Insuperável - Rebeca andrade & Gabi guimarães

Te gosto

- Foi o primeiro jogo dela com a camisa do Minas, e que jogo! - Rebeca escutou o narrador falar pela televisão - Gabriela foi simplesmente a melhor e maior pontuadora do jogo! - a câmera mostrava a camisa dez comemorando a vitória ao lado de Thaisa - Sheilla Castro acertou de novo com a sua contratação!

- Sheilla Castro... - Rebeca revisou os olhos ao escutar o nome da treinadora. Mudou o canal e agora via um jornal - Sinceramente, que ódio da Gabriela.

A ginasta ainda sentia o péssimo peso do vácuo que recebera da jogadora. Mas não tinha o que fazer, não queria cobrar a atenção de alguém na qual ela mesmo expulsou de sua vida. A morena passou horas na frente da televisão, tanto que nem vou as horas passarem, só se deu conta, quando o cansaço chegou e seus olhos começaram a pesar.

Rebeca desligou todos os aparelhos e se levantou, indo em direção ao quarto. Suspirou quando se sentiu sozinha. Em tão pouco tempo tinha se acostumado com a presença confortante de Gabi. E em um longo tempo tinha perdido isso. Se jogou naquela cama fria e fechou os olhos. Sentiu uma vibração sobre sua barriga e percebeu que haviam chegado mensagens no seu celular. Era a sua Gabi.

"Sem problemas, Rebeca! Eu tive um dia longo hoje, não consegui te responder antes. Ainda quer conversar?"

Um sorriso radiante nasceu ao canto dos lábios da Andrade. Rapidamente ela digitou a resposta para Gabriela, mas não enviou, preferiu ligar e aproveitar para ver o rosto da mulher. Não que não tenha feito isso a tarde toda assistindo o jogo, mas queria ter sua atenção apenas para ela. E isso era um privilégio. Escutou cinco toques e só então a jogadora a atendeu.

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- Oi, Rê! - Gabriela sorriu fraco.

- Oi, maior pontuadora! - disse orgulhosa.

- Então quer dizer que assistiu o meu jogo? - Gabi questionou com um tom de brincadeira com uma curiosidade.

- Estava tentando matar a saudade. - confessou - Você não me respondeu durante o dia. Pensei que tivesse acontecido algo.

- Eu apenas estava ocupada. - explicou - Passei o dia com a Nina e depois tive o jogo. Só agora tive um tempo para descansar.

- Entendi. - Rebeca disse sentindo um leve incomodo, só de imaginar que Gabriela poderia ter tido um contato mais íntimo com a mãe da menina - Desculpa estar atrapalhando o seu descanso.

- Você não atrapalha, Rê... - disse sincera - Como foi o seu dia?

- Almocei fora com as meninas. - contou - Tirando isso, nada de muito impressionante. Está sendo horrível ficar trancada dentro dessa casa e me locomovendo com a ajuda das paredes.

- Imagino que não deve ser fácil. Mas logo passa, daqui uns dias você está bem de novo e vai voltar a competir. - Gabi a consolou e ficou em silêncio. Demorando quase dez minutos para voltar a falar - Então, você quer ter aquela conversa?

- Não sei, Gabriela. - Rebeca suspirou - Eu tenho tanto medo de piorar a situação e nunca mais te ter aqui comigo.

- A situação já não tá boa, Rebeca... Pensa assim. - Gabi gargalhou baixinho - Pode me dizer. Eu tô aqui te ouvindo.

- Eu quero que você volte. - confessou - Não quero mais te ver assim tão distante de mim. Sei que foi porque eu quis, mas agora eu não quero mais.

- Rê... - Gabriela se ajeitou no sofá - Eu não sou esse tipo de pessoa que vai te obedecer. Digo... Aceitar essas suas mudanças repentinas. Um dia você me manda ir, no outro me manda voltar. Eu não sou uma boneca de pano, que você faz o que bem entender e depois joga em um canto qualquer.

- Você não entende, Gabi. - Rebeca não relutou em conter as lágrimas que caiam em seu rosto - Elas são as minhas melhores amigas. Como se fossem a minha família. Pensa em como eu me senti, vendo e sentindo tudo aquilo. Eu não queria te perder, mas também não queria perder elas.

- Você nem lutou por nós. - Gabi sentiu os olhos marejarem - Não custava você conversar com elas, conversar comigo, ser sincera. Você nem me deu uma explicação, Rebeca. Eu me senti inútil.

- Eu tinha medo, Gabriela. Eu ainda tenho medo. - argumentou - Você é a primeira mulher que entra assim na minha vida, que me faz desenvolver sentimentos maiores que desejo. Eu não sabia lidar com isso. Eu não sei lidar com esse negócio que eu sinto por você.

- Eu não sei mais o que fazer. - Gabriela suspirou - Eu quero muito confiar em você de novo. Eu quero voltar a ser como antes, mas é difícil, Rebeca. - Gabriela enxugou a lágrima - Eu não sei se daqui uma semana suas amigas vão dizer algo e você vai me expulsar da sua vida.

- Gabriela, eu não vou... - Rebeca iria completar a frase, quando escutou a voz de Lorrane e Flávia no seu apartamento. Sentiu seu coração gelar e uma enorme vontade de chorar. Essa situação era péssima. Queria muito que fosse diferente. Encarou a jogadora ao outro lado da tela que já lhe olhava sem expectativa.

- Ô, Rebequinha... - Lorrane abriu a porta - Você já tomou seu banho?

- Já, amiga. - Rebeca respondeu em um tom baixo, evitando demonstrar que estava chorando.

- Ihhh, o que aconteceu? - Flávia questionou e a amiga suspirou.

- Meninas, podemos conversar depois? Eu estou em ligação agora e é importante. Prometo que depois mando mensagem pra vocês subirem. - Rebeca sorriu fraco, olhando as amigas por cima do celular.

- Claro, Beca! Depois a gente volta. - Flavia disse cuidadosa, e puxou Lorrane para fora do quarto. Rebeca suspirou e encarou a tela, vendo que agora Gabi sorria fraco.

- Porque teve que ser assim? - a jogadora questionou.

- Também não sei, meu amor. - Rebeca secou as lágrimas - Eu só sei que te gosto.

- Eu também te gosto, Rê... - Gabi sorriu fraco.

...

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As mulheres passaram a noite no celular, só se despediram quando o dia amanheceu e o sono conseguiu as vencer. Durante a ligação aconteceu breves declarações. Era notório que Gabi estava se rendendo aos pedidos de Rebeca, que tentava a todo custo não deixar com que o medo e a insegurança a impedisse de viver.