Clichê

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Na capital do Rio de Janeiro, Jade, Lorrane e Flávia, estavam entrando em um competição para saber se a essas horas Rebeca e Gabriela já tinham se beijado e até mesmo ido para a cama. O que não sabiam é que as duas estavam em um típico encontro de casal, as três da tarde em um parque de Belo Horizonte. A jogadora comprou picolés, um urso panda em miniatura, e um algodão doce para a ginasta, que estava amando tudo aquilo. Vez ou outra tiveram que parar para tirar foto com algumas crianças que brincavam pelo parque e só então puderam se sentar em um banco de frente para uma lagoa, onde patos estão brincando.

- Isso está sendo um pouco clichê. - Rebeca confessou em voz alta e gargalhou. Gabi não sabia se isso era algo ruim ou bom, até que decidiu questionar.

- Não está gostando? - não deixou com que ela respondesse - Se você quiser a gente pode ir fazer outra coisa, Rebeca. Tem outros lugares para a gente conhecer e...

- Gabi, fica tranquila. Eu estou amando o nosso passeio. - disse calma - Eu só disse que é clichê. Nunca imaginei que eu estaria em uma sexta-feira a tarde, com você, em Minas Gerais, passeando em um parque.

- É diferente pensar nisso, não é? - Gabriela se ajeitou no banco, ficando de frente para a outra mulher - Em Paris você me deu um fora. - disse sentida.

- Eu não te dei um fora. - se defendeu - Eu só não queria ficar com você naquele lugar. Eu disse que poderíamos conversar mais pra frente, tipo agora!

- Eu pensei que eu fosse uma chata. - disse de forma divertida - Mas se bem, que ter a honra de ficar com Rebeca Andrade é para poucos.

- Muito poucos. - Rebeca disse convencida.

As duas se olharam por bastante tempo. Ambas estavam envergonhadas, mas Gabi deixava isso mais a mostra, pois suas bochechas estavam avermelhadas, enquanto Rebeca apenas tinha a respiração mais pesada. Sentindo a falta de saliva na boca, e também em um ato de provocação, a ginasta passou levemente a língua pelos lábios, Gabi a olhou ainda mais intensamente e levou sua mão até o queijo da menor. O espaço de distância entre elas ainda era grande, mas Rebeca levou calmante a cabeça na direção da jogadora, que estava pronta para beija-la, mas o grito de uma criança fez com que ela voltasse a consciência.

- Eu acho melhor a gente não fazer isso aqui, Rê. - disse em um tom baixo, e desapontada - Melhor a gente voltar para a nossa programação.

- Tudo bem se a gente ficar aqui por mais um tempo? - pediu de forma manhosa e Gabi não conseguiu negar - Eu gostaria de tirar uma foto!

- Pode ficar a vontade, Rê, eu não vou sair daqui. - Gabi disse admirando a beleza da outra. Rebeca feito uma criança, deixou todos os presentes que a jogadora havia lhe dado em cima do banho e correu pelo parque em busca dos melhores ângulos para tirar a sua foto.

Gabi cruzou as pernas e apoiou um dos braços no encosto do banco, enquanto via a pequena correr de forma engraçada, faltando pouco para dar um mortal e cair cravada. Sorriu ao imaginar essa cena e levou a mão até o bolso, pegando o celular para registrar esse momento. Realmente era muito clichê, e coisa de outra vida. Parece que ambas se conhecem a anos, sendo que se viram pela primeira vez a nem um mês. Rebeca demorou para voltar até o banco, e quando fez isso estava ofegante, tinha rodado por quase todo o parque e parado para cumprimentar mais crianças.

- Agora podemos ir? - perguntou e Gabriela concordou com a cabeça, ajudando ela a pegar suas coisas - Para onde vamos agora, Gabi?

- Eu estava pensando da gente ir para a minha casa. - disse enquanto caminhava para o carro - Já andamos muito, e os meus programas vão acabar se a gente fazer tudo hoje.

- Tem razão. - Rebeca respondeu depois de pensar - Mas me conta, quando que vamos sair com as suas amigas do voleibol brasileiro? - perguntou engraçada e Gabi gargalhou.

- Eu estava pensando em fazer isso amanhã no almoço, ou no jantar. Hoje algumas delas não estavam disponíveis. - disse - Você se importa?

- Jamais! - sorriu.

Engataram mais um assunto aleatório até chegarem no carro da jogadora. Gabi abriu a porta para que ela entrasse e fez o mesmo no banco do motorista. Sua casa fica longe dali, então para passar o tempo, ligou o som do carro em uma música qualquer, que por sinal Rebeca conhecia, já que cantarolou baixinho, fazendo a outra suspirar por ouvir sua voz encantadora. Demoraram quarenta minutos para chegar até o bairro nobre da cidade. A casa da jogadora não é exorbitante, mas também não deixa a desejar. Estacionou o carro na garagem e saiu, sendo seguida por Rebeca, que observava os detalhes.

Há um pequeno jardim com grama cortada recentemente, a faixada da casa pintada em um tom pastel, a porta de madeira bastante detalhada foi aberta pela jogadora, revelando uma sala de estar com tons brancos ligada com a cozinha com tons da mesma cor. Um corredor enorme, fez Rebeca imaginar que levaria até os quartos e assim era. Gabi acendeu a luminária, revelando alguns outros detalhes, como os porta retratos e os troféus conquistados pela jogadora.

- Rê, você pode ficar a vontade. - Gabi deu passagem para que a mulher entrasse e fizesse o que bem entendesse. Rebeca concordou com a cabeça e se sentou no sofá, retirando os tênis que estavam machucando o seu pé - Você quer beber ou comer alguma coisa?

- Eu aceito uma água, estou morrendo de cede. - confessou e Gabriela se apressou para ir até a cozinha e atender o pedido da mulher, que bebeu três copos de água - Muito obrigada, Gabi.

- Não precisa agradecer. - deixou as coisas sobre a mesa de centro e se sentou ao lado da ginasta - Então, você quer descansar um pouco? Jogar algo? Ver um filme, uma série?

- Eu estava pensando... - a morena mordeu o canto da boca - Em fazer um bolo de cenoura com cobertura de chocolate... O que você acha?

- Seria uma boa ideia se eu soubesse fazer, Rê. - a jogadora gargalhou - Sou péssima na cozinha. Nem me lembro a última vez que fiz algo para comer.

- Isso não seria um problema para mim. - fez um bico extremamente fofo, com os lábios - Eu posso fazer e você me ajuda. O que acha?

- Gostei dessa ideia. - Gabi se levantou - Eu só não sei se tem todos os ingredientes, mas podemos fazer, vem!

As duas caminharam até a cozinha para ver os ingredientes que tinham ali. Por sorte, tudo que iriam precisar, estava sobrando. Gabriela era extremamente desastrada com as coisas, derrubou a farinha, quebrou os ovos, queimou a cobertura, sempre para arrancar uma risada de Rebeca, que estava achando aquilo divertido. O bolo só foi ficar pronto as seis horas da tarde. Com cuidado, a maior medalhista olímpica tirou o tabuleiro do forno e deixou sobre a mesa. Esperaram esfriar e só então, cada uma pegou um pedaço.

- Isso está perfeito! - Rebeca comentou ao comer o primeiro pedaço - Nos saímos como ótimas cozinheiras, Gabi.

- É bom saber. Amanhã você vai preparar o nosso café da manhã! - brincou enquanto limpava o canto da boca - Isso realmente está fenomenal.

- Eu sou a visita. Mereço no mínimo um café da manhã na cama. - Rebeca disse de forma irônica.

Discutiram um pouco mais de como seria o café da manhã de sábado e por fim voltaram até a sala de estar. Ligaram a televisão em um filme qualquer e se sentaram para poder assistir. Elas estavam entediadas, mas não queriam sair uma de perto da outra. Gabi estava com o braço sobre o ombro da ginasta, enquanto a mesma mantinha a sua cabeça escorada no ombro da jogadora. O filme acabou e Rebeca quase cochilava, foi acordada por Gabi que sugeriu um banho, para só então pedissem o jantar.

- Parece que a gente já se conhece a anos, não é? - Gabi questionou enquanto secava os cabelos na toalha de algodão branco. Rebeca já estava vestindo um pijama de seda roxo, e estava sentada sobre a cama da jogadora.

- Sim, doideira pensar isso. - a morena concordou - Eu gostei de me aproximar de você, sabia? Você tem um jeitinho fofo de ser.

- Você que é uma pitica, Rê. - Gabi se aproximou e apertou a bochecha da mulher - Espero que isso dure muito tempo.

- A nossa amizade? - perguntou.

- Esse clima gostoso entre a gente. - falou com olhando em seus olhos - Pode ser que isso evolua para algo melhor que amizade, mas esse clima gostoso não pode acabar. Me promete?

- Te prometo, Gabi! - sorriu abertamente.

Insuperável - Rebeca andrade & Gabi guimarães Onde histórias criam vida. Descubra agora