O ar entre nós se tornou mais denso, carregado de uma tensão que nem mesmo o cheiro doce do incenso do templo conseguia disfarçar. Desde aquele dia, desde o beijo com Mitsuya bem na frente de Rindou, o mundo entre nós se tornou mais sombrio, mais gélido.
Aquele sorriso que ele costumava jogar para mim, cheio de ironia e um toque de sarcasmo, agora havia se transformado em um olhar frio, que me congelava por dentro. Era como se tivesse visto algo que o deixasse raivoso, e eu não conseguia entender o que era.
Ele buscava me irritar a cada oportunidade. Fechava a porta na minha cara quando eu tentava entrar em algum lugar, esbarrava em mim nos corredores, fazendo parecer um acidente, mas a intenção era clara. As palavras dele eram como farpas, afiadas e cruéis, procurando me atingir em meus pontos fracos.
Eu me encontrava constantemente andando na ponta dos pés, me sentindo observada, como se estivesse em uma batalha, mas sem saber a causa real do ataque. O medo se esgueirava na minha mente, uma serpente venenosa sibilando: "Ele está com ciúmes, mas não vai admitir."
Era frustrante, doloroso, e eu não sabia como me defender. Ele agia como se eu tivesse feito algo terrível, me deixando confusa e cheia de raiva.
Mas, por outro lado, eu não conseguia deixar de sentir uma ponta de culpa. Aquele beijo com Mitsuya, apesar de ter sido algo casual, havia sido um erro. Rindou tinha me olhado de uma forma diferente depois, uma mistura de raiva e desespero que me dava calafrios.
Ele não era meu namorado, nem ninguém especial na minha vida, mas ainda assim, a maneira como ele agia me deixava confusa, me machucava. Eu sentia algo por ele, algo que eu não conseguia explicar, uma mistura de admiração, medo e talvez até um pouco de afeto.
Mesmo com essa tensão, eu não conseguia simplesmente ignorá-lo. Ele era parte do meu mundo mesmo que eu não quisesse admitir. Eu tentava me aproximar, tentar entender o que estava acontecendo, mas ele me afastava com um olhar gélido.
As vezes eu me perguntava se ele realmente sentia algo por mim, ou se era apenas possessividade, uma forma de controlar algo que ele achava que era seu. A verdade era que eu não conseguia saber.
E assim, o ar entre nós se tornava cada vez mais carregado, um silêncio pesado que só aumentava a distância entre nós. Eu queria que ele falasse, que me dissesse o que estava acontecendo, mas ele parecia se recusar a quebrar esse muro invisível que havia construído.
E eu ficava ali, presa em um jogo que eu não entendia, me sentindo perdida, confusa, e acima de tudo, sozinha.
Hoje era a aula de educação física, e geralmente em aulas assim as garotas podiam se trocar na sala de aula. Eu estava para entrar quando Rindou passou por fim, esbarrando em meu corpo me fazendo cambalear pro lado, e então entrou na sala fechando a porta em um baque surdo.
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HAITANI - Rindou haitani
Fanfiction"Eu sou o caos encarnado. E você, meu doce anjo, é a única coisa que me mantém são."