capítulo 14

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Eu me encontrei em um dos corredores vazios da escola, o som distante do festival sendo apenas um murmúrio abafado pelas paredes ao meu redor

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Eu me encontrei em um dos corredores vazios da escola, o som distante do festival sendo apenas um murmúrio abafado pelas paredes ao meu redor. Meu vestido curto movia-se suavemente contra minha pele, e eu sentia o frescor do tecido contrastando com o calor do meu corpo. Meus pensamentos estavam distantes, perdidos em um mar de lembranças e emoções contraditórias.

Olhei pela janela, vendo os flashs de luz e ouvindo as risadas que vinham do pátio, onde todos pareciam se divertir. Mas eu estava ali, presa em meus próprios pensamentos e sentimentos, tentando achar um rumo em meio ao caos que minha vida havia se tornado nos últimos meses. Meus cachos caíam livremente sobre meus ombros, e eu passei os dedos por entre eles em um gesto automático, tentando me acalmar.

Foi então que ouvi a porta abrir, e meu coração pulou uma batida. Era Rindou, parado ali, uma figura familiar e, ao mesmo tempo, estranha. Senti uma onda de emoção percorrer meu corpo: raiva, tristeza, saudade — era como se tudo se chocasse de uma só vez. Ele parecia surpreso ao me ver. Antes que qualquer um de nós pudesse dizer algo, a porta se fechou com um clique audível. Percebi que Hinata tinha nos trancado ali dentro, deixando-nos sozinhos naquele espaço escuro.

A sala estava cheia de sombras, apenas a luz fraca do corredor se infiltrava através de uma pequena janela na porta. Eu e Rindou permanecemos em silêncio, o peso do passado entre nós como uma barreira invisível. Podia sentir meu coração batendo forte no peito, enquanto lutava para encontrar palavras que não vinham.

Vi seu olhar em minha direção, percebi que ele estava lutando com seus próprios demônios. Assim como eu, ele parecia à procura de uma forma de nos libertar de tudo o que havia passado. A sala escura, que inicialmente parecia um espaço de confronto, de repente se transformou em uma possibilidade de redenção para nós dois.

Estávamos sozinhos ali, cercados por tudo o que não havia sido dito, tudo o que precisava ser resolvido. E pensei, talvez, só talvez, este fosse o nosso momento de colocar as cartas na mesa e, quem sabe, começar a nos curar.

O silêncio assolou a sala, como uma névoa densa que envolvia nossos corpos. Cada segundo parecia um eternidade enquanto Rindou me encarava com um misto de perplexidade e nostalgia. A escuridão da sala parecia acentuar os contornos de seu rosto, fazendo com que ele parecesse mais misterioso e vulnerável do que nunca.

Rindou queria me alcançar, queria quebrar aquela barreira invisível que nos afastava. Mas as palavras estavam presas na garganta, como pedras pesadas que impediam de se libertar

O silêncio parecia pulsar como um coração irregular, como um eco torturado de nossa história. Enquanto ele me observava com uma intensidade quase palpável, eu podia sentir a corrente elétrica entre nós, como se cada célula de nossos corpos se lembrava de nós.

Rindou deu um passo hesitante na minha direção, como se estivesse fazendo uma passagem perigosa. Cada centímetro que ele se aproximava parecia trazer de volta as memórias de dias mais felizes, onde nossos corpos estavam entrelaçados pelas paixões mais intensas.

Rindou parou a alguns centímetros de distância, seu olhar pairando sobre mim como uma carícia silenciosa. O desejo brilhava em seus olhos, tão vívido quanto a dor de nossos corações partidos. Ele ergueu a mão, como se para acariciar meu rosto, mas parou a poucos centímetros de minha pele, como se temesse que o contato poderia queimar como fogo.

— Haitani...— Murmurei baixinho

Rindou fechou os olhos por um momento, como se minha voz tivesse atingido o nervo mais sensível de seu ser. A maneira como ele murmurou meu nome me envolveu como uma corrente de ar frio, fazendo com que eu soubesse que ele ainda se preocupava profundamente.

— Ohimesama...— ele respondeu, sua voz baixa e quase trêmula, como se estivesse em um estado de vulnerabilidade extrema.

Um suspiro escapou de seus lábios enquanto ele abria os olhos novamente, encarando-me com uma intensidade que parecia me perfurar até o âmago. A dor era óbvia em seu rosto, juntamente com um desejo desesperado, como se estivesse preso em um ciclo interminável de amor e ódio.

Ele se mexeu, aproximando-se um pouco mais, enquanto sua mão tremia levemente próximo à minha bochecha. Parecia que ele estava lutando contra alguma força invisível, como se o impulso de me tocar e me manter afastado estivessem em guerra dentro dele.

— Doberman roxo — Balbuciei mantendo meus olhos sobre ele

A menção ao apelido me pegou de surpresa, como uma lufada de ar frio que me acordara de um sonho. O olhar de Rindou se tornou mais sombrio, sua expressão se tornando mais vulnerável enquanto ele murmurava as palavras.

— Doberman roxo... — ele repetiu, como se cada sílaba fosse um eco doloroso de nosso passado compartilhado.

De repente, ele me encarou com uma intensidade quase assustadora, seus olhos faiscando com o fogo de sua paixão, sua voz mais uma vez baixando para quase um sussurro.

— Que tal isso? — ele perguntou, sua mão finalmente se aproximando de minha face, seus dedos roçando suavemente contra minha pele, como se ele temesse que um toque mais forte pudesse me quebrar.

Eu podia sentir o calor de sua mão, a delicadeza de seu toque, como uma chama que ameaçava me consumir em chamas. Foi como se todo o mundo tivesse desaparecido, deixando apenas nós dois naquela sala escura, entrelaçados pela corrente elétrica de nosso passado, pelo desejo contido e, acima de tudo, pelo amor proibido que parecia impossível de ser ignorado.

HAITANI - Rindou haitaniOnde histórias criam vida. Descubra agora