28. Transforma (dor)

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POV Narrador

Quando Ana chegou à sala do Dr. Barcelos, seu coração já estava pesado.

O caminho até ali havia sido rápido, mas sua mente parecia lenta, processando tudo o que havia acontecido nos últimos dias.

Ela mal dormia, a tensão com Robert, o atentado, a pressão no trabalho...

Tudo estava se acumulando de uma forma que ela não conseguia mais ignorar.

— Ana, como você está? — perguntou o Dr. Barcelos, enquanto gesticulava para que ela se sentasse na cadeira em frente à sua mesa.

Ana respirou fundo, tentando manter a calma.

— Sinto-me exausta, doutor. Muito cansada e... enjoada o tempo todo. Não consigo nem chegar perto de café sem sentir vontade de vomitar — respondeu, esfregando as têmporas, como se estivesse tentando aliviar uma dor de cabeça.

O médico  a observou com cuidado, anotando suas palavras no prontuário.

— Esse cansaço e enjoo, eles acontecem em algum horário específico?

Ana franziu o cenho, tentando se lembrar.

Mas, na verdade, era algo constante, em qualquer hora do dia.

— Não... a qualquer hora. De manhã, à tarde, até à noite. Parece que não tem padrão. Só... está sempre lá.

O médico olhou para ela por cima dos óculos, seus olhos com uma expressão de análise profunda.

Ele então fez a pergunta que congelou Ana no lugar:

— E quando foi a última vez que você menstruou?

O ar pareceu sair da sala de repente.

Ana sentiu seu corpo paralisar por um momento, e sua mente ficou em branco.

Tentou se lembrar, mas o último mês havia sido tão caótico que ela não tinha nem percebido.

Ela mexeu a boca, mas as palavras não saíram de imediato.

— Eu... eu não sei. — Sua voz saiu mais baixa do que ela esperava. — Acho que... talvez tenha sido há um mês, ou mais...

Dr. Barcelos se inclinou um pouco à frente, com o semblante mais sério agora.

— Ana, com base nos sintomas que você descreveu e o fato de não lembrar a última vez que menstruou, precisamos considerar a possibilidade de gravidez. Vamos fazer um exame de sangue para confirmar, mas os sinais são bastante sugestivos.

Ana sentiu um frio no estômago, muito mais forte que o enjoo que vinha sentindo nos últimos dias.

Grávida.

A palavra ecoava em sua cabeça, se repetindo como um sino distante, mas insistente.

Ela estava grávida.

Ela ia ter um filho.

Um filho de Robert.

Sua mente disparou em mil direções.

Robert, um mafioso, o homem que ela não deveria nem ao menos ter se envolvido, agora seria o pai de seu filho.

Como ela, uma delegada, alguém que sempre viveu do lado da lei, poderia justificar isso?

Como lidaria com um filho cujo pai estava envolvido no submundo do crime?

Ana mal ouviu o Dr. Barcelos pedir o exame de sangue.

Ela apenas assentiu automaticamente, o corpo funcionando no piloto automático enquanto sua mente estava a mil.

Grávida.

ROBERT PATTINSON | A VINGANÇA DE ANAOnde histórias criam vida. Descubra agora