em um problema sério. — Ele começou, sua voz firme mas com um tom de preocupação. — Você joga na elite do futebol. Não dá pra continuar inventando desculpas pra você nos treinos, seja eu ou o Pedri. Não podemos mais passar pano.
Eu me senti pequeno sob o peso das palavras dele. Ele estava certo, eu sabia disso, mas a bebida e a festa me faziam esquecer da realidade dura do futebol profissional. Não era como se eu estivesse "pirando" ou como diz a Maya, "entrando em parafusos", eu apenas não tinha apreendido a lidar com tudo ainda.
Abaixei a cabeça com as palavras dele, e Gavi continuou:
— Se o seu sonho é se provar no Barcelona, você precisa entender suas responsabilidades. Precisa mudar, ou se não, você sabe o que vai acontecer.
Brad assentiu, me olhando.
— E isso começa agora. Com Nick eu resolvo em casa, mas você precisa tomar uma decisão.
