capítulo 12

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O ar da sala de aula, normalmente denso de expectativa e murmúrios, se tornou rarefeito para Antonella

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O ar da sala de aula, normalmente denso de expectativa e murmúrios, se tornou rarefeito para Antonella. O cheiro de café do café da manhã ainda pairava no ar, mas agora estava impregnado com uma sensação de vazio e decepção. Rindou, o Haitani mais novo, havia desaparecido de sua vida como um fantasma.

Após o aviso severo de Ran, o irmão mais velho, Rindou cessou completamente qualquer contato com a brasileira. Olhares intensos foram substituídos por uma indiferença glacial, como se Antonella nunca tivesse existido. As provocações e brincadeiras ácidas que antes a deixavam em brasa se apagaram, deixando apenas cinzas frias de um sentimento que ela julgava ser amor. Ou talvez, ela se enganou, ele nunca a havia amado de verdade.

Antonella tentava negar, mas a verdade era dilacerante. Ela se sentia uma idiota, subjugada pelos encantos superficiais de Rindou e cega pelo fascínio que ele exercia sobre ela. A raiva, como um fogo que se alimentava da frustração, a consumia por dentro.

A cada dia, a lembrança de Rindou, que antes lhe trazia um sorriso de satisfação, se tornava um lembrete amargo de sua própria ingenuidade. No entanto, Antonella se recusava a deixar que a dor a consumisse. Seguia a vida normalmente, se dedicando aos estudos na faculdade de Tóquio.

As aulas, antes um fardo que ela aceitava com resignação, agora pareciam mais leves, como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros. Ela se esforçava para se concentrar, buscando nos livros e nas aulas um refúgio para seus pensamentos atormentados.

Mas a fuga não durava para sempre. Como uma sombra, a figura imponente de Rindou pairava em sua mente. Por vezes, a encontrava nos corredores da faculdade, sempre em companhia de outras mulheres. O olhar frio se dirigia a ela por um segundo, mas logo se desviava, sem qualquer vestígio de reconhecimento.

Mesmo sendo ignorada, Antonella não conseguia ignorá-lo. Os beijos quentes que ele trocava com as outras garotas, a indiferença com que as suas roupas se misturavam, tudo a irritava, a feria. Era como se ele estivesse mostrando com orgulho o que a havia afastado, o que ela jamais teria.

Antonella se forçava a ficar impassível, mantendo uma máscara de indiferença. A raiva a consumia, mas ela a usava como combustível para seguir em frente. O ódio, como um escudo, a protegia da dor de se sentir rejeitada. 

No fundo, ela sabia que o jogo estava perdido. Rindou, o Haitani, havia retirado o seu brinquedo da caixa. Mas Antonella, a brasileira que nunca desistia, ainda guardava o seu orgulho e um pouco do seu coração enterrado em uma gaveta. Ela jurou a si mesma que, um dia, superaria tudo isso. E quando finalmente o fizesse, Rindou seria apenas uma mancha tênue no seu passado, um lembrete de um tempo em que a dor era mais forte que a esperança.

O tempo se esticou como chiclete, cada dia se tornando um espelho do anterior, refletindo a mesma dor e a mesma distância. As semanas se passaram, e a frieza que se instalou entre Antonella e Rindou se tornou um novo normal na universidade. Todos se acostumaram a vê-los como duas estrelas distantes, orbitando em seus próprios sistemas, sem qualquer chance de se intersectarem.

Mas Ran, o irmão mais velho, percebeu a distância como uma mera oposição. Ele, o líder implacável, não aceitava a derrota. A paixão incendiária de Rindou por Antonella, sempre latente, agora era um desafio direto à sua autoridade. E Ran, acostumado a vencer, não permitiria que a chama se apagasse.

Com a mesma frieza de um lobo observando sua presa, Ran começou a flertar com Antonella. Seus olhares, antes direcionados ao Rindou, agora pousavam sobre Ran , carregados de um desejo calculista. O sarcasmo cortante se transformou em gracejos, propositais e repletos de duplo sentido, como um jogo de xadrez estratégico, onde cada movimento era calculado para gerar um efeito.

A princípio, Antonella encarou as investidas de Ran com a mesma frieza que o irmão. Ela não escondia seu desgosto, a repulsa que sentia por ele, mas a atitude dele a intrigava. Era como se ele estivesse tentando tirar satisfações pelo comportamento de Rindou, como se ela fosse uma extensão do irmão mais novo.

A mente de Antonella, sempre perspicaz, percebeu o jogo. Ran não estava genuinamente interessado nela. Queria apenas se vingar do irmão, e ela era o palco perfeito para esse espetáculo de poder. A situação a deixava furiosa, mas ao mesmo tempo, alimentava um incômodo crescente.

A cada flertar, a cada toque calculado, Antonella sentia a fúria e a humilhação pulsarem em seu sangue. Era como se Ran estivesse usando-a como um objeto, uma arma para ferir Rindou. Era uma guerra, uma batalha travada em campo aberto, e ela era a única refém.

Antonella se sentia aprisionada. A indiferença de Rindou e a agressão de Ran a reduziam a um peão nesse jogo cruel. Mas ela não se deixaria usar. Ela se fortificava, se tornava ainda mais impenetrável, pronta para enfrentar o próximo movimento dessa partida de xadrez.

A luta entre os dois irmãos por sua atenção era um jogo de poder, um jogo perigoso onde Antonella, apesar de não ter permissão para escolher, era a carta de um jogo que não queria ter. Mas ela não se renderia, ela lutaria por sua própria liberdade, mesmo que isso significasse se tornar uma rainha nesse tabuleiro cruel e desafiador.

HAITANI - Rindou haitaniOnde histórias criam vida. Descubra agora