21. Delegada

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POV Ana Carla

Eu entrei na sala de interrogatório, tentando manter meu rosto inexpressivo.

A sala estava iluminada com a frieza de lâmpadas fluorescentes, e o cheiro de metal e suor se misturava ao ar.

Robert estava ali, com as mãos algemadas, presas à mesa, e me encarava com aquele sorriso debochado que eu conhecia bem demais.

O tipo de sorriso que ele dava quando sabia que estava no controle, ou ao menos, fingia estar.

Meu coração estava acelerado, mas eu não podia permitir que ele percebesse isso.

Não agora.

Sem desviar o olhar dele, eu disse:

— Lara, desliga a câmera e o surround.

— Tem certeza, delegada? — veio a voz de Lara pelo alto-falante.

— Agora.

O silêncio que se seguiu foi quase ensurdecedor, e eu senti o olhar de Robert perfurando minha pele.

Quando a gravação foi interrompida, ele deu aquele sorriso típico, arrogante e cheio de uma confiança que me irritava profundamente.

— Estou realmente surpreso — ele disse, a voz baixa e arrastada. — Como você conseguiu me enganar assim, Ana?

Meu nome na boca dele soava como uma arma.

Cada sílaba carregava uma intimidade maldita, o que me fez odiar o fato de que, mesmo agora, meu corpo ainda reagia à sua presença.

— Eu não te enganei. Eu enganei o Bobby — respondi, fria. — Ele foi quem caiu na história da artista plástica. Ele te deu a confiança para se aproximar de mim.

Deslizei a foto de Alice pela mesa, meu estômago revirando ao ver seu rosto mais uma vez.

A ferida da sua morte nunca cicatrizaria.

— Você sabe que eu tenho provas de tudo o que você faz — continuei. — Sei o nome de todos os seus laranjas. O governador está mais ferrado do que você. Mas o que eu quero saber é: quem matou ela?

Robert olhou para a foto por um breve segundo, sem qualquer expressão de reconhecimento, e voltou a me encarar.

— Não faço ideia.

— Mentira — murmurei, os dentes trincados.

Ele balançou a cabeça lentamente, como se estivesse cansado do jogo.

— Mentira? Estou dizendo que não sei.- disse.- Eu lembro de todos que mandei matar e essa mulher não foi um deles.

Nós nos encaramos, o silêncio entre nós tão pesado quanto as correntes que ele usava.

E, por mais que eu tentasse me manter firme, fingindo que tudo estava sob controle, eu sabia que ele podia ver além disso.

Ele sempre viu.

Eu odiava isso nele.

— Eu não queria estar dentro da sua cabeça... delegada — ele disse, com um sorriso torto nos lábios.

— Do que você está falando? — perguntei, tentando manter a voz firme.

— Sua cabeça pensa uma coisa, mas seu coração sente outra... como eu.

Meu sangue gelou.

A forma como ele dizia isso, com tanta certeza, como se pudesse ver dentro de mim, era insuportável.

Porque, no fundo, ele não estava completamente errado.

E isso me aterrorizava.

Antes que eu pudesse responder, algo mudou no rosto de Robert.

ROBERT PATTINSON | A VINGANÇA DE ANAOnde histórias criam vida. Descubra agora