Chegando ao Limite

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Alerta!!
Esse capítulo contém cenas de agressão, que podem causar gatilhos
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O mês que se passou trouxe um mar de inquietações para Eloise. Francesca e Penélope, mesmo a distância, tentavam ajudar da maneira que podiam, enquanto Sophie continuavam atenta, buscando qualquer brecha que pudessem usar contra Theo. Contudo, mesmo com a corrente que se formava ao redor dela, Eloise ainda estava presa as garras de seu marido. Theo, ciente das suspeitas de Sophie, e sempre desconfiado,  mantinha Eloise sob controle, vigiando cada passo seu.

A vida de Eloise seguia um ciclo insuportável, onde ela lutava para esconder suas dores e continuar sua rotina, mas o peso de seu sofrimento começava a esmagá-la. Naquele mês, sua amiga Rosamund anunciou uma notícia que trouxe um pouco de luz em meio à escuridão: ela havia sido pedida em casamento por Charles, e a felicidade da amiga trouxe um raro sorriso ao rosto de Eloise. Para celebrar o noivado, Rosamund organizou uma festa simples, e tanto Eloise quanto Theo foram convidados.

Na noite da festa, Eloise se arrumou com cuidado. Vestia um belo vestido de cor azul-claro, tentando manter as aparências, mesmo que por dentro seu coração estivesse em pedaços. Theo, como de costume, estava ao seu lado, mas seu comportamento parecia contido e calculado. Durante a festa, Theo se juntou com alguns homens convidados, conversando sobre negócios e outras trivialidades. Enquanto isso, Eloise encontrou um pequeno refúgio junto de suas amigas. Elas riam e conversavam, proporcionando a Eloise uma rara oportunidade de relaxar, mesmo que por um breve momento.

Foi então que John, um colega de universidade da Eloise, se aproximou para cumprimentá-la. Ele era um homem charmoso e sempre tinha algo gentil a dizer. Os dois começaram a conversar sobre todos os momentos no trabalho e trocando histórias sobre suas vidas. A conversa fluiu naturalmente, como se fossem velhos amigos recuperando o tempo perdido.

No entanto, do outro lado da sala, Theo observava tudo de longe. Seu olhar estava fixo em Eloise e John, seus punhos cerrados, mas ele manteve o controle. Com um sorriso forçado nos lábios, ele trocava palavras com os homens ao seu redor, mas por dentro, uma tempestade de raiva crescia a cada minuto em que via sua esposa conversando com outro homem.

A festa prosseguiu, e quando chegou ao fim, Eloise e Theo se despediram de todos e foram embora. A tensão entre os dois era palpável, mas Eloise sabia que o pior ainda estava por vir. Assim que chegaram em casa, Theo fechou a porta atrás de si com força e virou-se para Eloise com o rosto contorcido de ódio.

"O que foi aquilo, Eloise?" Ele gritou avançado em sua direção. "Conversando com aquele idiota na frente de todos, como se fosse solteira?"

Eloise deu um passo para trás, o medo tomando conta de si. "John é apenas um amigo, estávamos apenas conversando. Nada demais..."

"Nada demais?" Theo interrompeu, sua voz grave e ameaçadora. "Você agiu como se eu não existisse!"

Sem dar tempo para que Eloise respondesse, Theo arrancou o cinto de sua calça e, com um movimento rápido, o ergueu no ar. Eloise mal teve tempo de se preparar antes que o cinto, com sua fivela de metal, atingisse suas costas com força. A dor foi intensa, um ardor queimando sua pele enquanto ela tentava conter o grito. Mas Theo não parou. Ele continuou a agredi-lá, golpe após golpe, deixando marcas profundas em seu corpo.

"Theo...Para.. Por favor" Eloise suplicou, sua voz carregada de dor.

Ele não a ouviu. A cada estalo do cinto, Eloise sentia que não podia mais suportar. Seu corpo estava machucado, mas sua alma estava ainda mais ferida. Quando Theo finalmente se cansou, ele a deixou caída no chão da sala, machucada e em lágrimas, e foi para o quarto dormir, como se nada tivesse acontecido.

Eloise permaneceu ali, no chão frio, por um longo tempo, chorando silenciosamente, enquanto sentia o peso da sua decisão se formando dentro de si. Havia sofrido abusos antes, mas dessa vez era diferente. Algo dentro dela havia se quebrado de forma irreparável, e ela sabia que não podia mais continuar vivendo assim.

Quando sentiu que Theo estava dormindo profundamente, Eloise se levantou com dificuldade, seu corpo dolorido a cada movimento. Ela foi até o espelho do banheiro e olhou para si mesma. Seu reflexo mostrava a extensão dos machucados: hematomas inchados e marcas profundas da fivela do cinto em suas costas e braços. Mas foi seu olhar que a fez tomar a decisão final. Pela primeira, vez ela viu claramente que não era apenas uma questão de sobrevivência física, mas também de sua dignidade e seu direito de ser livre.

Ela respirou fundo, enxugou as lágrimas e saiu de casa, sem fazer barulho. Não sabia exatamente para onde estava indo, mas sabia o que precisava fazer. Depois de caminhar pelas ruas silenciosas de Nova York por um tempo, ela finalmente chegou ao destino: a delegacia.

Quando entrou, sentiu o peso da escolha que estava prestes a fazer. Eloise havia atingido seu limite, e agora era hora de lutar por si mesma. Ela se dirigiu ao balcão de atendimento, seus olhos ainda inchados pelas lágrimas, mas seu espírito mais forte do que nunca.

"Eu quero denunciar meu marido." Ela disse, sua voz firme apesar da dor. "Ele me agrediu."

A atendente olhou para ela com preocupação e começou a registrar o caso.

"Preciso do seu nome completo, senhora." A atendente disse tentando, de alguma forma, passar tranquilidade para Eloise.

"Eloise Violet Bridgerton Sharpe." Disse por fim.

Pela primeira vez, Eloise sentiu que estava recuperando o controle de sua vida. Estava cansada de viver sob o jugo de Theo, cansada de ter medo. Agora, ela tomaria as rédeas do seu próprio destino, começando ali, naquele momento.

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