My Salvation - Philoise

Entre a Virtude e a Tentação

Phillip acordou na manhã seguinte com a cabeça pesada, como se o peso da proposta de Michaela tivesse se infiltrado em seus sonhos. Ele olhou para o teto da sala, ainda processando tudo o que havia discutido com Miles na noite anterior. Sabia que precisava tomar uma decisão, mas a ideia de se envolver em algo tão fora do comum o deixava ansioso.

Levantou-se, espreguiçou-se e foi até a cozinha, onde encontrou Miles fazendo café.

"Dormiu bem?"

Phillip deu de ombros, servindo-se de uma xícara de café.

"Não muito. Fiquei pensando naquilo."

Miles assentiu, compreensivo, enquanto se encostava no balcão da cozinha, cruzando os braços.

"Olha, eu não quero te pressionar de jeito nenhum, mas, honestamente, cara, você tem que pensar bem nas consequências. Michaela parece ser uma mulher de negócios, mas eu me pergunto quais são as ramificações de entrar nesse tipo de coisa."

Phillip bebeu um gole do café, sentindo o amargor na garganta. Ele sabia que Miles tinha razão. A oferta parecia fácil, até tentadora, mas nada que envolvesse dinheiro rápido vinha sem seus custos.

"Eu sei. E é isso que me assusta. Eu quero independência, mas não tenho certeza se esse é o jeito certo de consegui-la."

Miles suspirou, pegando sua xícara e levando-a até a pia.

"Você já pensou em falar com ela de novo? Tipo, perguntar mais sobre como isso realmente funciona? Às vezes, pode haver coisas que você não considerou, e você pode tomar uma decisão mais informada."

Phillip ficou em silêncio por um momento, ponderando a sugestão. Havia uma parte de si que estava curiosa para saber mais, para entender melhor o que Michaela oferecia. Talvez ele pudesse encontrar uma forma de se envolver sem comprometer seus valores ou se perder no processo.

"Talvez eu deva falar com ela de novo. Não custa perguntar mais detalhes, certo?"

Miles deu um sorriso encorajador.

"Isso aí. Só não tome nenhuma decisão até ter certeza de que é o que você realmente quer."

Phillip passou o resto do dia no pub, mas sua mente estava em outro lugar. A cada bebida que servia, a cada cliente que atendia, ele se via pensando em Michaela e na oferta dela. Quanto mais refletia, mais a ideia de pelo menos ouvir o que ela tinha a dizer fazia sentido.

Naquela noite, após o turno, Phillip tomou uma decisão. Pegou seu celular e digitou a mensagem.

Phillip: Oi Michaela, estive pensando sobre a sua proposta. Podemos nos encontrar para conversar mais sobre isso?

A resposta não demorou a chegar.

Michaela: Claro, Phillip. Que tal amanhã à tarde? Eu conheço um café tranquilo. Te mando o endereço.

Phillip olhou para a mensagem por um momento antes de responder. O encontro estava marcado, e ele sabia que aquele momento poderia mudar o curso da sua vida.

N

o dia seguinte, Phillip chegou ao café pontualmente, seu coração batendo um pouco mais rápido do que o normal. O local era discreto, como Michaela havia descrito — um lugar onde as pessoas poderiam ter conversas sem serem perturbadas.

Michaela já estava lá, sentada em uma mesa perto da janela, com uma xícara de chá à sua frente. Quando Phillip entrou, ela levantou a mão, acenando para ele com um sorriso caloroso.

"Phillip, que bom que veio. Sente-se."

Phillip sentou-se à sua frente, tentando parecer confiante, embora sentisse o peso da situação.

"Eu pensei bastante sobre o que você disse. Quero entender melhor como tudo isso funciona."

Michaela assentiu, cruzando as mãos sobre a mesa.

"Claro. Pergunte o que quiser. Sei que essa não é uma decisão fácil, e você merece ter todas as informações antes de decidir."

Phillip respirou fundo.

"Você mencionou que muitas vezes vai envolver sexo e companhia. Como exatamente isso funciona? E... qual seria o meu papel, de fato?"

Michaela sorriu, inclinando-se ligeiramente para frente.

"A maioria dos meus clientes procura por companhia. São pessoas de alto nível social, executivos, empresários, políticos, que muitas vezes precisam de alguém ao lado para eventos, jantares, reuniões. Eles pagam pela presença, pelo charme, pela companhia agradável. Claro, muitas mulheres carentes vão querer algo mais íntimo, mas essa decisão sempre será sua. Você nunca será forçado a fazer nada com o que não se sinta confortável."

Phillip considerou aquilo. A ideia de ser pago para apenas acompanhar e satisfazer alguém  não parecia tão ruim, mas ele sabia que as coisas raramente eram tão simples.

"E o que acontece se... se eu quiser sair? Se isso não for para mim?"

Michaela assentiu com compreensão.

"Você pode sair a qualquer momento. Eu não estou oferecendo um contrato de longo prazo. Muitos dos meus rapazes trabalham comigo por um tempo e depois seguem suas vidas. É uma escolha que está sempre nas suas mãos."

Phillip ficou em silêncio, processando tudo. Michaela parecia sincera, e ele não detectava qualquer sinal de que ela estivesse tentando manipulá-lo. Ainda assim, havia uma parte de si que hesitava, como se estivesse à beira de um abismo, sem saber se devia dar o salto.

"Eu entendo que isso pode parecer assustador no início. Mas você tem o controle, Phillip. Essa é uma oportunidade de ganhar uma boa quantia de dinheiro, de se estabilizar financeiramente, e de ter mais liberdade do que provavelmente teria em qualquer outro trabalho."

Phillip olhou para o café em sua xícara, refletindo. O dinheiro era uma tentação enorme. Ele queria se afastar da dependência do pai, encontrar seu próprio caminho. Mas havia um preço a ser pago, e ele precisava estar certo de que estava disposto a pagá-lo.

Finalmente, Phillip levantou o olhar e encarou Michaela.

"Eu preciso de mais um tempo para pensar. Não quero tomar uma decisão impulsiva."

Michaela sorriu, genuinamente.

"É claro. Não há pressa. Tome todo o tempo que precisar. Mas, quando estiver pronto, sabe onde me encontrar."

Com isso, Michaela deixou a mesa, dando a Phillip o espaço que ele precisava para refletir. Ele ficou ali por mais alguns minutos, observando as pessoas ao redor, a cidade movimentada do lado de fora do café, e tentando imaginar como seria sua vida se aceitasse a oferta.

Mais tarde, de volta ao apartamento, Phillip se jogou no sofá, exausto mentalmente. Miles entrou logo depois, olhando curioso.

"Então, como foi?"

Phillip suspirou.

"Foi... esclarecedor. Ela não me pressionou, e me deu mais detalhes sobre o que seria o trabalho. Parece simples, mas ainda não tenho certeza."

Miles sentou-se ao lado dele, pensativo.

"É uma grande decisão, cara. Eu entendo a tentação, o dinheiro... Mas só não esqueça o que você realmente quer para sua vida."

Phillip sabia que essa era a questão central. Ele queria liberdade, independência, mas será que isso era o caminho certo?

E assim, Phillip continuava preso entre duas escolhas — a segurança financeira imediata ou o caminho mais longo e incerto para sua liberdade. A decisão estava em suas mãos, mas, no fundo, ele sabia que não havia uma resposta fácil.

O próximo passo seria crucial.