Aimée Camille Eckhart

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Eu, obviamente, tive que voltar para a Inglaterra. Eu tinha que me despedir da minha mãe conforme o planejado e buscar minhas malas para embarcar no trem que me levaria oficialmente para Paris às 19h da noite. E eu consegui fazer isso. Mesmo que eu tenha botado todas as minhas tripas para fora no momento que a aparatação chegou ao fim. Mesmo que o mundo rodasse, meus ouvidos zunissem e nada parecesse fazer sentido. Eu forcei o ar para dentro dos meus pulmões, aparatei de volta para casa e consegui, por aquela noite, fingir que nada tinha acontecido.

Eu busquei a planta rara no escritório de meu pai e subi para meu quarto para fechar a última mala. Eu coloquei minha melhor máscara e me despedi dos meus irmãos, de Luna — que me olhava com um olhar suspeito, o qual eu não me permiti refletir por tempo demais — e dos meus pais. Eu interpretei o melhor papel da minha vida enquanto exibia um largo sorriso e acenava para eles da plataforma de trem e, quando a locomotiva de alta velocidade disparou, transformando a visão que eu tinha da minha família em um borrão e me levando para longe de tudo ali, eu, mais uma vez, chorei.

Passava das nove quando cheguei em Paris e, àquela altura, as lágrimas tinham secado, apesar do aperto no meu peito se manter com força. Eu mentia para mim mesmo sobre não entender aquela reação que eu estava tendo, afinal, Elisabeth e eu nunca tivemos nada e um beijo do qual ela claramente se ressentia não deveria significar nada, mas no fundo eu entendia exatamente os porquês de tudo aquilo. E era justamente por nunca ter tido nada com Lisa em sentidos românticos que aquela dor em mim crescia. A agonia que me queimava de dentro para fora vinha da certeza que eu tinha encontrado aquilo que buscava, apenas para perdê-lo tão logo eu percebesse isso.

Meus olhos continuavam vermelhos e inchados, minha expressão era de quem realmente tinha entrado em profunda tristeza, que apenas um coração partido poderia causar, e eu não conseguia fazer nada para mudar isso enquanto seguia em direção a universidade, onde sabia que tinha um quarto reservado para mim naquela noite. A expressão de Lisa ao aceitar o anel em seu dedo anelar voltava com frequência em minha mente. A sensação de que eu sabia que ela tinha sido feita para mim ainda permanecia gravada em meu peito e isso só piorava toda a situação. 

E eu sabia que precisava me recompor, voltar a ser o James que se metia em confusão enquanto fazia intercâmbio pela Europa. Mesmo que eu sentisse que nada voltaria ao normal, que eu ficaria estagnado com um sentimento que me puxava sempre para a casa dela, eu precisava me reerguer, superar aquela besteira — que de besteira não tinha nada — e viver minha vida. Eu já tinha feito isso antes. Mas eu sabia que era diferente. 

Na primeira vez eu tinha perdido mais do que uma namorada, mas um filho que eu sequer sabia que queria até descobrir que não o teria mais. Na Grécia era muito mais sobre o abandono, sobre a traição, do que a perda em si, algo que me fizera conseguir me reerguer com considerável facilidade. Mas aquilo? Perder algo que eu desejei a minha vida inteira, algo que eu sabia e sentia que jamais iria encontrar igual, parecia, a cada inspiração forçada, cada vez mais impossível. Por mais que eu tentasse enterrar, seguir em frente ou ignorar, aquela sensação continuava ali: incômoda, latente, como se minha alma soubesse que eu jamais iria amar outra pessoa como eu amava Elisabeth.

As Mulheres de James Sirius PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora