capítulo 18

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O ar da noite, impregnado pelo perfume da brisa marítima e da promessa de um novo dia, era denso de uma quietude quase palpável

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O ar da noite, impregnado pelo perfume da brisa marítima e da promessa de um novo dia, era denso de uma quietude quase palpável. Antonella, ainda tomada pela sensação reconfortante de calor e pela lembrança do toque de Rindou, se encolhia na cama. O silêncio, porém, era um prelúdio para a tempestade. Rindou, apesar do desejo que ardia em seu peito, se mantinha distante, respeitando a necessidade de Antonella de um espaço próprio. Sua presença se traduzia em olhares furtivos, expressões melancólicas que se transformavam repentinamente em sorrisos tímidos quando seus olhos encontravam os dela. A distância - um acordo tácito que carregava a fragilidade de um castelo de areia - se tornava um tormento para ambos.

De repente, o som estridente do toque do celular cortou o silêncio, trazendo consigo uma inquietação gélida. O nome “Hakkai Shiba” piscava na tela, e Antonella sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Era a última pessoa que ela queria ver naquele momento. Ela havia deixado claro que não queria ter nada a ver com os Shiba, principalmente depois do ataque de Ran. Entretanto, a necessidade de saber o que o irmão de Takemichi queria saber era mais forte que seus receios.

Com um nó na garganta, Antonella atendeu a chamada. A voz de Hakkai, embora cortês, carregava um tom ameaçador. “Antonella, precisamos conversar. Não tem como escapar disso.” O medo se instalou no estômago dela como uma pontada aguda. Ela tentou argumentar, justificar, mas Hakkai não a deixou. Ele a encontrou em um café isolado, seu olhar frio e penetrante a encarando como uma ameaça constante.

— Você sabe quem eu sou. Sabe o que acontece com quem se coloca no caminho dos Shiba. Eu sei sobre você e Rindou. E você, Antonella, precisa entender que a escolha de ficar com ele é uma escolha que você pode se arrepender amargamente.

Antonella sentiu a voz engasgar na garganta. O que Hakkai queria? A ameaça era clara, mas o motivo estava oculto nas sombras de um jogo de poder, de uma rivalidade que a colocava no meio de uma guerra que não escolheu disputar. O olhar de Rindou, agora distante e cheio de preocupação, a perseguia, a lembrando de que as consequências de suas ações poderiam afetar não só a si mesma, mas a ele também.

Em meio ao medo e à incerteza, Antonella se viu presa num jogo perigoso. A decisão de permanecer com Rindou se transformava num dilema torturante, carregado de um peso que ela nunca imaginou suportar.  A ameaça de Hakkai, como uma espada de Dâmocles pairando sobre sua cabeça, a obrigava a se mover com cautela, em um jogo onde cada passo podia ser o último.

(...)

A notícia explodiu como uma bomba na pacata atmosfera da universidade. Antonella, com um sorriso forçado e um tremor nas mãos, fez o anúncio que ninguém esperava. A declaração, feita durante um intervalo das aulas, foi direcionada a Hinata, que a observava com um misto de surpresa, incredulidade e preocupação. — Hinata, eu estou namorando o Mitsuya.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. A frase ecoou pela sala, carregada de um peso que ninguém conseguia carregar, nem mesmo Antonella. Ela havia se tornado refém de um jogo estratégico, jogando sua própria felicidade em uma batalha que não era sua e que a consumia por completo.

A reação de Hinata foi imediata e sincera. — Antonella, você está bem? O Hakkai te fez fazer isso? — A voz de Hinata carregava a angústia de uma amiga que via a outra em apuros.

Antonella tentou disfarçar o medo que a consumia. Ela fingiu um sorriso mais convicto, mas o tremor em seu rosto era perceptível. — Não, Hinata. É uma decisão minha. O Mitsuya é... é um bom homem, ele é ideal para um namoro "saudável".

A notícia, como um vírus, corria pelos corredores da universidade. Os olhares curiosos, as conversas em tom baixo, carregavam uma dose de espanto e de compaixão. Antonella se sentia como um objeto de curiosidade numa vitrine, exposta à dissecação cruel de todos.

O olhar de Rindou, que estava presente na sala no momento do anúncio, perfurou Antonella como um raio. A dor em seus olhos era palpável, a mistura de raiva, decepção e tristeza o transformava numa figura trágica. Ele tentou se aproximar, mas a força invisível que os separava parecia mais forte que qualquer vínculo.

Antonella, agarrada a um plano que a sufocava, se sentia aprisionada em um labirinto sem saída. A ameaça de Hakkai pairava sobre sua cabeça, como uma espada de Dâmocles pronta para desabar. A escolha de se proteger com o escudo de Mitsuya era desoladora, mas parecia ser a única saída.

Enquanto tentava sorrir para as perguntas e os cumprimentos superficiais de colegas e amigos, a culpa e a tristeza a consumiam por dentro. A alegria de um relacionamento verdadeiro havia sido substituída por uma máscara de fingimento, que se tornava cada vez mais difícil de sustentar. Ela havia se tornado um fantoche no jogo de Hakkai, e a cada passo que dava, a esperança de um futuro com Rindou se esvaiava como areia fina entre os dedos.


HAITANI - Rindou haitaniOnde histórias criam vida. Descubra agora